quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Primeiro contacto técnico do FMI

Este texto de ficção irónica e cómica, mostra-nos tal e qual como somos, de alto a baixo: uns merdas... salvo as excepções claro!

 Primeiro contacto técnico do FMI

Conversa entre o taxista e o elemento do FMI, entre o Aeroporto e o Hotel. 

Hotel Tivoli? Daqui, do aeroporto, é um tiro... Então o amigo é o camone que vem mandar nisto?
A gente bem precisa. Uma cambada de gatunos, sabe?
E não é só estes que caíram agora. É tudo igual, querem é tacho.
Tá a ver o que é? Tacho, pilim, dólares.
Ainda bem que vossemecê vem cá dizer alto e pára o baile...
O nome da ponte? Vasco da Gama. A gente chega ao outro lado, vira à direita, outra ponte, e estamos no hotel.
Mas, como eu tava a dizer, isto precisa é de um gajo com pulso.
Já tivemos um FMI, sabe? Chamava-se Salazar.
Nessa altura não era esta pouca-vergonha, todos a mamar. E havia respeito...
Ouvi na rádio que amanhã o amigo já está no Ministério a bombar.
Se chega cedo, arrisca-se a não encontrar ninguém. É uma corja que não quer fazer nenhum.
Se fosse comigo era tudo prà rua. Gente nova é qu'a gente precisa.
O meu filho, por exemplo, não é por ser meu filho, mas ele andou em Relações Internacionais
e eu gostava de o encaixar.
A si dava-lhe um jeitaço, ele sabe inglês e tudo, passa os dias a ver filmes.
A minha mais velha também precisa de emprego, tirou Psicologia, mas vou ser sincero consigo:
em Junho ela tem as férias marcadas em Punta Cana, com o namorado.
Se me deixar o contacto depois ela fala consigo, ai fala, fala, que sou eu que lhe pago as prestações do carro.
Bom, cá estamos. Um tirinho, como lhe disse.
O quê, factura? Oh diabo, esgotaram-se-me há bocadinho.

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