duas ou três coisas | |
Posted: 06 Feb 2014 06:11 PM PST Imagino que, para alguns jovens de hoje, o termo "saneamento" não ultrapasse a ideia de redes de esgotos e canalizações. Porém, se acaso tivessem vivido uma vida adulta após a Revolução de abril, saberiam que o termo foi então abundantemente utilizado para significar o afastamento forçado de pessoas de algumas estruturas e instituições, quer por alegadas ligações ao regime ditatorial quer, num momento subsequente, por acusações de resistência ao "processo revolucionário" então em curso. O caso do afastamento de mais de duas dezenas de jornalistas do "Diário de Notícias" foi um dos "saneamentos" que então gerou mais polémica. É que muitos dos "saneados" estavam longe de poderem ser qualificados de "fascistas", sendo apenas pessoas que resistiam ao controlo do jornal por uma linha muito próxima do PCP. Pode dizer-se que pelo DN passou então a fronteira da clivagem mais evidente no seio da Revolução. Nomes como José Saramago ou Luis de Barros emergiram, a partir daí, como os principais responsáveis por essa operação política, que ficou na história do jornalismo português. Foi agora anunciado o lançamento de um livro que recolhe uma tese universitária sobre o tema. Atento o que se conhece sobre o nível da orientação académica do trabalho, deve esperar-se um texto rigoroso. Veremos se assim é. Alguma polémica em torno da utilização de uma imagem do jornal como capa está a funcionar como involuntária propaganda para o lançamento da obra, que irei ler com cuidado, como julgo que fiz com quase tudo o que se escreveu sobre aquela época. Zita Seabra, a operosa editora da Alethêa, que publica o livro, aparece, uma vez mais, na linha da frente de uma iniciativa que, diga-se o que se disser, pretende confrontar os comunistas com o seu passado. Como "voyeur" regular desses tempos, só me posso congratular com o facto de novos dados virem à tona. Isso não teria, assim, nada de mal, não fora dar-se o caso dessa mesma Zita Seabra ter sido, à época, uma das mais ferozes e sectárias militantes do PCP. Reconheço o direito a que as pessoas mudem de opinião e assumam a sua distância face a um passado a que entendem já não deverem fidelidade. Mas acho que alguma maior contenção seria recomendável. Nunca é agradável ouvir um membro de um casal desavindo fazer revelações sobre a intimidade dos seus antigos tempos. |
Posted: 06 Feb 2014 11:10 AM PST Começava a ser estranho! O avião chegara à Portela já há cerca de uma hora e nem sinais havia do advogado britânico que, nessa manhã, se deslocara a Lisboa para aquela reunião. E, por imprudência, ninguém na empresa tinha o seu telefone. Ter-se-ia perdido? Era a primeira vez que o homem vinha a Portugal e, infelizmente, não fora possível enviar um carro para ir buscá-lo ao aeroporto. Mas o trajeto era relativamente curto e, de taxi, bastaria, no máximo, um quarto de hora. Que fazer? Começar a reuniào sem ele? De súbito, um dos contactos do advogado na empresa recebe um telefonema. Era o homem! Vinha de taxi e informou: "Estou a chegar! Já estou a atravessar a ponte!" Os taxistas do aeroporto de Lisboa são um dos "orgulhos" do nosso país. Lembrei-me ontem à noite desta história, que alguém há dias me contou, ao sair do aeroporto de Lisboa para casa. Pelo caminho mais direto. |
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