sexta-feira, 1 de junho de 2012

A crise síria e a crise da nossa imprensa

Sob o elegante título "Portugal corta com embaixadora síria na UNESCO", a edição on-line de um diário de referência traz hoje a seguinte "notícia":

"Portugal decidiu cortar as poucas relações diplomáticas que tinha com a Síria e declarou 'persona non grata' a embaixadora síria junto da Unesco, a qual representava os interesses sírios também em Portugal, noticiou hoje a TSF.

A rádio diz que a decisão do Ministério dos Negócios Estrangeiros português, de Paulo Portas, foi tomada ontem à tarde e concertada com o Presidente da República Cavaco Silva. A decisão surge numa altura em que a comunidade internacional acentua o isolamento da Síria, na sequência do massacre de Houla, no qual morreram 108 pessoas.

A declaração de 'persona non grata' de Lamia Chakkour foi decidida porque em Portugal não havia embaixador sírio acreditado. O facto de Portugal não ter grandes relações diplomáticas com a Síria foi precisamente o que levou a diplomacia portuguesa a aceitar, em 2009, dois ex-detidos sírios de Guantánamo. Nessa altura era ministro dos Negócios Estrangeiros Luís Amado.

O último parágrafo desta notícia, cuja redação, aliás, é de antologia ("as poucas relações diplomáticas que tinha com a Síria"...) é um amontoado de disparates. Dificilmente se conseguiria colocar tantos em tão pouco espaço.
 

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