quinta-feira, 22 de maio de 2014

Alerta Total

 
 

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Defesa do doleiro Youssef quer forçar depoimentos na Lava Jato de figurões da Petrobras e empreiteiros

Posted: 21 May 2014 08:06 AM PDT


Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
 
Sem querer querendo, a tática de defesa do doleiro Alberto Yousseff pode criar um problema institucional de dimensão tão grave que pode provocar a queda do cérebro financeiro da Petrobras. Caso seja atendido o pedido para a "produção de provas testemunhais" nos negócios que envolvem a estatal, o doleiro e o ex-diretor de abastecimento Paulo Roberto Costa, a grande vítima pode ser quem pagava as contas: o diretor financeiro Almir Guilherme Barbassa.
 
O dirigente, que já é alvo de vários processos sancionadores na Comissão de Valores Mobiliários, é o poderoso sujeito que cuida da rolagem diária da dívida bilionária da Petrobras. Mexer com Barbassa significa afetar sua relação com os maiores banqueiros – que cuidam de sua blindagem. Nem Dilma Rousseff, que quis e não conseguiu substituí-lo quando Graça Foster assumiu a Presidência da Petrobras, tem cacife para brincar com Barbassa. Mas investidores da Petrobras querem a cabeça dele...
 
Yousseff é um personagem que apavora meio mundo pela capacidade de delação premiada demonstrada no velho escândalo do Banestado. Por isso, sua defesa partiu para um ataque de alto risco ao pedir à Justiça que deponham no caso o ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, o ex-diretor da área internacional e ex-diretor da BR Distribuidora, Nestor Cerveró, além do diretor de serviços, Renato Duque. Se eles forem depor, sobrará também para Paulo Roberto Costa, que é réu, e para Almir Barbassa, que é o diretor financeiro.
 
Com sua tática de defesa, que mais parece uma desesperada estratégia suicida, Youssef arranja inimigos ainda mais poderosos do que já coleciona. Além dos dirigentes da Petrobras, os advogados do doleiro querem os depoimentos judiciais dos responsáveis pelo consórcio da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco. O caso mexe com as poderosas empreiteiras Galvão Engenharia, OAS Engenharia e Coesa Engenharia. Como Paulo Roberto Costa também está no meio das operações investigadas da Rnest, o rolo tende a sobrar para o lado da Odebrecht. Paulo Costa foi conselheiro da Brasken – braço petroquímico da maior transnacional privada do Brasil, em parceria com a Petrobras.
 
Yousseff ficou na pior – permanecendo na cadeia – com o recuo forçado do ministro Teori Zavascki – que queimou a imagem do Supremo Tribunal Federal ao mandar soltar Paulo Roberto Costa, que foi preso em flagrante pela Polícia Federal por tentativa de destruição de documentos que poderiam incriminá-lo. O grande temor de familiares do doleiro é que algo aconteça com ele. Por isso, já se espalha a lenda de que existem dossiês capazes de comprometer meio mundo de poderosos, caso algo de mal aconteça a Yousseff.
 
Além da perigosa jogada de forçar depoimentos constrangedores de dirigentes da Petrobras e de grandes empreiteiras, a defesa de Youssef tenta outra mágica jurídica – na qual pode até ser bem sucedida. Advogados do doleiro já pediram a anulação de todas as provas obtidas por meio de mensagens e escutas telefônicas sem um fato claro que justificasse a investigação. O STF costuma tornar tais provas ilícitas, mesmo quando autorizadas judicialmente, o que diminui o peso das provas de culpa.
 
A defesa de Youssef comete outra mancada na clara tentativa de protelação judicial. Contestar a abertura de vários processos – medida acertada que o Ministério Público Federal resolveu adotar para investigar, cuidadosamente, cada caso criminal – é inútil. Dificilmente, deve ser aceito o pedido de unificação de todos os processos feitos pela 13ª Vara Federal, cujo titular é o juiz Sérgio Moro. O plenário do STF, em breve, será obrigado a analisar tal abacaxi.
 
A grande jogada de todos os advogados dos réus na Lava Jato é ganhar tempo... Deixar o caso esfriar com a Copa do Mundo... O problema é que o explosivo tema interessa à oposição na eleição... Mas, como envolve grandes financiadores de campanhas de ambos os lados, é alto o risco de que o rodo passado na Operação Lava Jato seja ainda maior que o iniciado, domingo, pelo ministro Teori Zavascki.
 
No Brasil sob governança do crime organizado, quando a cumplicidade é generalizada, a impunidade tende a ser ampla, geral e irrestrita, com punições seletivas apenas para peixes pequenos.
 
Perguntar ofende?
 
Até que ponto o STF, um tribunal eminentemente constitucional, mas que demora dezenas de anos para questões que deveriam ser seu foco, pode e deve se intrometer em ações criminais, antes mesmo dos julgamentos em primeira instância, só porque os casos envolvem parlamentares ou figuras "poderosas"?
 
Essa é a importante pergunta que precisa ser clara e urgentemente respondida pelos integrantes do judiciário brasileiro.
 
A Polícia Federal trabalha, a Receita Federal se empenha, o Ministério Público se esforça, os juízes ficam sobrecarregados com montanhas de processos e, no final das contas, só vai preso quem rouba um sabonete em um supermercado...
 
Os grandes ladrões do dinheiro público, mesmo quando vão presos, ganham mordomias e ficam o menor tempo possível na cadeia, para usufruir dos milhões roubados descaradamente...
 
Youssifu
 
Não Fuja, Paulinho...

 
Tio Lula

 
Aparições Jeguianas


Jeguemania

 
Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus.
 
O Alerta Total tem a missão de praticar um Jornalismo Independente, analítico e provocador de novos valores humanos, pela análise política e estratégica, com conhecimento criativo, informação fidedigna e verdade objetiva. Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor. Editor-chefe do blog Alerta Total: www.alertatotal.net. Especialista em Política, Economia, Administração Pública e Assuntos Estratégicos.
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A transcrição ou copia dos textos publicados neste blog é livre. Em nome da ética democrática, solicitamos que a origem e a data original da publicação sejam identificadas. Nada custa um aviso sobre a livre publicação, para nosso simples conhecimento.

© Jorge Serrão. Edição do Blog Alerta Total de 21 de Maio de 2014.

PAC 2: Fracasso everestiano

Posted: 21 May 2014 05:33 AM PDT


Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Hélio Duque
 
"Um povo de cordeiros sempre terá um governo de lobos", expressão popular que tem atravessado séculos. A sua lembrança veio a memória ao ler trabalho do economista Gil Castello Branco por título "O PAC 3 e as eleições". Fundador e secretário-geral da Associação Contas Abertas, entidade fundada em 9 de dezembro de 2005, "Dia Internacional de Combate à Corrupção". A coincidência da data não é sem propósito. Acompanha a execução orçamentária e financeira da União, analisando com transparência o desempenho e o que efetivamente é realizado. A credibilidade da Associação Contas Abertas é reconhecida por publicações como o "Financial Times", "The Wall Street Journal", "The Economist" e outros de igual importância.
 
O governo Dilma Roussef, na antevéspera da eleição, em agosto, deverá lançar o chamado PAC 3. Será um programa federal destinado a estimular o crescimento da economia brasileira através investimentos em obras de infraestrutura. Imagina-se que o PAC 1 e PAC 2, tenham tido as suas metas cumpridas e realizadas. Quando do seu lançamento, no governo Lula, o Programa de Aceleração do Crescimento foi festejado pelo "marketing", como uma estratégia de desenvolvimento fadada a sacudir a economia nacional.
 
A então chefe da Casa Civil e candidata presidencial recebeu a comenda de "Mãe do PAC". O chamado PAC 2, lançado em  29 de março de 2010, no Palácio do Planalto, teve a presença de 30 ministros, governadores, prefeitos, dezenas de empresários e centenas de movimentos sociais. Abrangeria os anos 2011 a 2014, portanto, todo o quadriênio da administração federal. O que efetivamente foi cumprido nas metas estabelecidas?
 
Contas Abertas, pela autorizada voz do economista Gil Castello Branco, quantifica e demonstra o fracasso everestiano do PAC 2. Pela sua importância, transcreveremos partes do excelente e documentado trabalho:
 
1. "Na saúde, das 24.006 obras tocadas pelo ministério e pela Funasa, só 2.547 (11%) foram colocadas à disposição da sociedade. As Unidades Básicas de Saúde (UBS) ilustram essa realidade: das 15.652 previstas, irrisórias 1.404 (9%) foram concluídas. Quanto às Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), 503 estavam previstas, mas somente 14 ficaram prontas. Nas ações de saneamento e recursos hídricos, das 7.911 iniciativas, apenas 1.129 (14%) foram finalizadas."
 
2. "Dilma prometeu entregar até o fim do seu mandato seis mil creches, número que poderia chegar a nove mil. Das 5.257 creches e pré-escolas constantes do PAC 2 apenas 223 estavam em funcionamento até o fim do ano passado. No esporte, os estádios padrão Fifa estão quase prontos; no entanto, das 9.158 quadras esportivas que seriam construídas em escolas, apenas 481 (5%) foram inauguradas. Nenhum dos 285 centros de iniciação ao esporte ficou pronto".
 
3. "Nos Transportes, dos 106 empreendimentos em aeroportos, quase 70% ainda estão em fases burocráticas. De cada três obras de rodovias, apenas uma foi concluída. Das 48 intervenções em ferrovias, apenas 12 chegaram ao fim. Mais da metade do PAC 2 sequer saiu do papel. Dentre os 49.095  empreendimentos, 26.154 (53%) estão nos estágios de ação preparatória, em contratação, em licitação de obra ou em licitação de projeto. De cada dez iniciativas, menos de quatro estão em obra ou em execução. Apenas 12% dos empreendimentos estão concluídos."
 
A rigor, se a realidade do PAC 2 demonstra indiscutível fracasso, qual a motivação para lançar o PAC 3? Exatamente dois meses antes das eleições? A resposta é única: lograr e enganar o eleitor brasileiro. É o cordeiro sendo enganado pelo lobo.
                   
 
Hélio Duque é doutor em Ciências, área econômica, pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). Foi Deputado Federal (1978-1991). É autor de vários livros sobre a economia brasileira.

Volto ou não volto?

Posted: 21 May 2014 05:32 AM PDT


Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Arnaldo Jabor
 
"Volto ou não volto? Fico aqui no meu banheiro pensando, diante de espelhos sem fim. Quantos Lulas refletidos ao infinito! É como se fosse um povo de lulas. Isso! Eu sou o povo. Sou um fenômeno de Fé. Quanto mais me denunciam, mais eu cresço. Eu desmoralizei escândalos, vulgarizei alianças, subverti tudo, inclusive a subversão. Eu tenho o design perfeito para isso. 'Lula' é um nome doce, carinhoso, familiar. 'Lula' é fácil de entender. Agora, aqui sozinho, Marisa está dormindo, posso me analisar. Volto ou não volto?
 
"Ai que saudades das mãos da rainha Elizabeth — eu beijei sua mão com um vago perfume de verbena. Ai que saudades dos tempos em que eu posava com outros presidentes, com o Obama me puxando o saco dizendo que eu era o 'cara'. Como era bom ver intelectuais metidos a besta me olhando com fervor, me achando o símbolo do futuro, como se eu tivesse uma foice e martelo na mão. Comi várias professoras da universidade; eu era um messias para elas, que nunca tinham visto um operário a não ser o encanador de seus banheiros. E os banqueiros e os empresários que tinham medo de mim, mas se ajoelhavam por grana do BNDES, enchendo o partido com dinheiro para campanhas?
 
"Mas está na hora de decidir. Tenho de ser cruel comigo mesmo. Vamos lá. Ninguém está vendo. Autocrítica: a verdade é que eu nunca me interessei pelo bem do povo. Essa visão de um operário pensando no país é uma imagem romântica de pequenos burgueses. Operário quer é subir na vida. Fui mestre nisso. Eu odiava o calor daqueles tetos de Eternit na fábrica, aquela cachaça morna na hora do almoço.

 
"Aquele torno que cortou meu mindinho foi minha primeira grande sorte (tem gente que até acha que eu mesmo cortei...). Virei líder sindical. Foi a sorte grande. Sem dedo, descobri a massa. A massa operária se postava diante de mim e eu, com meus olhos em fogo, vi o mar de gente na greve dos metalúrgicos e tive a luz de berrar: 'Vocês me dão o posto de comandante das negociações com os patrões?'
 
"Foi um mar de vozes: 'Sim! Lulaaa!' Naquele momento, eu vi que chegaria à presidência. Eu vi a facilidade de convencer o povão de fazer o que eu quisesse. Depois, os evangélicos descobriram o mesmo, mas eu fui pioneiro. Aliás, me baseei no Jânio Quadros, com vassoura e caspa artificial. Ele foi o criador da política do espetáculo. Eu era bonitinho, boas sindicalistas eu papei... Era fácil, não precisava nem cantar. Mas, sejamos sérios. Ali, no espelho, me vejo multiplicado e tenho de decidir.
 
"Que é melhor para mim? Os caras falam: 'Volta, que o povo quer!' E eu? Será que me interessa?
 
"Será que vai ser bom para minha imagem no futuro? Porque hoje minha imagem está joia. Ganho 400 paus por palestra, vou ao exterior e falo qualquer coisa, eles me amam a priori, eu, um herói operário.
 
"Os franceses e outros babacas, bisbilhoteiros das 'revoluções' tropicais, jamais entenderão o que tive de fazer para crescer no poder.
 
"Jamais entenderão as sujeiras que tolerei para manter as mãos limpas, como me dei bem com os 300 picaretas que denunciei antes e que depois foram minha tropa de choque. Jamais entenderão que eu nunca soube de nada, sabendo de tudo...
 
"Foi aí que se fez a luz! Eu entendi que se eu quisesse fazer reformas, mudanças radicais, eu perderia meu poder de messias. Eu vi que o verdadeiro Brasil é o PMDB e os corruptos todos. Tudo foi construído assim, por séculos, nesse adultério entre a grana pública e privada. Só a corrupção move o país. Mantive o legado do FHC e chamei-o de herança maldita... FHC não sabia falar com o povão... Ele fez tudo e não é nada, eu não fiz nada e sou tudo. Também nunca entendi por que os tucanos não defenderam o governo dele. Nem ele.
 
"Quando vi que era a 'estratégia do medo', caí matando.
 
"Me aproveitei do Plano Real e depois disse que eu é que fizera a queda da inflação. E agora a porra está voltando...
 
"Até o Roberto Jefferson me deu sorte, me ajudou muito denunciando os babacas dos comunistas que me atazanavam desde o inicio. A Marisa dizia: 'Essa gente não presta...' E eu não ouvia... Veio o Jefferson (obrigado, Roberto...), expulsa os bolcheviques da minha cola e eu pude inventar a nova ideologia: um grande balé na mídia para manter o povo feliz. Eles pensavam: se ele chegou lá, nós também podemos...Ele é 'nóis'. Não entendo como o FHC não teve a grandeza nem de um 'populismozinho'.
 
"Tudo tão simples; basta falar como eles, falar de futebol, fingir de vítima, injustiçado por ter origem humilde, dividir o mundo em ricos e pobres, mentir estatísticas numa boa, falar do futuro.
 
"Depois, espelho meu, tive mais sorte. Começou o surto dos emergentes. Como entrou grana aqui! Gastei tudo para consolidar meu poder. Mas chega de saudade; a realidade é: afinal, volto ou não volto?

 
"O perigo é eu voltar e ter de lidar com a cagada que eles fizeram. Essa Dilma e o Mantega... Porra...
 
"Já pensou? Ter de acordar cedo, beber meu uísque 30 anos só de noite... E aguentar o Berzoini, o Rui Falcão, falando como se morassem na URSS... E pior é que os comunas vão ficar mais assanhados, mais 'aloprados' ainda. Vão querer mais 'bolivarianismo'. Já me aporrinharam e fu*&ram tudo com o mensalão... Eu bem que avisei: 'Vão com menos sede ao pote!...' Só fizeram merda e depois tive de me virar, dizer que não sabia. Só me encheram o saco. Mofem na Papuda.
"Se eu voltar, vou ter de satisfazer essa laia. Vou ter de reprimir a mídia. Disso até gosto, para assegurar minha bela imagem no futuro.
 
"Será que vale a pena botar em risco minha imagem?
 
"E tem mais: minha maior descoberta foi que o Brasil não tem conserto. É impossível governar. A política não rola mais. É um parafuso espanado. Se os tucanos ganharem, vão se fu*&er também.
 
"Minhas imagens: quantos lulas refletidos nos espelhos...
 
"'Lula! Que você está fazendo aí, trancado?' 'Já vou, Marisa; porra, não posso nem ir ao banheiro?'
 
"Isso, espelhos meus! Batam palmas para mim! Milhares de 'eus' me aplaudindo! Obrigado, meu povo!
 
"E aí? Volto ou não volto?"

 
 
Arnaldo Jabor é Cineasta e Jornalista. Originalmente publicado em O Globo e no Estadão de 20 de Maio de 2014.

O Crime Compensa

Posted: 21 May 2014 05:29 AM PDT

 
Resposta criativa, no Youtube, à Propaganda do PT.
 
Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Humberto de Luna Freire Filho
 
Brasileiros ladrões, brasileiros bandidos, quadrilhas oficiais, parabéns! vão em frente, o crime compensa. O ministro Teori Zavascki do Supremo Tribunal Federal (STF) mandou suspender os inquéritos e as ações criminais relacionadas à Operação Lava Jato da Polícia Federal (PF) e determinou a soltura dos 12 acusados de integrarem a lavanderia da Petrobras.
 
É possível que ainda reste algum dinheiro no BNDES, nos Fundos de Pensão, na Petrobras, na  Eletrobrás e na Caixa Econômica. Vocês podem continuar a festa, o governo garante. Se faltar algum, a dona Dilma manda o Sr. Mantega aumentar as alíquotas do Imposto de Renda.
 
A quadrilha oficial jamais ficará desassistida financeiramente e também, (como não?) juridicamente.
 
Humberto de Luna Freire Filho é Médico.
 
Fora, Corruptos


PS - Comunico a todos os meus amigos virtuais que a partir do dia 21 de maio até a primeira semana de julho estarei fora de minha "base" portanto será praticamente impossível responder aos e-mail que recebo de todos vocês, e que tenho sempre prazer em responder. Vou ficar um bom tempo sem ver a cara da quadrilha oficial. Estou me dando esse presente. Sintam inveja de mim rsrsrs.

Sindicatos para quê?

Posted: 21 May 2014 05:27 AM PDT


Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Clovis Purper Bandeira
Historicamente, os sindicatos começaram a se organizar na Europa, durante a idade média, reunindo profissionais, artesãos, artistas e outros burgueses – habitantes do núcleo urbano ou burgo – para obter melhores condições de trabalho, de compra dos insumos necessários à profissão, de venda de produtos ou serviços e de defesa contra a concorrência de produtos ou trabalhadores estrangeiros que viessem a disputar o mercado local.
 
Tais associações chamavam-se corporações de ofício ou guildas.          
 
Com a Revolução Industrial, os sindicatos tornaram-se cada vez mais políticos, atuando intensamente na defesa dos postos de trabalho e na busca de melhores salários e condições laborais.
 
Correntes socialistas, inclusive comunistas, buscaram dominar tais associações para poderem manobrar a massa trabalhadora e obter vantagens  com essa situação.
 
Após a Segunda Guerra Mundial, o movimento sindical cresceu e consolidou-se.
 
No Brasil, durante o governo Vargas, os sindicatos foram oficializados, regulamentados e passaram a contar com a contribuição ou imposto sindical como forma de financiamento de suas atividades. Essa contribuição, prevista na CLT e na Constituição, tem o valor de um dia de salário e é descontada de todos os trabalhadores no mês de março de cada ano, gerando anualmente um volume de recursos de mais de 2,5 bilhões de reais.
 
Particularidade interessante no caso brasileiro, todos os trabalhadores são obrigados a contribuir, mesmo os que não são sindicalizados. Comparando, a situação assemelha-se à obrigatoriedade de que todos os trabalhadores contribuam para um fundo destinado aos clubes de futebol, mesmo que não sejam associados a nenhum deles nem gostem de futebol.
 
Por outro lado, esse grande volume de recursos em caixa, que podem ser gastos pelos sindicatos sem necessidade de prestação de contas, gera duas consequências: muitos sindicatos nada produzem, pois recebem sem ter que prestar serviços a seus associados; e o número de sindicatos não para de aumentar, pois todos querem se locupletar das benesses oferecidas aos mesmos.
 
Nos últimos tempos, vêm sendo criados no Brasil mais de 250 sindicatos por ano. Somente neste ano já surgiram mais 57. O total já supera os 15.000. Enquanto, em todo o mundo, o número de sindicatos diminui, fortalecendo-os, em nosso país tão original o número aumenta, enfraquecendo sua representatividade. Entre nossos sindicatos, 10.167 são de trabalhadores e 4.840, patronais.
 
Mesmo com o avanço no número de sindicatos, a quantidade de trabalhadores sindicalizados tem caído. Hoje, são 16 milhões de trabalhadores associados a sindicatos, ou 17,2% dos ocupados, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2011, do IBGE.
 
A principal finalidade dos sindicatos é a condução das negociações por ocasião dos dissídios coletivos para aumento salarial. Representando milhares de trabalhadores, essas corporações têm um peso muito grande nas discussões e, teoricamente, apoiam seus pedidos em bases técnicas, para conseguir o maior aumento possível.
 
Obtido o acordo, o mesmo é homologado pela Justiça do Trabalho e entra em vigor imediatamente.
 
Na prática, não é o que vem ocorrendo.
 
Em várias ocasiões, os acordos são contestados por parcela dos interessados, que continuam a provocar greves, paralisações e manifestações crescentemente violentas para exigir maiores aumentos. Tais movimentos ocorrem, principalmente, nas categorias que prestam serviços públicos imprescindíveis e essenciais para a população, que é usada como refém pelos grevistas.
 
No corrente ano, no Rio de Janeiro, duas ocorrências chamam a atenção: a greve dos funcionários da limpeza pública, logo após o Carnaval, e a dos rodoviários, que paralisou o sistema de transporte por ônibus por 48 horas, em maio.
 
Em ambas já tinha havido um acordo de aumento salarial da ordem de 10%, superior à média obtida pelos trabalhadores de todo o país, mas poucas centenas de grevistas, ignorando os sindicatos das respectivas categorias, que representam dezenas de milhares de trabalhadores, forçaram a parada do trabalho, agindo em piquetes que, por meio da ameaça ou da violência, intimidaram a maioria e impediram seu acesso aos locais de trabalho. Além disso, destroem o patrimônio público e privado – mais de 700 ônibus depredados ou incendiados. O pior é que sua violência teve êxito, e conseguiram vantagens que os sindicatos não tinham alcançado.
 
Essas ações caracterizam grave retrocesso nas relações trabalhistas, levando-nos de volta ao longínquo período em que os grupos mais fortes ou mais violentos impunham sua vontade nas negociações.
 
E levam-nos, também, a considerar dois fatos: a crescente politização das relações trabalhistas e a irrelevância das negociações conduzidas dentro da lei, com o aval da Justiça do Trabalho.
 
A politização pode ser vista pela filiação dos radicais a partidos da extrema esquerda do espectro político, como PSOL e PSTU, aliados à central sindical CONLUTAS. Há, também, apoio velado de candidatos a cargos eletivos e até de autoridades do governo federal, interessadas em infernizar a vida de governadores e prefeitos da oposição. Não por acaso, as manifestações ocorrem primordialmente em estados e municípios administrados por líderes oposicionistas.
 
As manifestações de rua servem, ainda, de ensaio para as que estão previstas para a ocasião da Copa do Mundo de Futebol, no mês vindouro. O motivo oficial é o enorme gasto de recursos públicos na construção de estádios para o evento, em detrimento de outras aplicações que seriam mais necessárias.
 
No entanto, os estádios estão prontos. Destruí-los resolveria o problema? Impedir ou dificultar a realização dos jogos também seria uma solução? Para quem?
 
Se a ideia é castigar os políticos que decidiram apoiar a realização do campeonato em nosso país, a solução está próxima: basta não reelegê-los nas eleições de outubro.
 
Quanto à irrelevância das negociações conduzidas dentro da lei, pelos sindicatos, podemos concluir que a bilionária máquina sindical, pretensa representante da massa trabalhadora, não consegue bons resultados, o que só acontece com a intervenção de minorias barulhentas e violentas.
 
Para que servem, então, os sindicatos?
 
Atenção, sindicalistas! Preocupados com a política partidária, com a transformação de suas centrais sindicais em partidos políticos – CUT/PT, Força/Solidariedade, CONLUTAS/PSOL/PSTU – estão perdendo sua identidade e razão de ser e vêm sendo substituídos por grupelhos violentos e não eleitos, que avocam o direito de exigir o que as guildas tupiniquins não lograram obter. E, pelo que vemos, com êxito crescente.
 
Não matem a galinha dos ovos de ouro.
 
Cada vez mais pessoas perguntam: sindicatos para quê?
 
 
Clovis Purper Bandeira é General, na reserva.

O Pagode da Dona Fifa

Posted: 21 May 2014 05:25 AM PDT


Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Flávia Oliveira
 
É espaçosa a tal da Fifa. Esqueça a dúzia de cidades-sede e estádios. Ignore os benefícios tributários. Releve o tratamento de chefe de Estado que o presidente da entidade, Joseph Blatter, recebe quando circula pelo Brasil. Desconsidere tudo isso, e a poderosa Federação Internacional de Futebol ainda é a dona do jogo, da festa, da bola. E do ritmo. Na lista de quase duas centenas de nomes e figuras registradas para a Copa 2014, açambarcou o pagode.
 
Perdeu, Zeca Pagodinho. Dançou, Jorge Aragão. Já era, Almir Guineto. Até o fim deste ano, a palavra que batiza um gênero do samba e virou sinônimo de reunião de bambas é marca de alto renome da Dona Fifa. Não pode designar atividade alguma. "Se não, ela chora e diz que vai embora", como no refrão de Noca da Portela e Tião de Miracema.
A culpa é da Lei da Copa. O texto, abençoado pelo governo federal e pelo Congresso Nacional, deu à Fifa direito à tramitação acelerada dos pedidos de registro de marcas no Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (INPI). Sem falar na isenção de taxas. Em condições normais, os processos dificilmente chegam ao fim em menos de três anos. Os da Fifa não completaram 12 meses. Desde a promulgação da Lei 12.663, de 5 de junho de 2012, a entidade fez 236 solicitações. Há 188 aprovadas e sete a caminho. Restam 39 em análise ou recurso. Apenas duas foram definitivamente indeferidas.
 
O pagode entrou na roda porque dá nome à fonte tipográfica da marca do Mundial 2014, aquela das letras gorduchinhas. Como tipologia, pertence para sempre à Fifa. Até 31 de dezembro, integra o grupo de palavras, expressões e imagens que não podem ser usadas em nenhuma atividade comercial. Pagode da Boa, caro Arlindo Cruz, não deve rolar. A diretoria que está mandando é outra. Quem desobedecer pode enfrentar a Justiça.
 
E que a rede carioca de supermercados fique esperta. Mundial com 2014 do lado é coisa da Fifa. Melhor tirar do calendário. O Natal 2014 também está sub judice. Quem mandou fazer da capital do Rio Grande Norte sede do torneio de futebol? De Porto Alegre a Manaus, todas as capitais da Copa estão registradas no INPI. Brasil 2014, idem.
 
É tudo, Dona Fifa explica, para garantir seus próprios direitos e dos patrocinadores sobre uma competição que, em 2010, foi acompanhada por 3,2 bilhões de pessoas no planeta. De cada dólar de receita, 70 centavos vêm das explorações comerciais. Duas dezenas de empresas pagaram caro para relacionar suas marcas à Copa. E a entidade que manda no futebol sua a camisa para coibir o uso indevido de nomes e imagens.
 
Desde 2010, foram 500 casos de violação de direitos. Na maioria, a Fifa notificou extrajudicialmente, e o infrator recuou. Em 2013, na Copa das Confederações, houve cem episódios. Há escritórios de advocacia escalados país afora. Até em portos e aeroportos são feitas ações para impedir liberação de mercadorias piratas.
 
O arsenal da Fifa tem exigido criatividade dos executivos de marketing e dos publicitários. Basta dar uma olhada nas promoções e nos anúncios de quem não entrou no time de patrocinadores. É um tal de seleção de prêmios, goleada de carros, arena, torcida campeã, Brasil em festa. Não é acaso. São palavras não registradas.
 
A bandeira nacional e suas cores estão livres. Escrita sozinha, a copa também não é da Fifa. Pode denominar outras competições, o cômodo vizinho à cozinha ou um tipo de embutido. Deu mais sorte que o pagode. Mas ninguém ousa.
 

Flávia Oliveira, Jornalista, é colunista de O Globo, onde o artigo foi originalmente publicado em 21 de Maio de 2014.

Futebol e Cosmologia

Posted: 21 May 2014 05:24 AM PDT


Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Roberto da Matta
 
Impossível não pensar que o esporte moderno, aperfeiçoado numa Inglaterra protoindustrializada, tenha sido inspirado pelos modelos parlamentares republicanos, nos quais a escolha religiosa e a competição política não conduziam à morte do adversário, mas era um direito a ser respeitado.
 
Parlamentos eleitos e constituições revalidadas por todos num novo papel — o de cidadão, e não mais o de aldeão, plebeu ou aristocrata-cortesão — são os exemplos para essas atividades igualmente agregadoras como os esportes, nos quais o primeiro aprendizado é conhecer e aceitar as regras.
 
Só que o estádio não serve mais para a decisão política que definiria o destino de uma classe ou sociedade, de uma crença ou costume, mas para o gozo não utilitário de assistir a uma prova competitiva feroz, mas governada por normas e por árbitros imparciais.

Um primeiro ponto pode, então, ser assentado. O esporte exprime um cosmo e o jogo, por mais errático que seja o seu resultado, segue rotinas. Tal como uma fábrica inglesa de 1800, ele pode promover a vitória (lucros e produtividade) ou a derrota (vitória do competidor ou falência). Num outro plano, o esporte seria um instrumento de internalização de um tempo objetivo — uma duração quantificada e medida por um relógio. Uma temporalidade que não é feita pelas nossas atividades, mas que nos faz ou nos obriga a fazer certas coisas. Assim, o teatro, o cinema, as corridas de cavalo e todas as competições esportivas começam a ter um tempo para começar e terminar, e o usam como um limite de derrota ou vitória, já que nenhum time de futebol é vitorioso para sempre, mas apenas numa partida. Em outra, ele pode ter de enfrentar o peso da derrota.
 
Essa concretização do tempo que pode ser de trabalho ou lazer — e pode ser comprado ou poupado, mas não deve ser desperdiçado — é algo patente nos esportes modernos e no futebol que amamos e praticamos com maestria. A modernidade transforma o tempo em um jogador cuja atuação pode ser decisiva para o resultado de um jogo. Neste sentido, ele pode ser mais importante do que um jogador.
 
Numa disputa de Copa do Mundo, o tempo é tão sacralizado quanto o de um ritual religioso, digamos — sem pretender ofender suscetibilidades — de uma missa cantada. E tal como na missa, o campo de futebol, com suas linhas e círculos, reproduz na esfera do entretenimento esperanças, coragem, fé, confiança, generosidade, aplicação, disciplina, força de vontade, egoísmo e altruísmo. Todos esses elementos constitutivos do sagrado. Esse sagrado que Durkheim definia como sendo removido do ordinário e do profano.
 
A mais óbvia separação ocorre entre espectadores e jogadores. Os primeiros são profanos e desmarcados; os segundos são marcados e separados: são os que jogam e, como os antigos gladiadores, podem morrer. Estão interditados e circulam numa área tabu, semelhante à do padre no altar. Nela, o goleiro é o que guarda o sacrário, ou o gol que o representa, como o relicário que, se ficar intocado ou virgem, vai produzir a vitória num conjunto de pessoas intermediárias: jornalistas e personagens que fazem parte das margens do ritual.
 
Mas notem que, tal como o sagrado é dos atores e o profano dos torcedores, essa mesma segmentação é refeita no próprio jogo e faz parte de sua estrutura. Temos, assim, o "nosso time" — sagrado para nós; mas profano relativamente ao time adversário.
 
Ninguém pode eliminar essa oposição entre "nós e eles" que tanto perturba o mundo real. Pelo contrário, há incentivos para o combate de um lado e do outro, o que remete ao dualismo perpétuo do bem contra o mal. Sem isso, simplesmente não haveria movimento, jogo e significado.
 
O futebol é um rompimento controlado com a paz, na qual há uma licença para uma guerra em que os dois "exércitos" usam apenas uma bala: a bola, que é de todos e não é de ninguém. A "bola mobile'', que segue quem a controla e a possui com mais competência. Empurrada no sacrossanto espaço do adversário, a bola — como uma hóstia ao contrário — santifica o doador dando-lhe pontos: uma proximidade do céu.
 
A metade de um campo de futebol é estruturalmente idêntica à metade de um templo cristão, inclusive com suas marcações retangulares. Neste esquema, quanto menor a demarcação, maiores o perigo e a sacralização. Como sugeri, o sacrário é o gol que, com sua rede, se torna uma porta invertida, aberta para dentro. Se o beisebol jogado na América estadunidense dramatiza o home run (a corrida para a fronteira e para casa) com que o individualismo americano tanto equaciona o sucesso, pois sair e voltar da base triunfante é o "êxito", o nosso futebol simboliza a luta do bem contra o mal em toda a sua agonia.
Ainda mais...
 
 
Roberto DaMatta é antropólogo. Originalmente publicado em O Globo em 21 de Maio de 2014.

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