sexta-feira, 17 de maio de 2013

Portugal

Francisco Seixas da Costa

 

Foram em número de algumas dezenas as pessoas que, na chuvosa e fria noite de ontem, na Fundação Engº António de Almeida, no Porto, se juntaram para ouvir o professor Alberto Castro e eu próprio falarmos de "Diplomacia e comércio externo", no contexto de um ciclo de conferências sobre o novo "Conceito estratégico de Defesa nacional". Foi um debate muito interessante, com ativa participação do público, que, durante mais de duas horas, nos levou a alinhar ideias sobre diversas temáticas que se ligam a questões essenciais para o destino do país.

 

O processo de preparação do "Conceito", como fiz questão de contar na sessão, não foi linear nem isento de alguma polémica criativa. Uma equipa dirigida pelo professor Luís Fontoura, empossada pelo primeiro-ministro e convidada pelo ministro da Defesa, trabalhou, durante alguns meses, para produzir um documento que refletisse linhas prospetivas para enquadrar o nosso futuro coletivo. Nesse grupo de duas dezenas de pessoas, do qual tive a honra de fazer parte, as sensibilidades eram bastante diferentes, embora comum fosse o interesse em colaborar numa tarefa  de reconhecido interesse nacional. 

 

Luis Fontoura - as melhoras, Luís! - conduziu o exercício dando-nos total liberdade, sem tabus que não fossem algumas linhas de óbvio consenso apriorístico: a preservação da independência nacional, a preeminência da soberania do Estado, a integridade do território, a defesa dos valores democráticos e um conjunto de outros valores essenciais. O texto que produzimos foi oportunamente entregue ao governo, que dele extraiu, com a legitimidade que o mandato democrático lhe confere, o que considerou ser essencial e politicamente desejável. Entre o texto elaborado pelo grupo e o documento aprovado pelo governo há algumas diferenças. Naturais e legítimas.  

 

O Instituto de Defesa Nacional, uma estrutura a cujo trabalho os portugueses muito devem, sabiamente conduzido nos últimos anos pelo general Vitor Viana, tem vindo a ser o impulsionador de um trabalho de reflexão sobre o nosso futuro coletivo que, praticamente, não tem hoje par no país. Agora - e muito bem! - decidiu trabalhar com o público as grandes linhas do novo "Conceito" (que substitui um trabalho de idêntica natureza elaborado em 2003), num esforço para ajudar o país a olhar serenamente em frente, desconstruindo as suas fragilidades, dando pistas para a superação das suas insuficiências e, no essencial, tentando pôr-nos a trabalhar sobre o nosso destino comum. Pense cada um o que pensar sobre o novo "Conceito", julgo que seria de grande utilidade que os portugueses o lessem. O que podem fazer aqui


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