Aprendi com um anúncio de televisão da Swatch que um minuto nem sempre é um minuto – ou se quiserem que há minutos mais iguais que outros. Tendo como banda sonora a fantástica voz de Midge Ure cantando "Breathe" , o anúncio mostrava-nos que quando estamos aflitinhos para fazer chichi os 30 segundos demoram muitíssimo mais tempo a passar do que quando partilhamos o elevador com uma sósia da Scarlett Johanssen enfiada dentro de um vestido justo e curto. O tempo varia não só em função das situações que mede, mas das pessoas que dispõem dele e da actividade que exercem. Na final da Champions, que durou 120 minutos, Cristiano Ronaldo teve a bola nos pés apenas 1m59s. Menos de dois minutos de intervenção chegaram para fazer dele o jogador mais valioso da mais importante competição europeia, a quem o Real Madrid acena com um contrato em que ganhará mais numa semana do 9,9 milhões de portugueses receberão durante o resto das suas vidas. No debate entre os quatro candidatos à liderança do PSD, a TVI atribui 12 minutos exactos para cada um deles expor as suas ideias, um tempo aparentado ao que foi concedido no mesmo horário televisivo a José Castelo Branco e outros pândegos do Big Brother. É tudo uma questão de tempo. Ao encurtar para 30 dias o prazo de reembolso do IVA às empresas da construção civil, o Governo está a aliviá-las de encargos com juros. Se o tempo é mesmo dinheiro, devíamos aprender a saber geri-lo melhor para evitar desperdícios. Não saber trabalhar é um das principais causas da fraca produtividade que debilita a nossa economia e prejudica a sua competitividade. Numa edição antiga da Fortune, li a história de sucesso de uma empresa que se dedica a arrumar a secretária de executivos. Os seus colaboradores são consultores especializados, que reúnem todas as informações sobre o processo de trabalho e necessidades do cliente para depois lhe proporem um plano de organização dos papéis e documentos no tampo e gavetas da sua secretária. O objectivo é poupar-lhes tempo. A Universidade ensina-nos quase tudo - menos a saber trabalhar. E a maior parte das empresas ainda não reparou que tem tudo a ganhar em preencher essa lacuna e fornecer formação nesta disciplina aos seus recursos humanos. Há imensas pessoas nas nossas empresas cheias de qualidade e de boa vontade que só não são mais eficazes porque ainda ninguém lhes ensinou a distinguir o que é urgente do que é prioritário e não aprenderam que agir é sempre melhor que reagir. No desporto, os atletas de alta competição são treinados para conseguir realizar a melhor "performance" em menos tempo – e submetidos a cargas horárias doseadas cientificamente para evitar lesões. Nas empresas, os trabalhadores devem ser preparados para serem eficazes, produzindo mais e melhor em cada vez menos tempo – e submetidos a cargas horárias razoáveis para evitar "stress" e a "depressão".Se o tempo é dinheiro porque é que teimamos em desperdiçá-lo? Ninguém anda aí pelas ruas a espalhar notas de 20 euros, pois não?
Jorge Fiel
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