O chefe da investigação do acidente com o avião da Air France disse nesta quarta-feira que estava descontente pelo fato de um patologista francês não ter obtido permissão para tomar parte nas autópsias realizadas pelo Brasil nos corpos recuperados após a queda da aeronave.
A Secretaria de Defesa Social de Pernambuco, que coordena os trabalhos de identificação dos corpos, negou as alegações.
Embarcações brasileiras e francesas ainda estão procurando destroços e corpos do aparelho que caiu no Oceano Atlântico quando se dirigia do Rio de Janeiro para Paris no dia 1o último, matando todos os 228 ocupantes.
Paul-Louis Arslanian, chefe da agência BEA, encarregada de investigar o acidente, pediu cautela nas especulações quanto às causas do desastre, mas disse que os peritos estão chegando um pouco mais perto de compreender o que aconteceu.
"Estamos chegando um pouco mais perto de nossa meta, mas não me perguntem qual é a porcentagem de esperança", disse Arslanian em uma coletiva de imprensa, enfatizando que as condições em uma área remota do oceano estão entre os maiores desafios na investigação do acidente aéreo.
Ele disse que um patologista francês enviado ao Brasil não tinha sido autorizado a participar das autópsias dos corpos recuperados e a França não teve acesso aos resultados.
Durante sua entrevista televisionada, ele se negou a falar mais sobre o assunto, mas depois foi pressionado por repórteres a dizer se estava insatisfeito com a falta de acesso do médico francês às autópsias.
"Não estou contente. No fim, espero obter uma explicação. No momento isto é um fato e nada mais. Por favor, não tentem criar problemas entre a França e o Brasil", afirmou ele.
Procurada pela Reuters, a Secretaria de Defesa Social de Pernambuco negou as alegações. Segundo sua assessoria de imprensa, quatro peritos indicados pela embaixada francesa estão tendo acesso aos trabalhos de identificação dos corpos na condição observadores, conforme acertado entre o Itamaraty e a embaixada francesa.
"Essa declaração nos pegou de surpresa", disse um assessor da secretaria, que coordena os trabalhos de identificação dos corpos no Instituto Médico Legal (IML) do Recife.
PACIÊNCIA
Um número quase igual de passageiros brasileiros e franceses morreu na queda do Airbus A330 e os dois países se empenham em mostrar que estão fazendo o máximo que podem para recuperar corpos e compreender as causas do desastre.
Arslanian pediu que o público mostre "muita paciência" e se restrinja aos fatos em vez de se deixar levar por especulações.
A agência de investigação informou até o momento que os dados transmitidos do aparelho antes da queda indicam leitura inconsistente de velocidade pelos sensores da aeronave, mas afirmou que ainda é muito cedo para dizer se isso contribuiu para o acidente.
Para estabelecer as causas da queda, a pior na história da Air France, equipes de busca têm de recuperar as caixas de gravação dos dados de vôo, as chamas "caixas-pretas".
Mas o fundo do mar onde se acredita que o avião tenha caído é montanhoso, o que significa que os destroços podem estar depositados em uma profundidade estimada entre 1 quilômetro e 4 quilômetros, disseram investigadores.
O sinal localizador das caixas-pretas envia um impulso eletrônico a cada segundo por pelo menos 30 dias. O sinal pode ser ouvido a até 2 quilômetros de distância.
"A meta é compreender o que aconteceu e para isso nós precisamos de ferramentas e essas ferramentas têm de ser fatos. Os registros (do vôo) são registros de fatos. Se nos os tivéssemos teríamos mais fatos à nossa disposição", disse Arslanian.
(Reportagem adicional de Fabio Murakawa, em São Paulo)
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