No dia da greve, acompanhado apenas pelo conjunto de diplomatas que comigo trabalham, dei comigo a pensar que, em toda a minha vida profissional - e serão 41 anos completos no próximo domingo - nunca fiz um dia de greve. E, não obstante, fui, durante algum tempo, dirigente sindical no Ministério dos negócios estrangeiros.
Confesso que frequentemente tive vontade de faltar ao trabalho, para acompanhar justos protestos coletivos a que, intimamente, muitas vezes me associei. Mas sempre pensei a vida de um diplomata como um "full-time job", um serviço público que funciona como uma espécie de "urgência" hospitalar, que não pode fechar, 24 horas por dia, 365 dias por ano.
Nos diversos locais do mundo onde trabalhei, não recordo alguma vez ter hesitado em atender uma situação de emergência, a qualquer hora do dia ou da noite, nunca recusei ir trabalhar a um sábado, domingo ou feriado, nunca me passou pela cabeça pedir horas extraordinárias ou compensações por isso.
Serei um caso único? Longe disso! Conheço muitos colegas - melhor: trabalho aqui em Paris, hoje em dia, com alguns, bem mais jovens do que eu - que têm exatamente esta mesma perspetiva do serviço público, esse orgulho raro de servirem um "patrão" que consideram diferente dos outros.
Só espero que, no futuro, esses colegas não venham a ter razões para virem a pensar de forma diferente.
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