sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Até breve

Editorial

Todos os dias, a redação escolhe, traduz em dez línguas e examina o que a imprensa europeia e mundial escreve de mais recente e original sobre a Europa. Não nos interessa a Europa institucional, já bem divulgada, mas a Europa como é vivida pelos homens e mulheres. Esta foi a profissão de fé que fizemos em 26 de maio de 2009, dia em que o Presseurop nasceu. Quatro anos e meio depois, "este sonho de jornalistas e de cidadãos" cumpriu-se, mas tem de parar, por falta de financiamento.

Durante este período, a Europa mudou de rosto. Em 2009, a questão estava em saber se José Manuel Durão Barroso seria reconduzido na chefia da Comissão Europeia e se os irlandeses iriam aprovar o Tratado de Lisboa num segundo referendo. Poucos meses depois, rebentava a crise grega e o cortejo de perigos inerentes para toda a zona euro. Da Irlanda a Portugal, do Fundo Europeu de Estabilização Financeira à união bancária, do "Merkozy" a milhões de jovens desempregados em busca de um futuro, o Presseurop adaptou-se às novas realidades da União Europeia, seguindo o quotidiano dos europeus e analisando os cenários que se apresentavam.

Este trabalho foi feito graças a uma equipa de jornalistas, correspondentes e tradutores – mais de 100 pessoas, ao longo dos anos, a que cabe aqui agradecer efusivamente – que conseguiu conjugar as diferenças de língua, de cultura e de visão do mundo. Numa época em que a União Europeia se dividia entre Norte e Sul, zona euro e exterior à zona euro, elites europeias e cidadãos, o Presseurop revelou-se um laboratório vivo do que pode ser o espaço público europeu.

Em mais nenhum lugar era possível ler editoriais gregos, destaques da imprensa húngara e reportagens retiradas de jornais bálticos, romenos ou alemães. Em mais nenhum lugar era possível comparar as análises dos jornalistas mais influentes da Europa. E sobretudo, em mais nenhum lugar era possível ler e escrever comentários em todos os idiomas, traduzidos automaticamente.

Numa altura em que muitos sites procuram desesperadamente aumentar os números das respetivas audiências, quisemos cultivar laços com uma audiência mais limitada, no sentido latino do termo: a daqueles que ouvem. Durante quatro anos e meio, o leitor ouviu a voz singular do Presseurop e replicou-a através de milhares de comentários e da assinatura da petição de apoio. Por isso, não é um adeus que lhe enviamos hoje, mas um "até já". Apenas pelo tempo necessário para encontrar – por seu intermédio, quem sabe? – meios para retomarmos, o mais depressa possível, o nosso diálogo europeu.

Desde já, para não se cortar a ligação que nos liga a vocês e que vos junta a todos, convidamos-vos a continuarem o debate no blogue Friends of Presseurop, que criámos para este efeito. Venham todos!


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