segunda-feira, 4 de junho de 2012

Ainda sobre as séries.

Os maluquinhos das séries ficam muito zangados quando eu o digo, mas todos os dias há novas provas disso. Depois do boom criativo do início do século, a TV entrou numa verdadeira modorra, praticamente se limitando à repetição de fórmulas. Claro que, pelo meio, surgem objetos razoáveis. Por si só, pois, as notícias de que a NBC está a preparar uma série chamada Hannibal e a MGM outra chamada Clarice não são más. Hannibal Lecter (sobretudo este) e Clarice Starling são personagens de tal forma fortes, que só projetos muito incompetentes falharão em produzir pelo menos um satisfatório entretenimento a partir deles (o mesmo se poderá dizer, aliás, de O Exorcista, que Sean Durkin vai transformar numa minissérie). E, porém, o problema mantém-se: trata-se de fórmulas testadas, a que se recorre principalmente por motivos contabilísticos. Felizmente para a contabilidade, os blogs, os grupos de Facebook e os humoristas do costume cá estarão, para mimetizar as modinhas do Oklahoma, forjar "fenómenos de culto" e, pelo meio, tornar a vender O Dartacão e Os Três Moscãoteiros, o Thriller e, claro, A Guerra das Estrelas, o mais sublime exercício sobre, digamos, mitologia, filosofia e religião que alguma vez se conseguiu executar num planeta provido de água doce (nos outros ainda não se sabe). Tudo o que importa, naturalmente, é saber o nome do ator que fazia de Red Six, repetir de cor as falas de Darth Vader e cair em cima do primeiro que disser que o coordenador de duplos do primeiro episódio foi Bob Anderson. "Ganda estúpido! Não se vê logo que aquilo é trabalho do Peter Diamond?" É assim o "mundo dos fãs": pensar é proibido. Não contem comigo.

por JOEL NETO - DN

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