segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Feira popular

Há dias, passei junto a uma "fête foraine" que, todos os anos, por alguns meses, se instala no jardim das Touileries, no centro de Paris. Não tem nada de especial, para além dos "carrinhos", "cadeirinhas", carrocéis e coisas assim, a culminar numa roda gigante, tudo apoiado em alguns comes-e-bebes e gelados. Mas anda por lá um mar de gente.

Há uma semana, em Lisboa, do táxi que me levava ao aeroporto, olhei o espetáculo desolador da antiga Feira Popular, um espaço onde o nada está agora murado por cartazes, tendo no topo o triste esqueleto do velho (e histórico, por muitas razões) teatro Vasco Santana. Já perdi de vista o folhetim do destino daquele terreno, feito de algumas megalomanias, de negócios cruzados e falhados (?), dos inevitáveis e eternos processos jurídicos que parece serem a nossa sina e, claro, de muita incompetência, como sempre entre nós, nunca punida.
 
A Feira Popular de Lisboa estava longe de ser um lugar requintado, com o é o Tivoli de Copenhague, mas era um espaço verdadeiramente popular, onde uma certa Lisboa e arredores parava nos fins de semana de alguns meses do ano. Por lá havia, para além das simples amenidades habituais deste tipo de locais, alguns restaurantes baratuchos com sardinhas, febras, cervejolas e vinho a jarro, para terminar a sazonal experiência do ó-freguês-vai-um-tirinho? ou do "comboio fantasma". Admito que não tivesse um grande futuro económico à sua frente, mas o seu encerramento o que é que trouxe à cidade, em troca? Apenas o "poço da morte", um espaço vazio. Os responsáveis por essa "obra" estarão contentes? Ninguém diz nada? Será que Portugal entrou mesmo numa irrecuperável letargia?

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