Domingos Amaral
De repente, tenho a sensação que anda a decorrer um concurso de Palavrões na política portuguesa. Quem irá ganhar o prémio do Palavrão Político mais grave e insultuoso? Ele é palavrão à direita, palavrão à esquerda, ferve palavrão na política portuguesa, que mais parece nestes dias a bancada (antigo peão) de um estádio de futebol. Os palavrões são de vários tipos, dos mais sofisticados aos mais boçais. Por exemplo, Cavaco Silva chamou "masoquistas" aos que consideram que a dívida portuguesa é insustentável. Já Mário Soares, não querendo ficar atrás, chamou "delinquentes" aos membros do Governo. Mas, eis que Jerónimo de Sousa vê um par de microfones à sua frente, e logo urra, com veemênica: "trapaceiros e malabaristas!" E logo Marques Mendes, mais soft, chamou os ministros do Governo de "adolescentes imaturos". Enfim, parece que agora está na moda dizer assim uns palavrões fortes, para conseguir ser citado nos jornais e que as televisões falem de nós. Os actuais líderes e os antigos fundadores da Nação democrática andam a ver quem ganha o campeonato do palavrão, e a coisa, naturalmente, promete não ficar por aqui. Hoje, já ninguém se incomoda quando se ouvem insultos como "mentiroso", ou "corrupto". Hoje, há que ir mais longe, e ser mais sofisticado, seja na psiquiatria pop (sádicos, masoquistas, obsessivos) ou no calão criminal (trapaceiros e delinquentes!) Está bonita a festa pá! |
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