Já uma vez por aqui falei de A. Campos Matos, uma das pessoas que, na minha opinião, ao longo das últimas décadas mais tem contribuído, em língua portuguesa, para a divulgação e aprofundamento de vários aspetos da vida e da obra de Eça de Queirós. Tenho pelo seu trabalho uma imensa admiração e, devo dizê-lo, tenho como intenção, após o meu regresso definitivo a Portugal, conhecê-lo pessoalmente, a fim de lha testemunhar.
Um amigo enviou-me agora o seu "Eça de Queiroz - silêncios, sombras e ocultações", uma interessante recolha de ensaios que teve uma primeira edição (embora mais limitada) no Brasil, terra onde a memória de Eça é tratada com desvelo e muita atenção.
Com a vida, aprendi que a devoção comum às grandes figuras literárias está longe de ser um fator de unidade dos devotos, como ingenuamente se poderia supor. Há dias, a propósito da colocação de uma placa na primeira morada de Eça de Queiroz em Paris, fui objeto de remoques de um descendente, que entendia que eu teria o dever de o convocar para o ato. Pelos vistos, A. Campos Matos também não escapa a estas polémicas, desta vez noutra sede, como o revela um opúsculo que publicou, chamado "Um caso insensato da cultura nacional - querela inútil mas inevitável".
O que Eça se haveria de divertir se soubesse as "guerra" de Alecrim e Manjerona que a sua memória ainda suscita.
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