terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Excerto da versão actualizada dos Lusíadas

Admirem o engenho e arte de quem usa a Língua de Camões!!! 
   

 As sarnas de barões todos inchados 
 Eleitos pela plebe lusitana 
 Que agora se encontram instalados 
 Fazendo o que lhes dá na real gana 
 Nos seus poleiros bem engalanados, 
 Mais do que permite a decência humana, 
 Olvidam-se do quanto proclamaram 
 Em campanhas com que nos enganaram! 
  
II 
  
 E também as jogadas habilidosas 
 Daqueles tais que foram dilatando 
 Contas bancárias ignominiosas, 
 Do Minho ao Algarve tudo devastando, 
 Guardam para si as coisas valiosas 
 Desprezam quem de fome vai chorando! 
 Gritando levarei, se tiver arte, 
 Esta falta de vergonha a toda a parte! 
  
III 
  
 Falem da crise grega todo o ano! 
 E das aflições que à Europa deram; 
 Calem-se aqueles que por engano 
 Votaram no refugo que elegeram! 
 Que a mim mete-me nojo o peito ufano 
 De crápulas que só enriqueceram 
 Com a prática de trafulhice tanta 
 Que andarem à solta só me espanta. 
  
IV 
  
 E vós, ninfas do Coura onde eu nado 
 Por quem sempre senti carinho ardente 
 Não me deixeis agora abandonado 
 E concedei engenho à minha mente, 
 De modo a que possa, convosco ao lado, 
 Desmascarar de forma eloquente 
 Aqueles que já têm no seu gene 
 A besta horrível do poder perene! 
  
  
  Luiz Vaz Sem Tostões 

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