sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Alerta Total

Mediação de Meirelles nos bastidores do poder garante igual doação de R$ 5 milhões da JBS para PT e PSDB

Posted: 07 Aug 2014 05:59 AM PDT


Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net

A ação direta de uma eminência explícita na política e na economia brasileira, que vem atuando com desenvoltura desde a Era FHC, e que cultiva o sonho de um dia sentar no trono do Palácio do Planalto, explica por que a JBS Friboi é a maior doadora oficial, até agora, em iguais R$ 5 milhões, da campanha reeleitoral de Dilma Rousseff e do adversário Aécio Neves. Já está definido, previamente, que, qualquer que seja o próximo governo, Henrique de Campos Meirelles, ex-presidente do Banco Central do Brasil, continuará dando as cartas nos bastidores dos maiores negócios.

Pouca gente sabe, mas o Boston Consulting Group, do qual Meirelles foi presidente mundial e no qual ainda teria muita influência, é uma das empresas de consultoria que desenha, nos bastidores, os destinos da Petrobras – hoje alvo de escândalos supostamente apurados por uma também suposta e suspeita CPMI no Congresso Nacional. Na hipótese de uma vitória tucana, Meirelles é nome cotado para retornar ao Banco Central. Só se Dilma for reeleita – o que já é tido como muito improvável – Meirelles continua apenas na função de sempre: o nem tão oculto, porém discreto, condutor dos maiores negócios financeiros no Brasil.

Dilma não topa Meirelles. Ele não aceitou continuar no BC do B na gestão dela por incompatibilidade de gênios. Mesmo assim, Meirelles quase foi vice de Dilma. Só teve de sair do páreo pela força interna de Michel Temer no PMDB. Aécio Neves o queria para vice, mas azedaram as negociações com Gilberto Kassab, comandante do partido ao qual Meirelles está filiado. O nome de Meirelles é o único com total aval externo, antecipado, para garantir que o poder paralelo no Brasil não escape do controle permanente da Oligarquia Financeira Transnacional.

O dedo de Meirelles ajudou a holding J&S (que controla a JBS Friboi) a se transformar em uma das mais poderosas empresas transnacionais do Brasil. Recentemente, o grupo fechou com o BNDES um empréstimo-financiamento de R$ 30 bilhões. A grana, apanhada a juros de 4%, pode se multiplicar facilmente. Ainda mais se for parar no Banco Original, braço financeiro do grupo, e for emprestado a juros de 11%... A verba também vai se multiplicar com as exportações de carne para a China. O carnívoro consumidor brasileiro que se prepare para pagar caro pelo produto, quando começar a ficar escasso no mercado interno.

Doações absurdas

Os números da contabilidade eleitoral parcial, divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral, só confirmam o absurdo do sistema de doações de campanha no Brasil.

A JBS entra com praticamente a metade do total arrecadado até agora pelas campanhas petista (R$ 10,1 milhões) e tucana (R$ 11 milhões).

A segunda maior doadora é uma gigantesca pagadora de impostos: a CRBS, empresa do grupo Ambev, fabricante de bebidas, que doou R$ 4 milhões para Dilma e apenas R$ 1,2 milhão para Aécio (que levou mais R$ 2 milhões da empreiteira OAS).

Virando Suco?

O candidato do PSB à Presidência Eduardo Campos arrecadou R$ 8,2 milhões no primeiro mês de campanha.

Sua maior doadora até agora foi a Arosuco Aromas e Sucos, uma das empresas da Ambev, que deu R$ 1,5 milhão.

Campos também recebeu R$ 1,9 milhão das construtoras, R$ 1 milhão do grupo Safra e mais R$ 2 milhões da Coopersucar e da Cosan Lubrificantes.

Mal doados

O quarto colocado nas pesquisas eleitorais, o Pastor Everaldo (PSC), declarou não ter arrecadado nada até agora – "mesma quantia" do candidato do PCO, Rui Costa Pimenta.

Entre os nanicos das pesquisas, Eduardo Jorge, do PV, lidera a arrecadação com R$ 1,7 milhão.

Os demais candidatos ficam com a merreca: Luciana Genro (PSOL), com R$ 96,6 mil; Zé Maria (PSTU), com R$ 38,3 mil; Levy Fidelix (PRTB), com R$ 34,3 mil; Mauro Iasi (PCB), com R$ 16,6 mil; e Eymael (PSDC), com R$ 15,6 mil.
Para que tanto dinheiro?

Champanha eleitoreira


Só um sistema político equivocado, com alto risco de compra de voto via fraude eleitoral eletronicamente possível, justifica tanto dinheiro para jogar fora em campanhas eleitorais, a cada dois anos.

Instituir "financiamento público de campanha", como deseja o PT, que aparelha a máquina estatal, não é a solução mais correta.

Melhor seria implantar um sistema de voto distrital ou distrital misto, diminuindo o número de parlamentares a serem eleitor, baixando o custo operacional corrente da máquina política e limitando as doações de empresas e pessoas físicas a valores baixos, quase simbólicos, já que a campanha – feita na base da mínima honestidade necessária – custaria muito mais barata.

Mantido o atual regime de grana e interesses econômicos para movimentar a governança do crime organizado, o Brasil continuará sendo o País dos Cs: caro, cartelizado, cartorial, corrupto e, enfim, Capimunista.

Desespero infantil


Governo paralelo?

Da Presidenta Dilma Rousseff, meio que admitindo e reclamando que alguém, no Palácio do Planalto, possa ter treinado o pessoal da Petrobras para as inquisições amestradas da CPMI:

"No Planalto, não há expert em petróleo e gás. Expert nisso é a Petrobras. Não é o Palácio do Planalto nem nenhuma sede de nenhum partido. Quem sabe sobre pergunta de petróleo e gás é a Petrobras e todas as empresas de petróleo e gás. Há uma simetria de informações entre nós mortais e o setor de petróleo, que é altamente oligopolizado e extremamente complexo tecnicamente. Acho estarrecedor que seja necessário alguém de fora da empresa elaborar perguntas para a Petrobras".

Quem ouviu ontem esse desabafo da Presidenta Dilma Rousseff ficou com a certeza de que ela, em tese, comanda um governo, e, na prática, alguém contra ele comanda um esquema de poder paralelo.

A Inocente Vingança do Corno

O corno estava triste num bar, olhando fixamente para  o seu copo de bebida, quando surge um valentão e chuta a cadeira à sua frente, pega o copo do corno, bebe tudo de uma golada só e proclama bem alto:
 
- E aí, cara, vai reagir?
 
- Reagir? Eu vou é embora... Não devia nem ter saído de casa!  Imagine, seu moço, que hoje cedo eu briguei com minha mulher, saí de casa com raiva, bati o meu carro, cheguei atrasado no serviço e fui demitido! Voltei pra casa mais cedo e peguei minha mulher com o vizinho. Aí, eu sento num bar, coloco veneno na minha bebida, e ainda vem um babaca que nem você e toma tudo! É fogo! Nem pra me matar eu presto!...

Olho nele


Segurança Pública

A Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo, promove na tarde-noite desta quinta e sexta-feira seu I Congresso de Segurança Pública.

O evento será aberto às 13 hora pelo Grão-Mestre Ronaldo Fernandes, na sede da GLESP, na Liberdade.

Aguarda-se lá a presença do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que tem parentes maçons, mas nunca quis entrar para a ordem...

Ópera Bufa


Pede mais...


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Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus.
 
O Alerta Total tem a missão de praticar um Jornalismo Independente, analítico e provocador de novos valores humanos, pela análise política e estratégica, com conhecimento criativo, informação fidedigna e verdade objetiva. Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor. Editor-chefe do blog Alerta Total: www.alertatotal.net. Especialista em Política, Economia, Administração Pública e Assuntos Estratégicos.
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A transcrição ou copia dos textos publicados neste blog é livre. Em nome da ética democrática, solicitamos que a origem e a data original da publicação sejam identificadas. Nada custa um aviso sobre a livre publicação, para nosso simples conhecimento.

© Jorge Serrão. Edição do Blog Alerta Total de 7 de Agosto de 2014.

A Verdade

Posted: 07 Aug 2014 05:47 AM PDT


Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Carlos Maurício Mantiqueira
 
Diz um ditado alemão, atribuído a Goethe: "A verdade é concreta".
 
Não há meias verdades.
 
O que chamamos de minha verdade ou verdade de outro são apenas pontos de vista.
 
Uma poetisa escreveu estes lindos versos que tento traduzir:
 
"Neste mundo enganoso não há verdade nem mentira; tudo está sujeito ao prisma por que se mira"..
 
O fato de só vermos Sombras não impede que conjecturemos sobre o desconhecido.
 
Hoje, tem muita gente que só enxerga o rabo do monstro, e não o bicho por inteiro.
 
Temos sim, que respeitar o outro.
 
A Ética precede o Direito e este se resume na fórmula singela:
 
Viver honestamente;
Não lesar a outro;
Dar a cada um o que é seu.
 
Mais corrupta é uma república quanto maior o número de leis.
 
Toda república corrupta termina em principado.
 
Essa praga-previsão do Fiorentino tem prevalecido ao longo da História.
 
A vida do filósofo é a mais bela porque ele ama a verdade.
 
O resto é acreditar que Maquiavel foi autor de contos de fadas.
 
 
Carlos Maurício Mantiqueira é um livre pensador.

O negativo positivo da Dilma

Posted: 07 Aug 2014 05:46 AM PDT


Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Humberto de Luna Freire Filho
 
A dona Dilma continua em sua campanha pela reeleição regurgitando fatos negativos - mas que, para ela, são positivos para o país.
 
George Orwell, em seu romance Nineteen Eighty-Four, inventou o conceito de duplipensar como sendo "o poder de manter duas crenças contraditórias na mente ao mesmo tempo - dissonância cognitiva - conflito entre duas ideias, crenças ou opiniões incompatíveis.
 
Portanto o perigo ronda o país porque, em defesa do ego, o humano é capaz de contrariar o nível básico da lógica, negar evidências, criar falsas memórias, distorcer percepções, ignorar afirmações técnicas, científicas e até mesmo desencadear uma perda de contato com a realidade gerando um surto psicótico.
 
 
Humberto de Luna Freire Filho é Médico.

Suposições

Posted: 07 Aug 2014 05:45 AM PDT


Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Paulo Roberto Gotaç
 
Será que a esquerda que enfrentou a ditadura e foi por ela derrotada, possuía entre seus líderes mais expressivos, elementos pertencentes à chamada "elite branca", expressão criada pelo atual governo petista para designar o grupo representativo que, durante a copa, num rompante espontâneo de rejeição, vaiou a presidente Dilma?
 
Poderiam eles, os líderes, caso fossem vitoriosos naquela ocasião, situação de hoje, ser classificados com o rótulo de esquerda caviar, inexistente à época, que remete à situação na qual comunistas declarados não abrem mão das delícias do capitalismo? 
 
É muito provável que a resposta para as duas perguntas seja afirmativa, uma vez que os atuais governantes no Planalto e os beneficiados pela anistia, por serem considerado vítimas, alguns hoje aquinhoados com polpudas indenizações concedidas às custas do contribuinte brasileiro, tiveram origem na camada superior da classe média e vivem hoje um padrão de vida no qual estão presentes as delícias do capitalismo contra o qual lutaram, desfrutando de seus privilégios e confortos, bem ao estilo do cenário imaginados por George Orwell no seu "Animal Farm", quando os porcos que lideraram o levante na fazenda se confundiram, após a consolidação do poder, com os homens e passaram a usufruir dos antigos luxos  e comodidades desfrutados por estes antes da revolução.
 
Somente suposições....
 
 
Paulo Roberto Gotaç é Capitão de Mar e Guerra, reformado.

Um lado carente

Posted: 07 Aug 2014 05:42 AM PDT


Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Arthur Chagas Diniz
 
Há um lado carente dizendo que, sem o marketing político, Paulo Skaf, iniciante na atividade política e comandado por Duda Mendonça (Lula), está indeciso em relação ao posicionamento que se daria à Presidente em sua campanha para governador.
 
O candidato, obviamente, não quer perder as benesses de apadrinhamento nacional e, de outro, não desconhece as restrições que o eleitorado paulista faz à Presidente. São Paulo é, provavelmente, o único estado onde Dilma perde. A dificuldade de Dilma no estado não é nova.
 
E, mais que tudo, é herdada.
 
É uma justa vanglória essa dos paulistas em afirmar que nunca elegeram Dilma. Este o lado carente. De outro, como resistir às benesses do poder?
 
 
Arthur Chagas Diniz é Vice Presidente do Instituto Liberal.

Que venga el Toro!

Posted: 07 Aug 2014 05:41 AM PDT


Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Alexandre Schwartsman
Antes de tudo, um alerta: para quem não sabe, fui economista-chefe do Santander entre 2008 e 2011, demitido após discussão pública com o então presidente da Petrobras. Digo isso porque quero hoje tratar do imbróglio que envolveu o banco na semana passada. Quando foi publicada análise relacionando o desempenho da presidente nas pesquisas eleitorais ao comportamento da Bolsa, do dólar e de outros ativos.
A análise nada trouxe de controverso. Aqui mesmo na Folha, no dia 19, lia-se na página B3: "Bolsa chega ao maior nível em 16 meses", notando que "as ações de empresas estatais disparam na BM&FBovespa e impulsionaram o principal índice da Bolsa brasileira nesta sexta-feira (18), após pesquisa Datafolha ter apresentado empate técnico entre a presidente Dilma Rousseff (PT) e o senador Aécio Neves (PSDB)". Acrescentou ainda que, "desde que começaram a ser divulgadas pesquisas apontando perda de espaço da presidente (...), o mercado de ações nacional, que caía e acentuava queda (...), mudou de tendência".
O governo e o partido podem não concordar com a avaliação do mercado, mas, conforme descrito pelo jornal, trata-se de um fato: para bem ou para o mal, a percepção é que uma mudança de orientação de política econômica terá efeitos positivos sobre as empresas brasileiras, em particular as sujeitas a controle acionário governamental.
E é bom notar que o tal mercado pode ter as preferências ideológicas que quiser, mas, na hora de comprar ou vender uma ação, o que menos interessa é ideologia; é sempre a perspectiva de lucro que move esses agentes. Posto de outra forma, ninguém rasga dinheiro em nome de suas convicções políticas.
O texto do banco, enviado a correntistas com renda mensal superior a R$10 mil, supostamente mais propensos a operar no mercado financeiro, nada mais fez do que compartilhar esses fatos e por um motivo muito claro. Bancos têm o dever fiduciário com seus clientes: não podem omitir ou distorcer informações relevantes para a sua tomada de decisão.
Em particular, a opinião das áreas de pesquisa deve refletir exatamente esse tipo de preocupação. Analistas não estão certos o tempo todo, mas é claro que as suas conclusões não devem ser guiadas pelos interesses da instituição financeira. Não por acaso as regras buscam (nem sempre com sucesso, diga-se) isolar a pesquisa econômica das posições próprias do banco e mesmo de áreas que gerenciam as aplicações de clientes (fundos de investimento), precaução devidamente apelidada de "muralha da China".
Nesse sentido, a decisão de demitir os analistas que expuseram, mais que uma opinião, um fato representa uma violação desse procedimento. A alegação de que a análise conteria "viés político ou partidário" não se sustenta diante da própria diretriz interna que "estabelece que toda e qualquer análise econômica enviada aos clientes restrinja-se à discussão de variáveis que possam afetar a vida financeira dos correntistas". Não há, como se viu, a menor dúvida de que as perspectivas acerca da eleição presidencial são mais que relevantes para afetar a vida financeira dos clientes.
A consequência desse comportamento é óbvia (e aqui falo em termos gerais, não do banco em si).
Se a autonomia da pesquisa é ameaçada. a credibilidade da análise fica comprometida, a despeito das qualidades do analista. Quem, de agora em diante, pode confiar em relatórios se não sabemos a que tipos de filtros estes se encontram sujeitos?
O maior perdedor é o debate econômico, ainda mais numa conjuntura em que – em face de desafios nada triviais no futuro próximo – ninguém se aventura a discutir a sério o que precisa ser feito para colocar a economia brasileira de volta nos eixos. Se até o óbvio, amplamente noticiado (ainda bem!) pela imprensa, vira objeto de censura, pouco falta para que fujamos da controvérsia como quem tem um miúra nos calcanhares.
Alexandre Schwartsman é Economista. Originalmente publicado na Folha de São Paulo em 30 de julho de 2014.

Um apelo à cidadania

Posted: 07 Aug 2014 05:39 AM PDT


Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Valmir Fonseca
 
O povo brasileiro é reconhecido mundialmente por possuir uma série de qualidades e ser assolado por um elenco de defeitos.
 
Um amigo nos alertou que possuímos como indivíduos, virtudes e maus hábitos, entre os últimos, alguns que nem percebemos.
 
No momento, não pretendemos discorrer sobre as qualificações do povo nem sobre os seus vícios, ou maus costumes, exceto, apenas um, o egocentrismo arraigado.
 
O nome parece extravagante, contudo, como logo votaremos, este é um bom momento para rogar ao povo brasileiro que ao exercer a sua cidadania, por favor, esqueça por um segundo os seus interesses e pense no seu Brasil.
 
Talvez o elemento mais contundente do egocentrismo do homem nativo seja o abominável jeitinho brasileiro.
 
As suas consequências para o Brasil são tremendas e desmoralizantes, basta que vejamos as pesquisas internacionais, onde despontamos como o País de maior número de homicídios por ano, idem em acidentes de trabalho,  automobilísticos, de estupros  e outros atos desabonadores.
 
O jeitinho é um velho e carcomido hábito que em geral sublinha a falta de cidadania e, por osmose, a falta de responsabilidade.
 
Estamos certos que ao tentar de alguma forma obter vantagem em tudo, furando filas, entrando em festa sem ser convidado, rodando com carro no acostamento e uma infinidade de jeitinhos para se dar bem, o agente do golpe, pode estar buscando alguma vantagem para si, pecuniária ou a satisfação imoral de ser mais vivaldino que os outros.
 
Às vezes consegue, e julga que o macete é ser desleal e malicioso, e assim, considerar - se melhor do que os demais.
 
Será que por isso, não se importa quem governe o País? Quanto mais golpista é melhor?
 
Ou seja, o péssimo cidadão busca obter alguma vantagem, pagar menos, não pagar, ganhar algo sem fazer nada, e assim por diante. É o individuo do QI elevado em esperteza.
 
Este jeitoso individuo é vidrado nos seus direitos, mesmo que atropele os direitos dos outros, que julga são um bando de trouxas e imbecis.
 
O tal de dever é aquela obrigação que só serve para os idiotas. Como muitos pensam e agem assim, é fácil entender por que estamos à matroca.
 
Hoje, próximos à votação, o nosso apelo é muito pequeno, apenas imploramos ao esperto nativo, que por um segundo, se esqueça das vantagens peculiares que a sua votação poderá trazer para si, e por uma boa ação no ato, vote em benefício da Pátria.
 
Acorda moleque inzoneiro, malandro de esquina, comedor de gilete e de outras guloseimas. Desperta, abra os olhos e veja que o País afunda pela sua omissão, ou melhor, submissão e falta de patriotismo.
 
Na prática, estamos implorando a você, que por um breve momento, seja um cidadão. Simples assim.
 
Pense na Pátria, no bem comum, vote consciente, num ato que se transforme em beneficio da Pátria e, portanto, no seu futuro e dos demais.
 
Sabemos que é difícil alguém pensar nos outros, ainda mais que cercados por cretinos, parece que o restante não vale nada. Ledo engano, a maioria é aquela que cumpre as suas obrigações.
 
Os patifes, os corruptos e corruptores são poucos em relação aos 200 milhões de brasileiros, e, portanto ao alijá - los de seu voto, você estará praticando a cidadania.
 
Não estamos citando em quem você deverá votar, pois a escolha é sua, mas mire a nossa ideológica educação, a nossa moribunda saúde, a nossa insegurança pública, a nossa ultrapassada infraestrutura, o bacanal de orgia das greves, e veja como estamos à beira de um profundo abismo.
 
Você que votará, deve ter capacidade para realizar uma boa escolha e por certo é lúcido o suficiente para avaliar como vamos mal, após mais de uma década de irresponsabilidades, um período em que grassou a impunidade, a corrupção e o desmando institucionalizado.
 
Acordar disposto a ser um cidadão brasileiro, votando pelo futuro desta maravilhosa terra é tudo que pedimos, ou melhor, imploramos, para o seu e para o nosso bem, e para os futuros cidadãos brasileiros.
 
Acorda, desligado, despreocupado e desinteressado e entra na nossa imensa fila para expurgar a virulenta praga que corre nas veias da Pátria e tem prostrado uma Nação, em coma econômico - financeiro e moral.
 
 
Valmir Fonseca Azevedo Pereira é General de Brigada, reformado.

O tal do pensamento crítico

Posted: 07 Aug 2014 05:38 AM PDT


Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Lucas Berlanza Corrêa
 
A narrativa é absurdamente comum nas plagas tupiniquins; mudam-se os nomes e os lugares, mudam-se as famílias, mas os fatos seguem mais ou menos a mesma lógica.
 
A criança, primeiro, é posta no mundo; uns, como John Locke, dizem que com a mente em branco, quase que como uma "tábula rasa", adquirindo todos os conhecimentos a partir da experiência vivida. Outros alegam que já há ideias inatas. Seja como for, de acordo estamos que temos uma criaturinha diminuta e amplamente suscetível a influências.
 
Este serzinho então começa sua escalada na educação, ingressando aos jardins de infância e à alfabetização. Aprende noções básicas para calcular e entender aquilo que lhe é passado – ou quase isso, considerando as inúmeras discussões sobre a eficiência dos métodos mais comumente aplicados por aqui nessa fase. Com essa etapa inicial ultrapassada, então começa o trabalho.
 
Seguindo rigorosamente as orientações das cartilhas do MEC, os professores começam a explicar o mundo. Quando a criança se torna um jovem em fase ginasial, então o processo sofre uma radicalização notável.
 
Os professores de História costumam adotar a obra do bestseller Mario Schmidt, Nova História Crítica. Então, com esses luminares do material didático brasileiro, os alunos passam a compreender que o capitalismo deixa as pessoas tristes e deprimidas, que a propriedade privada é uma concepção maligna, que Bin Laden não passa de uma invenção do macabro imperialismo americano e que o socialismo é um sonho lindo de esperança para toda a humanidade.
 
Os alunos aprendem que Che Guevara foi um guerreiro da liberdade, que batalhou por descortinar um futuro luminoso para a América Latina, e que é muito "chique" ornar-se de apetrechos com sua santa imagem. Fuzilamentos, violência? Que importam esses burburinhos insignificantes, se é para o bem comum? Como diria o historiador Eric Hobsbawn, se os milhões de vidas destruídas pelo regime soviético tivessem culminado na perfeita implantação do socialismo paradisíaco - que só existe na imaginação imatura dos marxistas -então tamanho genocídio teria valido totalmente à pena.
 
Os estudantes têm o perfeito conhecimento de como os ditadores militares do terrível golpe de 1964 – planejado e financiado pelos ianques e seu desprezo pela liberdade do resto do mundo de sucumbir a um imenso mar vermelho totalitário – assassinaram milhões (ou algo próximo disso; ou algo NADA perto disso, mas quem se importa?) de jovens inocentes que queriam trazer a democracia de volta ao Brasil e, para isso, estiveram fazendo estágio na ilha de Fidel.
 
Que dizer, então, da análise do período monárquico nacional? José Bonifácio era apenas um reacionário pedante que protegia os interesses das elites. Joaquim Nabuco era abolicionista, e é citado – mas e quanto a suas convicções políticas liberais e conservadoras? Preferível ignorar. A libertação dos escravos, então, foi defendida pelos ingleses apenas por seus grosseiros interesses por mercado consumidor – afirmação altamente discutível, mas, mesmo que fosse verdade, não seria um motivo nítido para se aplaudir os benefícios do capitalismo?
 
Na hora de compreender a conjuntura econômica global, faz-se apenas eco a expressões manjadas como "desenvolvidos" e "centrais", "subdesenvolvidos" e "periféricos", procurando atribuir aos primeiros a completa responsabilidade pela situação dos segundos; demonizam-se as propostas de abertura de mercado como planos macabros dos ianques para desarticular as indústrias nacionais e emperrar o crescimento das nações menos poderosas. Se o aluno tiver muita sorte, ainda terá um professor como o Carlão - aquele do vídeo publicado pelo jornalista Reinaldo Azevedo em sua coluna no site da revista Veja em 22 de agosto de 2008 -, que passa quase todo o tempo da aula pregando sobre como os Estados Unidos estão por trás das maiores tiranias e violências da face da Terra. Nem uma palavra sobre os inúmeros tiranos antiamericanos, por óbvio.
 
Então chega, se for o caso, a época da faculdade; dependendo do curso escolhido, o jovem, convivendo ainda com as campanhas socialistas e partidariamente orientadas dos militantes de Diretório Acadêmico, recebe uma saraivada de indicações vastas e plurais. Abundam nas bibliografias autores com perspectivas extremamente diversificadas e opostas. Enriquece-se o debate público e intelectual com estudos baseados em pensadores de tão variados matizescomo Michel Foucault, Noam Chomsky, Gramsci ou os frankfurtianos. Algumas vezes aparece alguém que não ia muito com a cara do esquerdismo, como Nietzsche, mas muito pontualmente, e em geral por que a figura em questão também apresenta alguma tendência rebelde e avessa ao "predatório meio da civilização ocidental" (que garante a eles a total liberdade de assim pensarem e se expressarem, diga-se de passagem).
 
É ótimo ler esses autores, mas e quanto a Burke, Kirk, Mises, Hayek, Bastiat, Scruton? Como disse certa vez o filósofo e escritor brasileiro Luiz Felipe Pondé, esses são lidos, SE lidos, no máximo como bichos estranhos a serem desacreditados e destruídos, em prol de uma educação baseada na essencial afobação marxista – segundo a qual já era o tempo de tentar compreender o mundo, o barato mesmo é transformá-lo de imediato, ainda que eu mal saiba arrumar meu quarto.
 
Muito bem; em qualquer momento desse processo, é possível que aconteça algum acidente de percurso, contrariando todas as probabilidades. Talvez o estudante leia algum livro de um desses autores "desconhecidos", desafiando as recomendações de seus mentores.  Talvez chegue às suas mãos um artigo que desperte o seu interesse. Ou talvez apenas a intensidade do ódio destilado em certas noções enviesadas cause a pior impressão em uma mente mais perspicaz. Então ele se surpreende por se identificar e começa a – pasmem ou não – CRITICAR o que lhe foi ensinado.
 
"Não é bem assim... Acho que isso está errado." Que reações encontrará esse jovem? Devemos levar em conta a diversidade humana e crer que elas serão variadas. Mas da parte de muitos, sabemos o que esperar.
 
"Alienado! Você está cego pela Rede Globo e pela Revista Veja! Manipulado! Cadê seu pensamento crítico?" Se o interlocutor apresentar algo mais de sofisticação, talvez comece a citar o patrono da educação brasileira, Paulo Freire, ou outro autor esquerdista obcecado pelo "pensamento crítico". Como de costume, as esquerdas empregam a falácia do espantalho, forjando um inimigo supremo e onipresente que moldaria todas as consciências.
 
Afastemo-nos da cegueira que eles tentam impor, lancemos um golpe de vista nas submissões a referenciais teóricos e culturais dos jovens brasileiros em sua escalada de formação intelectual, e perguntemo-nos: que "pensamento crítico" faz mais jus à expressão que aquele do indivíduo que rejeita todo esse pacote que é obrigado a consumir desde que põe os pés na educação básica, e resolve se abrir para outras ideias?
 
Quem de fato defende o pensamento independente e livre das mais fortes amarras? Este não interessa à maioria dos esquerdistas desta pátria verde e amarela; o "pensamento crítico" que eles defendem é a concordância absoluta com seus pontos de vista, num costumeiro exemplo de inversão de sentido de palavras e expressões tão típico de sua retórica, no melhor estilo 1984 de George Orwell.
 
Enquanto você lê isso, a história que contei aqui está acontecendo em vários pontos do país. Que comecemos a escrever para ela um novo final.
 
 
Lucas Berlanza Corrêa é Acadêmico de Jornalismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro e Especialista do Instituto Liberal.

A Revolução das Periguetes

Posted: 07 Aug 2014 05:37 AM PDT


Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Arnaldo Jabor

Chega de política. Vou falar de sexo. Antes, havia a "sexpol", bandeira da política sexual dos anos 60. Hoje, temos no máximo a "polsex", ou seja, como as ideologias dançaram, só a sexualidade explica os rumos do mundo e, claro, do Brasil, nosso grande motel das ilusões perdidas. Sexo: nossos sentimentos estão canalizados para um mesmo buraco. Ando pela rua e todos os outdoors são de mulher nua — outro dia, quase bati o carro na Avenida Paulista, por causa da lourinha nua da "Playboy".

Todas as capas de revista são uma grande feira de mulheres gostosas e homens raspadinhos. Tudo parece liberdade, mas a coisa é outra. Nos anos 60 (oh... os recentes anos remotos) o sexo era uma novidade política, depois dos caretíssimos anos 50, quando o sexo tinha algo de crime, algo de secreto que perfumava nossas vidas com o estímulo da culpa. Não havia motéis, nem as pílulas que, depois, fizeram mais pela liberdade sexual que mil livros feministas.

Nunca vi tanta publicidade movida a sexo. A propaganda nos promete uma suruba transcendental. Em nenhum lugar do mundo vemos o apelo sexual nas ruas, nas roupas de meninas — nosso feminismo resultou na revolução das "periguetes". No Brasil das celebridades, o feminismo foi um mal-entendido. Muitas vezes rima com galinhagem ou até com uma forma velada de prostituição. É uma mistura de liberdade com submissão a uma salada de frutas: mulher melancia, mulher melão, mulher jaca.

Hoje em dia, as mulheres foram expulsas de seus ninhos de procriação, de sua sexualidade expectante, e são obrigadas ao sexo ativo e masculino. A "supergostosa" é homem; ou melhor, é produto do desejo masculino. O homem é pornográfico; a mulher é amorosa. A pornografia é só para homens.

Já expuseram o corpo todo, seios, vagina, mucosas, ânus. O que falta? Os órgãos internos? Seu ideal é serem desejadas como bons produtos. Felicidade é serem consumidas. Felizes como coisas: Uma salsicha é feliz? Uma bela lata de caviar? Mas como amar um eletrodoméstico?

A grande moda do momento são mulheres penduradas em acrobáticas posições ginecológicas para raspar os pelos pubianos nos salões de beleza. Ficam balançando em paus de arara e, depois, saem felizes com um jardinzinho estreito e não mais a floresta peluda onde mora a temível "vagina dentata". Parecem uns bigodinhos verticais que me fazem pensar em Hitler.

Que querem essas mulheres? Querem acabar com nossos lares? Querem nos humilhar com sua beleza inconquistável? Elas têm de fingir que não são reais, pois ninguém mais quer ser "real" hoje em dia.

Nos anos 60, sexo era revolução política. Tudo era político. O sexo utópico dos anos 60 era o prelúdio para outras conquistas sociais. O orgasmo para Reich era uma vitória contra a burguesia. Eu me lembro de ter dito para uma mulher amada: "Querida, nosso amor é uma forma de luta contra o imperialismo norte-americano".

O sexo dos 60 era um comício; queria acabar com a culpa, com o limite, com o proibido. Todas as sacanagens foram testadas, mas chegou-se ao outro lado com uma vaga insatisfação. O que faltava? Faltava o pecado. Sem o pecado ficávamos insuportavelmente livres. Em meio a tanta liberdade, nunca fomos tão solitários. Tudo era referido ao sexo, para substituir frustrações políticas e sociais.

Com a recaretização do mundo, a liberdade aparente conquistada andou para trás. A liberdade deu lugar à "dessublimação repressiva," como nomeou Marcuse, uma "liberdade" tão ostensiva e grossa que é um louvor à proibição. Os sonhos viraram produto. Todas as conquistas viraram fetiches de consumo: revolta, igualdade, utopias, até o desespero e a angústia passaram a vender roupas e costumes.

O prazer é obrigatório no mercado. A partir dessa época, sob a aparência de grandes euforias narcisistas de gestos e risos de prazer, há um regressismo oculto no mundo de bundas e coxas lipoaspiradas, seios siliconados, bofes comedores. A anatomia virou uma das poucas portas de fuga da classe baixa, como uma saída para a miséria. Nuas, todas as mulheres são iguais: a democracia da bunda. A bunda é a esperança de milhares de Cinderelas. A mídia e a propaganda compraram a liberdade, que não é mais "uma calça velha e desbotada," mas é a superação do pudor, da intimidade.

Se alguma mulher ficar famosa, tem de tirar a roupa. O striptease é a "antiburka" — igual pelo avesso. A pessoa não tem mais um corpo; o corpo é que tem uma pessoa, frágil, tênue, morando dentro dele. O corpo e a pessoa são duas coisas diferentes; a menina mostra sua bunda como se fosse uma irmã siamesa. Tanta oferta sexual angustia-nos, dá-nos a certeza de que nosso desejo é programado por indústrias masturbatórias, provocando tesão para vender satisfação.

A verdade é que o prazer anda de cabeça baixa, deprimido, apesar do eufórico exibicionismo em revistas de celebridades. Todos podem confessar tudo: "Sim, eu gosto de atacar nos mictórios das rodoviárias e me orgulho de minha tara!" — diz o perverso sorrindo na TV. A permissividade total esvai a tesão. O prazer precisa da proibição. Aliás, o vício solitário é bem seguro. A punheta é metafísica. A masturbação a dois existe até no grande amor romântico, onde dois narcisismos se tocam, se beijam, se arranham, mas não se comunicam.

Ninguém mais quer ser "sujeito", apesar de afirmar o contrário. Todos querem ser "inconformistas como todo mundo". O corpo tem de dar lucro. Todo mundo quer ser coisa.

Vi um anúncio de uma boneca inflável que sintetizava o desejo secreto do homem de mercado: ter mulheres digitais que não vivam. O anúncio tinha o slogan embaixo: "She needs no food nor stupid conversation" ("Não precisa de comida nem de conversa fiada"). A liberdade de mercado produziu um estranho "mercado da liberdade".


Arnaldo Jabor é Jornalista e Cineasta. Originalmente publicado em O Globo e no Estadão em 5 de agosto de 2014.

E o estatuto do desarmamento, candidatos?

Posted: 07 Aug 2014 05:35 AM PDT


Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Izabella Vasconcellos
 
O Estatuto do desarmamento é, sem dúvida alguma, uma lei que só prejudica o cidadão de bem.
 
Sabe por quê? Comprar uma arma no mercado negro é (extremamente) fácil. Quem quer fazer algo ruim, com uma arma de fogo, encontrará uma maneira de adquiri-la.
 
Se os bandidos soubessem que a maioria das pessoas possuem uma arma de fogo em suas residências, muitas coisas seriam diferentes, pensariam mais vezes antes de invadirem a propriedade alheia.
 
Desconfio que alguns bandidos, inclusive, procurariam um emprego. Porque lutar de igual para igual é mais difícil. Bandidos estão acostumados com a covardia, com a desproporcionalidade - e principalmente - com a impunidade. O crime não pode ser mais "seguro" que o trabalho honesto.
 
Não votem em candidatos que não estão preocupados com a segurança da sua família.
 
Não eleja alguém que quer cercear os seus direitos.
 
 
Izabella Vasconcellos é Advogada, apresentadora do Canal Mídia Inversa (Youtube) e especialista do Instituto Liberal.

Por dentro do Jihad (III)

Posted: 07 Aug 2014 05:34 AM PDT


Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Carlos I. S. Azambuja
 
Os ataques de 11 de setembro de 2001 não vieram do nada. Durante os anos 1990, uma série de movimentos islâmicos violentos começou a se congregar, desviando seu foco dos conflitos locais, em seus países, para o "inimigo distante" dos EUA e do Ocidente. A organização emergente ficaria conhecida como Al-Qaeda. O relato de Omar Nasiri, autor de Por Dentro do Jihad apresenta uma percepção particular desse período crucial que parece pouco compreendido.
 
Sua história é única, especialmente porque ele fornece a perspectiva incomum de alguém que se infiltrou nessas redes terroristas. A noção freqüentemente repetida de que a derrota do terrorismo exige um bom serviço de Inteligência e a coleta de dados de Inteligência exige indivíduos dispostos a arriscar suas vidas para se transformarem em espiões, E suas histórias raramente são contadas.
 
Esse foi o início da introdução ao livro de Omar Nasiri, escrita em setembro de 2006 por Gordon Corera, correspondente da BBC para Assuntos de Segurança.Este texto é um resumo do que escreveu Gordon Corera.
 
Tendo passado mais de sete anos trabalhando para os Serviços de Inteligência franceses, britânicos e alemães, Nasisi apresenta a visão de quem está por dentro de como essas agências funcionam e seu relato de reuniões, conversas e técnicas de espionagem dos vários serviços é de um raro detalhamento.
 
Mas o que fica claro de seu relato é que a rede emergente era muito mais organizada e determinada do se supunha. Os campos de treinamento afegãos foram a incubadora da atual ameaça terrorista, e Nasiri oferece o quadro mais detalhado até agora da vida dentro desses campos – um quadro bem mais rico e preocupante do que qualquer outro já visto (1)
 
Embora nascido no Marrocos, os argelinos desempenham um papel central no relato de Nasisi, já que eles constituíam o núcleo da rede terrorista islâmica na Europa antes do 11 de setembro. A Argélia mergulhou em uma sangrenta guerra civil após o Exército ter cancelado as eleições de janeiro de 1992 para impedir que a Frente Islâmica de Salvação (FIS) conquistasse o poder.
 
A violência eclodiu e um conjunto de grupos insurgentes apareceu. O mais violento era o Grupo Islâmico Armado (GIA). Acredita-se que até 3 mil argelinos tenham combatido os soviéticos no Afeganistão nos anos 1980 e a Argélia foi o primeiro país a sentir o impacto do retorno dos veteranos da guerra afegã. O GIA era liderado por centenas de homens endurecidos pela guerra que voltaram radicalizados e dispostos a empregar táticas cada vez mais brutais. O GIA atraiu o apoio de redes dentro das comunidades de imigrantes na Europa. A princípio essas redes de apoio lidavam principalmente com propaganda, mas logo passaram a oferecer dinheiro, auxílio logístico, como passaportes falsos e, por fim, armas ao GIA.
 
Quando regressou à Bélgica em 1994, Nasiri descobriu que a casa de sua mãe havia se tornado um importante centro de operações do GIA. O boletim informativo Al Ansar era feito e distribuído ali. Ele emergiu como a publicação oficial do GIA, embora com o passar do tempo artigos de outras fontes começassem a ser divulgados, inclusive de outras organizações islâmicas, como o Grupo Combatente Islâmico líbio, grupos
marroquinos e grupos egípcios ligados a Aiman al-Zawahiri. O Al Ansar foi o pioneiro da união de redes militantes islâmicas nacionais em um movimento global e seus textos eram um alerta às autoridades do que vinha pela frente.
 
Não demorou muito para que o sangrento conflito na Argélia começasse a se alastrar para a Europa. A França, o antigo senhor colonial da Argélia, na visão dos jihadistas, havia apoiado o golpe e, desse modo, tornou-se um alvo. A primeira ilustração dramática da ameaça surgiu quando um grupo de terroristas do GIA dominou um jato da Air-France na pista do aeroporto de Argel em 24 de dezembro de 1994.
 
Em março de 1995 uma série de buscas foram iniciadas pelas autoridades belgas e, durante uma busca em um veículo foi encontrado um pacote contendo um manual de treinamento terrorista de 8 mil páginas, cujo frontispício o dedicava a Bin Laden. O manual revelou um verdadeiro tesouro de informações e uma das primeiras indicações da extensão da rede e do papel de Bin Laden em suas operações. Isso foi confirmado poucos meses depois, no verão de 1995, quando uma onda de atentados a bomba atingiu a França, inclusive o metrô de Paris.
 
Uma corrente de pensamento sustenta que o GIA desde o começo estava tomado por espiões do serviço secreto argelino. E mais, que estes incluíam agentes provocadores que, por volta de 1995, estavam deliberadamente direcionando a campanha de violência para a França, para tentar atrair Paris para o conflito, opondo-se aos islâmicos apoiando o Estado argelino.
 
De acordo com um ex-oficial de Inteligência, cerca de cem a duzentos residentes franceses viajaram para o Afeganistão para receber treinamento durante a década de 1990. Alguns filiaram-se ao jihad internacional, outros simplesmente queriam poder voltar para casa e apregoar que sabiam manejar um AK-47
 
Nasiri mostrou-se capaz de cumprir sua missão e o relato de suas viagens oferece um retrato pessoal extremamente revelador de como se infiltrou em círculos jihadistas e abriu caminho até o núcleo da Al-Aqeda. Viajando através da Turquia e depois Paquistão, ele infiltrou-se em grupos islâmicos radicais.
 
Em Peshawar, Paquistão, Nasiri conheceu o palestino Abu Zubayda, coordenador e controlador do acesso a vários campos de treinamento afegãos. "Ele era um homem que fazia as coisas acontecerem, no sentido administrativo", explica Mike Scheuer, chefe da unidade Bin Laden da CIA de 1996 a 1989. Abu Subayda acabou sendo preso em março de 2002.
 
Cerca de duas dúzias de campos de treinamento foram montados no Afeganistão. Os campos tiveram um papel fundamental na transição do jihad original dos anos 1980, para o jihad de múltiplas nações dos anos 1990, bem como na emergência do final da década de 1990 de umjihad global sob a Al-Qaeda. Eles foram o caldeirão nos quais diferentes grupos começaram a trabalhar juntos, forjando uma identidade comum,
 
Não existia uma única fonte de recursos ou controle dos campos. O Afeganistão estava mergulhado no caos em meados dos anos 1990. Os soviéticos tinham sido expulsos em 1989. Um governo submisso liderado por Mohammad Najibullah, durou até 2002, quando foi derrubado pelas facções mujahidin, que começaram a lutar entre si pelo poder, sendo que vários chefes tribais ficaram com o controle de bolsões do país.
 
Embora Bin Laden tenha deixado o Afeganistão após o fim da guerra com os soviéticos e residisse no Sudão no começo dos anos 1990, ele continuou a financiar alojamentos e instalações de treinamento dentro do Afeganistão, inclusive, segundo Nasiri, a alimentação no campo que freqüentou.
 
Pouco depois, o ISI - Serviço de Inteligência do Paquistão (1) - começou a apoiar o Talibã como uma força proposta para estabilizar o Afeganistão e fortalecer os interesses de segurança do Paquistão.
 
Em meados dos anos 1990 o número de nacionalidades representadas e a disciplina de treinamento eram notáveis e muito maiores do que anteriormente se suspeitava. Grupos da Argélia, Chechênia, Caxemira, Quirguistão, Filipinas, Tadjiquistão e Uzbesquistão recebiam treinamento militar que colocariam em prática quando retornassem a seus países. Grande número de árabes, especialmente da Arábia Saudita, Egito, Jordânia e Iêmen, também passaram por lá, assim como terroristas da Europa, África do Norte e outras regiões, que desejavam participar dojihad.
 
O treinamento que Nasiri recebeu em Khaldan era altamente organizado e extensivo. Boa parte do aprendizado baseava-se em manuais de treinamento dos EUA obtidos durante a luta contra os soviéticos. Os participantes também passavam quase o mesmo tempo em treinamento religioso. A preparação espiritual era considerada um aspecto central do jihad, mais importante que o treinamento físico.
 
Entre os que passaram por Khaldan havia terroristas envolvidos nos dois ataques, de 1993 e 2001, Ao World Trade Center (inclusive Mohammad Atta, líder dos ataques do 11 de setembro); pessoas envolvidas nos atentados a bomba de 1998 contra embaixadas dos EUA, Ahmed Ressam, o fracassado bombardeador do milênio, os dois britânicos dos "sapatos-bombas", Richard Reid e Sajid Badat; e Zacarias Moussaoui, sentenciado em 2006 à prisão perpétua pelo envolvimento no complô do 11 de setembro. Mas o líder de Khaldan em meados dos anos 1990 era um homem chamado Ibn al-Sheikh al-Libi, com quem Nasiri passou um tempo considerável. al-Libi havia combatido no Afeganistão da década de 1980.
 
Preso em novembro de 2001, al-Libi foi o primeiro membro do alto escalão da Al-Qaeda a ser capturado pelos EUA após os ataques. Depois de uma disputa entre o FBI e a CIA ele foi entregue ao Egito, onde pode ter sido submetido a maus tratos sendo que informações extraídas de seu interrogatório foram utilizadas por autoridades dos EUA para declarar a existência de vínculos entre o Iraque e a Al-Qaeda, com base na alegação de al-Libi de que o Iraque oferecera treinamento à Al-Qaeda a partir de dezembro de 2000. Isso foi citado pelo vice-presidente Cheney , pelo secretário de Estado Collin Powell, em seu decisivo discurso na ONU em fevereiro de 2003, e pelo presidente George Bush, em Cincinnati, em outubro de 2002, quando declarou que "ficamos sabendo que o Iraque treinou membros da Al-Qaeda na produção de bombas, venenos e gazes".
 
O problema era que al-Libi mentiu. Em janeiro de 2004, al-Libi desmentiu suas declarações sobre o Iraque, forçando a CIA a cancelar inúmeros relatórios de Inteligência baseados em suas declarações.
 
Especulou-se que ele estaria deliberadamente fornecendo informações falsas para fazer os EUA atacarem o Iraque, pois expressava seu desagrado pelo regime secular de Saddam Hussein no Iraque e era um homem altamente treinado para resistir a interrogatórios. Na primavera de 2006, segundo alguns relatos, al-Libi foi entregue às autoridades líbias.
 
Em Khaldan, a formação de Nasiri parece tê-lo diferenciado dos demais recrutas, tanto assim que ele foi um dos poucos selecionados para seguir ao campo de Durunta, mais avançado. Durunta fornecia um treinamento mais individualizado em explosivos e terrorismo. Em Khaldan os recrutas aprendiam a detonar explosivos; em Durunta eles aprendiam a fazer explosivos e detonadores a partir do zero. Em Durunta o treinamento não era para o combate militar, mas para serem indivíduos solitários que agiriam como os clássicos agentes terroristas que ficam na espera até chegar a hora da ação – um agente dormente – necessitando assim de um conjunto diferente de habilidades.
 
Entre os que se formaram em Durunta antes da sua destruição por ataques aéreos dos EUA no fim de outubro de 2001, está Ahmed Ressam, mas tarde condenado por envolvimento no complô de atentado a bomba contra o Aeroporto Internacional de Los Angeles.
 
Havia agentes de Inteligência nos campos perto da fronteira paquistanesa, mas outros campos, como os de Durunta, eram muito mais difíceis de serem infiltrados. Algumas estimativas afirmam que, entre 1996 e os ataques de 11 de setembro , de 10 mil a 20 mil terroristas passaram pelos campos para serem treinados. Outros acreditam que esse número pode chegar a 100 mil. Ninguém apurou para onde foram esses terroristas, ou quem eles, por sua vez, foram treinar.
 
No momento em que Nasiri saiu do Afeganistão, na primavera de 1996, Bin-Laden retornou e chegou num momento crucial, em que o Talibã estava conquistando o poder.. Em setembro o Talibã já havia tomado Jalalabad e forneceria a Bin-Laden e à Al-Qaeda um porto seguro no qual começariam a planejar operações mais drásticas.
 
(1) Vide Por Dentro do Jihad 1 e 2
 
 
Carlos I. S. Azambuja é Historiador.

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