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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Os imbecis que destruíram Portugal

A dívida do nosso país pode ter muitas causas. Endógenas e exógenas, micro e macroeconómicas, conjunturais ou estruturais.  Há todavia um traço comum que, a meu ver, é a principal causa do estado a que chegámos, independentemente das dificuldades que todos os países enfrentam, da crise internacional e de tudo o resto que gostam de nos vender.

A causa de que falo é simples e nada tem de rebuscada: o nosso país tem sido governado por um grupo de pacóvios com tiques de parolo. Os novo-riquismo da política portuguesa é sem duvida o maior cancro da democracia partidária.

O dinheiro público, quando gasto de forma racional, não é contabilizável. A boa utilização destes recursos traduz-se em melhorias que, direta ou indiretamente, permitem à sociedade manter níveis de desenvolvimento elevado. E só com desenvolvimento o crescimento pode ser sustentável. E o pior é que isto nunca aconteceu neste país.

De que serve construir dezenas e dezenas de autoestradas se não temos dinheiro para nelas circular, nem tão pouco para as pagar ou sustentar? O maior centro comercial da europa? A maior ponte da europa? E ter alguma coisa à nossa medida, não pode ser? É coisa de pobre? De que serve gastarmos milhões em formação se não temos empregos? E aeroportos sem aviões? E dezenas de estádios de futebol às moscas? E escolas sem alunos? Submarinos ou cortes na saúde? Tanques ou reformas? E parcerias feitas para o Estado ser prejudicado? Privatizações em cima do joelho? E os dinheiro que jorrou da UE durante décadas, em que foi investido? Snack bares atrás do sol-posto? Jipes para passear nos montes alentejanos? Não querem gastar a próxima tranche da Troika em plasticina e paus de giz? Quem gastou o que não devia? Quem gastou o que não tinha? Quem gasta o que não tem? Que futuro pensavam estas alminhas iluminadas que iriamos ter? Imbecis.

A forma abusiva, parola, irresponsável, impune, pacóvia, descontrolada, despesista, acéfala e em muitos casos socialmente 'criminosa' como sucessivas gerações de governantes têm vindo a desbaratar o património de todos, os bens e o dinheiro que deveria ser alvo de uma gestão cuidada e rigorosa, é a principal causa do estado de falência em que estamos. O novo-riquismo, a falta de visão, a falta de formação, qualidade e competência dos políticos portugueses é a principal causa desta crise. A génese desta crise é política. Mas infelizmente a irresponsabilidade destas pessoas é directamente proporcional às responsabilidades exigidas pelos mesmos aos portugueses, com as quais são permanentemente confrontados, sem terem culpa alguma. Comemos e calamos.

Ler mais: http://expresso.sapo.pt/os-imbecis-que-destruiram-portugal=f770230#ixzz2DfGjBmVf

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

A INSUSTENTABILIDADE DA SEGURANÇA SOCIAL

A Segurança Social nasceu da Fusão (Nacionalização) de praticamente todas as Caixas de Previdência existentes, feita pelos Governos Comunistas e Socialistas, depois do 25 de Abril de 1974.
As Contribuições que entravam nessas Caixas eram das Empresas Privadas (23,75%) e dos seus Empregados (11%).
O Estado nunca lá pôs 1 centavo.
Nacionalizando aquilo que aos Privados pertencia, o Estado apropriou-se do que não era seu.
Com o muito, mas muito dinheiro que lá existia, o Estado passou a ser "mãos largas"!
Começou por atribuir Pensões a todos os Não Contributivos (Domésticas, Agrícolas e Pescadores).
Ao longo do tempo foi distribuindo Subsídios para tudo e para todos.
Como se tal não bastasse, o 1º Governo de Guterres (1995/99) criou ainda outro subsídio (Rendimento Mínimo Garantido)
em 1997, hoje chamado RSI.
E tudo isto, apenas e só, à custa dos Fundos existentes nas ex-Caixas de Previdência dos Privados.
Os Governos não criaram Rubricas específicas nos Orçamentos de Estado, para contemplar estas necessidades.
Optaram isso sim, pelo "assalto" àqueles Fundos.
Cabe aqui recordar que os Governos do Prof. Salazar, também a esses Fundos várias vezes recorreram.
Só que de outra forma: pedia emprestado e sempre pagou. É a diferença entre o ditador e os democratas?
Em 1996/97 o 1º Governo Guterres nomeou uma Comissão, com vários especialistas, entre os quais os Profs. Correia de Campos e Boaventura de Sousa Santos, que em 1998, publicam o "Livro Branco da Segurança Social".
Uma das conclusões, que para este efeito importa salientar, diz respeito ao Montante que o Estado já devia à Segurança Social,ex-Caixas de Previdência, dos Privados, pelos "saques" que foi fazendo desde 1975.
Pois, esse montante apurado até 31 de Dezembro de 1996 era já de 7.300 Milhões de Contos, na moeda de hoje, cerca de 36.500 Milhões ?.
De 1996 até hoje, os Governos continuaram a "sacar" e a dar benesses, a quem nunca para lá tinha contribuído, e tudo à custa dos Privados.
Faltará criar agora outra Comissão para elaborar o "Livro NEGRO da Segurança Social", para, de entre outras rubricas, se apurar também o montante actualizado, depois dos "saques" que continuaram de 1997 até hoje.
Mais, desde 2005 o próprio Estado admite Funcionários que descontam 11% para a Segurança Social e não para a CGA e ADSE.
Então e o Estado desconta, como qualquer Empresa Privada 23,75% para a SS?
Claro que não!...
Outra questão se pode colocar ainda.
Se desde 2005, os Funcionários que o Estado admite, descontam para a Segurança Social, como e até quando irá sobreviver a CGA e a ADSE?
Há poucos meses, um conhecido Economista, estimou que tal valor, incluindo juros nunca pagos pelo Estado, rondaria os 70.000 Milhões?!
Ou seja, pouco menos, do que o Empréstimo da Troika!...
Ainda há dias falando com um Advogado amigo, em Lisboa, ele me dizia que isto vai parar ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem.
Há já um grupo de Juristas a movimentar-se nesse sentido.
A síntese que fiz, é para que os mais Jovens, que estão já a ser os mais penalizados com o desemprego, fiquem a saber o que se fez e faz também dos seus descontos e o quanto irão ser também prejudicados, quando chegar a altura de se reformarem!...
Falta falar da CGA dos funcionários públicos, assaltada por políticos sem escrúpulos que dela mamam reformas chorudas sem terem descontado e sem que o estado tenha reposto os fundos do saque dos últimos 20 anos.
Quem pretender fazer um estudo mais técnico e completo, poderá recorrer ao Google e ao INE.
SEM COMENTÁRIOS...mas com muita revolta....
  *RECEBI E CÁ ESTOU A REENVIAR* !!!
Sabem que, na bancarrota do final do Século XIX que se seguiu ao ultimato Inglês de 1890, foram tomadas algumas medidas de redução das despesas que ainda não vi, nesta conjuntura, e que passo a citar:
A Casa Real reduziu as suas despesas em 20%; não vi a Presidência da República fazer algo de semelhante.

Os Deputados ficaram sem vencimentos e tinham apenas direito a utilizar gratuitamente os transportes públicos do Estado (na época comboios e navios); também não vi ainda nada de semelhante na actual conjuntura nem nas anteriores do Século XX.
SEM COMENTÁRIOS.
ACORDA POVO, PORQUE A NAÇÃO DE TI PRECISA... TEU GRITO SERÁ A TUA ARMA...
Aqui vai a razão pela qual os países do norte da Europa estão a ficar cansados de subsidiar os países do Sul.
Governo Português:
3 Governos (continente e ilhas)
333 deputados (continente e ilhas)
308 câmaras
4259 freguesias
1770 vereadores
30.000 carros
40.000(?) fundações e associações
500 assessores em Belém
1284 serviços e institutos públicos
Para a Assembleia da República Portuguesa ter um número de deputados "per capita" equivalentes à Alemanha, teria de reduzir o seu número em mais de 50%
O POVO PORTUGUÊS NÃO TEM CAPACIDADE PARA CRIAR RIQUEZA SUFICIENTE, PARA ALIMENTAR ESTA CORJA DE GATUNOS!
É POR ESTAS E POR OUTRAS QUE PORTUGAL É O PAÍS DA EUROPA EM QUE SIMULTÂNEAMENTE SE VERIFICAM OS SALÁRIOS MAIS ALTOS A NÍVEL DE GESTORES/ADMINISTRADORES E O SALÁRIO MÍNIMO MAIS BAIXO PARA OS HABITUAIS ESCRAVIZADOS. ISTO É ABOMINÁVEL!
ACORDA, POVO! ESTAS, SIM, É QUE SÃO AS GORDURAS QUE TÊM DE SER ELIMINADAS E NÃO AS QUE O GOVERNO FALA.

Carta aberta: “O Governo está a fazer caminhar o País para o abismo”

O documento apela ao primeiro-ministro a que "altere, urgentemente, as opções políticas que vem seguindo", sob pena de dever "retirar as consequências políticas que se impõem, apresentando a demissão" ao Presidente da República.

CT da RTP fala em “Estado dentro do Estado”


A Comissão de Trabalhadores da RTP afirmou esta quarta-feira que o caso do visionamento pela PSP das imagens registadas em bruto pelas diversas câmaras da RTP (a que a CT chama de "brutosgate") revela as manobras de bastidores de "um Estado dentro do Estado", já que "o caráter político do caso não diz respeito a uma política oficial, transparente e assumida por órgãos de soberania responsáveis perante o escrutínio popular".

Eugénio Lisboa


Gostava muito de poder estar presente amanhã, em Lisboa, no Centro Nacional de Cultura (rua António Maria Cardoso, 68), pelas 18.00 horas, no lançamento do primeiro volume das memórias de Eugénio Lisboa, apresentadas por Guilherme de Oliveira Martins.

Na Londres da primeira metade dos anos 90, ao final da tarde, num tempo bem antigo em que ainda havia tempo nas embaixadas para conversas, recordo-me de algumas nos sofás azuis do meu gabinete em Belgrave Square, com o António Almeida Lima, o Jorge Torres Pereira e o Caldeira Guimarães, ouvindo histórias desse velho Moçambique colonial, contadas pelo Eugénio e pelo Rui Knopfli. Era a lembrança das polémicas literárias e da discussão em torno da poesia de Reinaldo Ferreira (filho), do mundo dos jornais locais e do recorte de figuras de jornalistas como o António de Figueiredo (que então vivia também em Londres), era a memória das artes de António Quadros (pintor) e Malangatana, era a política, desde Jorge Jardim às aventuras da oposição à ditadura, neste caso com saliência para Almeida Santos, os "democratas de Moçambique" e a igreja inquieta, bem como os prelúdios visíveis da Frelimo. Julgo que, num outro volume das suas memórias, o Eugénio vai-nos também conduzir por aí, pela certa.

Não faço ideia se o Jorge Torres Pereira, hoje embaixador em Bangkok, brevemente a caminho de Pequim, se recorda de um comentário que um dia fez, e que tenho na memória, depois de uma dessas charlas a duas vozes - distintas, polémicas, às vezes cáusticas e cruéis, mas ambas imensamente cultas e com imensa graça: "Você já reparou no privilégio que temos de poder, um dia, vir a evocar estas conversas com dois intelectuais que viveram experiências como o Lisboa e o Knopfli?".

É verdade. Já não temos o Knopfli conosco, com o seu inseparável cigarro, às vezes com o cão debaixo do braço (até que eu proibi a entrada do bicho no escritório...). Mas o Eugénio Lisboa, a quem daqui envio um forte abraço, continua a dar testemunho da sua imensa e inesgotável vivacidade intelectual.

Salvaterra: A mentira teve perna curta

O PS em Salvaterra de Magos tem o Bloco como principal inimigo. Não é um exagero. O seu inqualificável comportamento no processo da RATA - reforma administrativa territorial autárquica - só veio comprovar esse facto. Mesmo num assunto como a rejeição da eliminação de freguesias, em que se criou tanto consenso no município, o PS não conseguiu colaborar para a unidade da esquerda nesse combate.

Consequências das políticas neoliberais nos transportes

Nunca os prejuízos foram tão altos, a dívida ultrapassou os 20 mil milhões de euros e acentuou-se a transferência dos cidadãos para os capitalistas através do pagamento de juros. É hora de mudar de rumo.

Notas polémicas

Não gosto do politicamente correto e apetece-me dizer o que penso. É para isso que serve um blogue. E isso leva-me a duas notas, propositadamente tardias, as quais, imagino, podem não ser do agrado de alguns dos meus amigos. É a vida...

1. Não gostei de ouvir as declarações da dirigente do Banco Alimentar contra a Fome, Isabel Jonet, sobre a temática do empobrecimento da sociedade portuguesa, numa insensível confusão entre quem é pobre com quem o não é. Um pouco a exemplo do que já aconteceu no passado com Fernando Nobre, é prudente que pessoas que estejam envolvidas em áreas que relevam da intervenção solidária da sociedade civil sejam muito parcimoniosas, na sua expressão mediática, em tudo quanto não se ligue diretamente da promoção das suas atividades. Ao saírem desse estatuto, por tentação de mandarem "bitaites" em áreas de política geral, fragilizam-se e, paralelamente, enfraquecem as próprias entidades por que são responsáveis. Não gostaria de ver alguém a retrair-se de contribuir para as atividades do Banco Alimentar contra a Fome só por não ter concordado com o que Isabel Jonet disse - como me dizem que hoje já acontece com a AMI, depois da aventura política de Fernando Nobre. Dito isto, convém deixar muito claro: Isabel Jonet tem uma obra magnífica à frente do Banco, é uma pessoa a quem o país deve imenso, em termos de empenhamento e dedicação, ao longo de vários anos. Esse excecional património deveria ter sido tomado em conta por quantos a criticaram, por vezes de forma soez.

2. A procura pela polícia, junto da RTP, das imagens dos incidentes violentos junto à Assembleia da República, no dia da greve geral, é uma questão séria. Por duas razões. Se eventualmente não foram seguidos os procedimentos que a lei determina, e se isso ficar provado, esperam-se punições rigorosas ao níveis oficiais adequados, porque a culpa não pode continuar a morrer solteira em Portugal, se pretendemos continuar a ser vistos como um Estado de direito, mesmo em tempos de exceção. Não há interesse nacional que justifique a via da ilegalidade, em especial por parte de quem compete combatê-la. Mas há um segundo aspeto a ter em conta. A polícia, que estava a proteger o edifício da Assembleia, foi provocada e agredida, de forma sistemática e inaceitável, por um bando de energúmenos. Acho perfeitamente normal que o Estado se proteja e tente identificar e responsabilizar criminalmente quem não respeita a autoridade legítima e atenta contra o património público e privado (bancos, viaturas e outros bens). E que o faça utilizando, para tal, todos os meios disponíveis, desde que em estrita observância da lei. Quando vejo alguns comentadores como que a desculparem os arruaceiros, gostava de saber se persistiriam nessa simpatia se acaso os seus carros pessoais tivessem sido danificados nas ruas vizinhas do palácio de S. Bento, como aconteceu a muito boa gente.

É o que eu penso. Não gostam? "Dommage"...

Propostas do Bloco para o OE2013

Divulgamos aqui as propostas do Bloco de Esquerda para o OE para 2013, que constituem uma outra visão para a consolidação orçamental, alternativa à política de austeridade do Governo PSD e da troika. As propostas concretizam também as 6 medidas fundamentais para salvar a economia, que o partido propôs.

190 propostas para salvar a economia e proteger o emprego

Com estas propostas, o Bloco de Esquerda pretende garantir espaço orçamental para o investimento e a criação de emprego, diminuindo os encargos aonde não existe o risco de recessão: nos juros da dívida.

Enumeramos aqui 8 medidas principais, que se destacam e estão concretizadas nas 190 propostas apresentadas:

Propostas na área das Finanças e Dívida Pública


Propostas na área das Finanças e Dívida Pública, em pdf, apresentadas pelo Bloco de Esquerda.



Destacamos as seguintes propostas:



- Eliminação da sobretaxa sobre o IRS.



- Redução dos Juros da Dívida.



- Resgate público das Parcerias Público-Privadas.

Por Eça


Foto de Hermano Sanches Ruivo

Dou comigo a imaginar o que pensaria José Maria Eça de Queiroz da homenagem que hoje, dia do seu aniversário, lhe prestámos aqui em Paris, afixando uma placa na primeira das três moradas que teve na capital francesa, cidade onde viria a morrer, em 16 de agosto de 1900, com 54 anos, como Cônsul-geral de Portugal.

Conhecendo o verbo do meu "colega", nem quero pensar o modo como "fuzilaria" esta iniciativa e como ironizaria essa ideia da afixação destes marcos comemorativos. Correndo embora o risco virtual dessa sua quase inevitável diatribe crítica, lá estivemos, cerca de uma trintena de pessoas, nessa homenagem simples à figura maior que honra a memória portuguesa nesta cidade.

De Lisboa, deslocou-se expressamente para o ato Fernando Guedes, presidente do Círculo Eça de Queiroz. Tivémos também o gosto da presença de Hermano Sanches Ruivo, um eleito de origem portuguesa, que ocupa lugar de destaque na municipalidade da capital. Mas, igualmente, tradutoras de Eça, professores portugueses e diversas outras pessoas aceitaram o nosso convite e testemunharam a inauguração formal da placa. A qual, a partir de hoje, passa a figurar numa casa onde, por uma feliz (embora nada surpreendente) coincidência, a "concierge" é da nacionalidade de Eça, e se juntou à comemoração, bem como ao pequeno encontro que, com todos, organizámos depois na Embaixada.

CGTP convoca duas jornadas de luta para dezembro

Nesta quinta feira, a reunião do Conselho Nacional da CGTP fez o balanço da Greve Geral, tendo considerado que ela constituiu um grande êxito na luta contra a política de direita e contra o OE para 2013. Arménio Carlos salientou também a luta contra a austeridade na Europa e os protestos realizados noutros países europeus, nomeadamente a greve geral em Espanha.

Universidade Lusíada obrigada a indemnizar família de aluno que morreu após praxe


Em acórdão datado do passado dia 8 de Novembro e divulgado pela agência Lusa, a secção cível da Relação do Porto julga improcedente uma apelação da universidade, confirmando a sentença recorrida, que condena a ré a pagar mais de 90 mil euros aos familiares de Diogo Macedo.

Equador aprova lei que reduz lucro dos bancos privados para aumentar prestações sociais.

O governo do presidente Rafael Correa vai aumentar os impostos dos bancos para subir o valor do subsídio de desenvolvimento humano - que é uma espécie de bolsa família equatoriana - de 27 para 39 euros mensais, a partir de janeiro do ano que vem. Atualmente, um milhão e novecentas mil pessoas recebem o subsídio no país, entre mães de famílias pobres, idosos e portadores de deficiência.

Perto de 100 mil crianças e jovens deixaram de receber abono de família.

Em julho, a direção do ISS determinou que o prazo limite dado aos titulares de abono maiores de 16 anos para fazer prova de que estão matriculados num estabelecimento de ensino seria antecipado em três meses, passando do final de outubro para o final de julho.

Irlanda: Mulher morreu em hospital que lhe recusou terminar gravidez inviável

Grávida de 17 semanas, Savita Halappanavar, uma dentista indiana, foi informada pelos médicos do hospital irlandês de Galway que o feto não era viável. Disseram-lhe também que nada podiam fazer enquanto houvesse batimento cardíaco. Savita morreu uma semana depois, de septicemia.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

CDS chumba proposta do Bloco apresentando-a, depois, como sua

O fim-de-semana ficou marcado pelas notícias de mais um desentendimento entre os dois partidos da coligação governamental. Na origem da pretensa discórdia estava a lei de financiamento dos partidos, com o CDS a tornar público que defendia um corte de 50% nas despesas das campanhas mas que o PSD rejeitou a sua pretensão e obrigou o partido de Paulo Portas a "congelar" a sua pretensão.

Fundamentalista eleito Comissário Europeu da Saúde

A proposta de Borg, que vem substituir o seu compatriota John Dalli, implicado num escândalo de tráfico de influências, suscitou viva polémica no Parlamento Europeu, acabando por ser aprovado com o voto de 386 eurodeputados contra 281 e 28 abstenções. A visão fundamentalista do novo comissário quase lhe custou o lugar na Comissão liderada por Durão Barroso.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

"Quanto pior está o país, mais positiva é a avaliação da troika"

A proposta de quadro financeiro plurianual da União Europeia para o período 2014-2020 será debatida esta semana no Conselho Europeu e dominou o debate do primeiro-ministro com os deputados. "A proposta que será discutida avança com uma diminuição global de cerca 80 mil milhões de euros relativamente à proposta da Comissão", disse Passos Coelho aos deputados, não escondendo que preferia a proposta de Durão Barroso.

"Carta Aberta" ao Presidente

 

 

Carta publicada no Facebook, por Carlos Paz                              


Meu caro Ilustre Prof. CAVACO SILVA,

Tomo a liberdade de me dirigir a V. Exa., através deste meio
[o Facebook],  uma vez que o Senhor toma a liberdade de se dirigir a mim da mesma forma.
É, aliás, a única maneira que tem utilizado para conversar comigo (ou com qualquer dos outros Portugueses, quer tenham ou não, sido seus eleitores).

Falando de eleitores, começo por recordar a V. Exa., que nunca votei em si, para nenhum dos cargos que o Senhor tem ocupado, praticamente de forma consecutiva, nos últimos 30 anos em Portugal (Ministro das Finanças, Primeiro Ministro, Primeiro Ministro, Primeiro Ministro, Presidente da República, Presidente da República).

No entanto, apesar de nunca ter votado em si, reconheço que o Senhor:
1) Se candidatou de livre e espontânea vontade, não tendo sido para isso coagido de qualquer forma e foi eleito pela maioria dos eleitores que se dignaram a comparecer no acto eleitoral;
2) Tomou posse, uma vez mais, de livre vontade, numa cerimónia que foi PAGA POR MIM (e por todos os outros que AINDA TINHAM, nessa altura, a boa ventura de ter um emprego para pagar os seus impostos);
3) RESIDE NUMA CASA QUE É PAGA POR MIM (e por todos os outros que AINDA TÊM a boa ventura de ter um emprego para pagar os seus impostos);
4) TEM TODAS AS SUAS DESPESAS CORRENTES PAGAS POR MIM (e pelos mesmos);
5) TEM TRÊS REFORMAS CUMULATIVAS (duas suas e uma da Exma. Sra. D. Maria) que são PAGAS por um sistema previdencial que é alimentado POR MIM (e pelos mesmos);
6) Quando, finalmente, resolver retirar-se da vida política activa, vai ter uma QUARTA REFORMA  (pomposamente designada por subvenção vitalícia) que será PAGA POR MIM (e por todos os outros que, nessa altura, AINDA TIVEREM a boa ventura de ter um emprego para pagar os seus impostos).
Neste contexto, é uma verdade absoluta que o Senhor VIVE À MINHA CUSTA (bem  como toda a sua família directa e indirecta).
Mais: TEM VIVIDO À MINHA CUSTA quase TODA A SUA VIDA.
E, não me conteste já, lembrando que algures na sua vida profissional:
a) Trabalhou para o Banco de Portugal;
b) Deu aulas na Universidade.

Ambos sabemos que NADA DISSO É VERDADE.

BANCO DE PORTUGAL: O Senhor recebia o ordenado do Banco de Portugal, mas fugia de lá, invariavelmente com gripe, de cada vez que era preciso trabalhar. Principalmente, se bem se lembra (eu lembro-me bem), aquando das primeiras visitas do FMI no início dos anos 80, em que o Senhor se fingiu doente para que a sua imagem como futuro político não ficasse manchada pela associação ao processo de austeridade da época. Ainda hoje a Teresa não percebe como é que o pomposamente designado chefe do gabinete de estudos NUNCA esteve disponível para o FMI (ao longo de MUITOS meses. Grande gripe essa).
Foi aliás esse movimento que lhe permitiu, CONTINUANDO A RECEBER UM ORDENADO PAGO POR MIM (e sem se dignar sequer a passar por lá), preparar o ataque palaciano à Liderança do PSD, que o levou com uma grande dose de intriga e traição aos seus, aos vários lugares que tem vindo a ocupar (GASTANDO O MEU DINHEIRO).
AULAS NA UNIVERSIDADE: O Senhor recebia o ordenado da Universidade (PAGO POR MIM). Isso é verdade. Quanto ao ter sido Professor, a história, como sabe melhor que ninguém, está muito mal contada. O Senhor constava dos quadros da Universidade, mas nunca por lá aparecia, excepto para RECEBER O ORDENADO, PAGO POR MIM. O escândalo era de tal forma que até o nosso comum conhecido JOÃO DE DEUS PINHEIRO, como Reitor, já não tinha qualquer hipótese de tapar as suas TRAPALHADAS. É verdade que o Senhor depois o acabou por o presentear com um lugar de Ministro dos Negócios Estrangeiros, para o qual o João tinha imensa apetência, mas nenhuma competência ou preparação.
Fica assim claro que o Senhor, de facto, NUNCA trabalhou, poucas vezes se  dignou a aparecer nos locais onde recebia o ORDENADO PAGO POR MIM e devotou toda a vida à sua causa pessoal: triunfar na política.
Mas, fica também claro, que o Senhor AINDA VIVE À MINHA CUSTA e, mais ainda, vai, para sempre, CONTINUAR A VIVER À MINHA CUSTA.
Sou, assim, sua ENTIDADE PATRONAL.
Neste contexto, eu e todos os outros que O SUSTENTÁMOS TODA A VIDA, temos o direito de o chamar à responsabilidade:
a) Se não é capaz de mais nada de relevante, então: DEMITA-SE e desapareça;
b) Se se sente capaz de fazer alguma coisa, então: DEMITA O GOVERNO;
c) Se tiver uma réstia de vergonha na cara, então: DEMITA O GOVERNO e, a seguir, DEMITA-SE.
Aproveito para lhe enviar, em nome da sua entidade patronal (eu e os outros PAGADORES DE IMPOSTOS), votos de um bom fim de semana.
Respeitosamente,
Carlos Paz

 

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Novas demolições violentas na Amadora

Segundo fontes locais, a Câmara Municipal da Amadora enviou esta segunda-feira um grande batalhão policial para o Bairro de Santa Filomena para continuar as demolições que tiveram início em Julho passado, desalojando famílias que ficam na rua, sem qualquer alternativa e com as suas casas destruídas.

TDT: Investigador acusa PT de o tentar intimidar

"Considero que [a ameaça de processo judicial] foi uma tentativa de intimidação e de censura a um trabalho académico legítimo, que traz à tona um debate interessante para a sociedade, que movimenta e toca interesses, inclusive económicos", disse à Lusa Sérgio Denicoli.

Hendaye


Meio século de imigração portuguesa em França esteve ontem em análise num colóquio realizado em Hendaye, graças ao entusiasmo dessa "força da natureza" que é Manuel Dias - a principal figura que, aqui em França, tem pugnado pela preservação da memória de Aristides de Sousa Mendes. A cidade de Hendaye foi, e bem, o local escolhido para esta evocação, porque foi a porta da França para as imensas vagas de trabalhadores portugueses desses primeiros tempos.

O dia foi preenchido com diversos painéis temáticos, todos com uma qualidade de exposição muito rara. Historiadores, jornalistas, sociólogos e outros especialistas trouxeram dados e interpretações com imenso interesse, que espero seja possível coligir rapidamente em livro. Numa ou outra intervenção, como não podia deixar de ser, aflorou a memória emocionada de quantos fizeram parte dessa imensa aventura. Alguém lembrou, a certa altura, a história de um português que, como única referência identificativa do local para onde pretendia ir, exibia uma folha de papel onde tinha escrito "São Pinhi" - transcrição fonética que identificava o "bidonville" de Champigny, nos arredores de Paris, onde eventualmente o esperava algum conterrâneo.

Uma bela exposição do fotógrafo Gabriel Martinez, sob o título "Sala de espera", mostrou-nos, paralelamente, muitas imagens do ambiente vivido nesses anos 60, na estação ferroviária de Hendaye, um local por onde passou muita da esperança e da tragédia de um Portugal obrigado a emigrar.

Sei que muitos cidadãos de origem portuguesa, hoje residentes em França, convivem menos bem com a reiteração sistemática das evocações desses tempos a-preto-e-branco, que já não acham muita "graça" a este tipo de exposições, porque temem que, eventualmente, isso possa prolongar no imaginário francês um certo esteriótipo dos portugueses, desses tempos menos áureos da dificuldade e de miséria. Mas também devo compreender o sentimento de quantos teimam em preservar e mostrar esses documentos, testemunhos desses olhares rurais lusitanos, perdidos na incerteza, à chegada a uma terra estranha, uma geração a quem o país negava o futuro.

Amanhã, que cores ilustrarão os tempos de hoje?

Em tempo: a este propósito, a Lusa reproduz hoje algo que eu disse sobre este tema.

Bloco desafia PSD e CDS a reconhecerem "erro" da subida do IVA na restauração

"Há um ano passamos a ser o país da União Europeia em que o setor da restauração paga uma taxa maior de IVA", afirmou a deputada e coordenadora da Comissão Política do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, que almoçou frente a um restaurante encerrado, em Lisboa, com dirigentes do Movimento dos Empresários pela Restauração.

América Central reclama mudanças na política de drogas

O presidente mexicano Felipe Calderón leu o comunicado no fim do encontro com os seus homólogos da América Central, onde foi discutido o resultado dos referendos nos Estados Unidos, feitos em simultâneo com a eleição presidencial.

Ainda a greve


No dia da greve, acompanhado apenas pelo conjunto de diplomatas que comigo trabalham, dei comigo a pensar que, em toda a minha vida profissional - e serão 41 anos completos no próximo domingo - nunca fiz um dia de greve. E, não obstante, fui, durante algum tempo, dirigente sindical no Ministério dos negócios estrangeiros.

Confesso que frequentemente tive vontade de faltar ao trabalho, para acompanhar justos protestos coletivos a que, intimamente, muitas vezes me associei. Mas sempre pensei a vida de um diplomata como um "full-time job", um serviço público que funciona como uma espécie de "urgência" hospitalar, que não pode fechar, 24 horas por dia, 365 dias por ano.

Nos diversos locais do mundo onde trabalhei, não recordo alguma vez ter hesitado em atender uma situação de emergência, a qualquer hora do dia ou da noite, nunca recusei ir trabalhar a um sábado, domingo ou feriado, nunca me passou pela cabeça pedir horas extraordinárias ou compensações por isso.

Serei um caso único? Longe disso! Conheço muitos colegas - melhor: trabalho aqui em Paris, hoje em dia, com alguns, bem mais jovens do que eu - que têm exatamente esta mesma perspetiva do serviço público, esse orgulho raro de servirem um "patrão" que consideram diferente dos outros.

Só espero que, no futuro, esses colegas não venham a ter razões para virem a pensar de forma diferente.

"Haja Governo de Esquerda e nós estaremos lá"

Na entrevista ao programa "De Caras", transmitido na quinta-feira na RTP, o jornalista Vítor Gonçalves questionou ambos os dirigentes bloquistas sobre o novo modelo de coordenação e as principais decisões saídas da VIII Convenção Nacional do Bloco de Esquerda.

“Nenhum sistema é para sempre”, entrevista a Wallerstein (1ª parte)

Lee Su-hoon: Você disse: "Nos próximos 50 anos o mundo vai mergulhar numa turbulência económica séria e, mais tarde, o capitalismo vai enfrentar uma crise tremenda, como a da Grande Depressão". As pessoas dizem que a crise se deve à ganância de Wall Street e à bolha imobiliária etc. Como analisa essa crise?

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Luís Amado


Foi ontem lançado o livro "Conversas sobre a crise", um diálogo entre Luis Amado e Teresa de Sousa. Na minha passagem pela livraria do aeroporto de Pedras Rubras ainda procurei o livro, mas era cedo demais para o adquirir.

Fui colega de governo de Luis Amado e, mais tarde, tive-o como meu ministro durante alguns anos. É, além disso, desde que nos conhecemos, um amigo pessoal. Devo dizer que Luis Amado foi, para mim, uma das muito positivas surpresas como pensador das coisas internacionais. Constatei que foi capaz de estruturar, em especial ao longo destes anos de crise, um pensamento maduro, realista e frequentemente original, não apenas sobre o papel de Portugal no mundo, mas, igualmente, quanto às resposta a dar às grandes questões que afetam os equilíbrios globais. Fá-lo sempre com elegância, sentido da medida e com um esforço de aproximação à verdade possível que lhe conferiram um lugar internacional de imenso respeito - como constato, com frequência, nos contactos que tenho com interlocutores estrangeiros, onde conta imensos admiradores.

O seu diálogo com Teresa de Sousa promete, assim, ser um trabalho com imenso interesse. Trata-se da mais bem preparada jornalista portuguesa em temáticas internacionais, sendo, além do mais, uma pessoa de fundadas convicções europeístas. E de quem tenho também o privilégio de ser amigo.

Mas não é a amizade pelos autores que me leva a sublinhar a importância de um livro que ainda não li. É a certeza antecipada de que todos teremos muito a ganhar com a sua consulta.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Europa

Leio que hoje, dia 13, pelas 15 horas, vou falar sobre "Portugal: soluções para a nova Europa", no salão nobre da reitoria da universidade do Minho, em Braga, abrindo o ciclo de conferências "O futuro da Europa", organizado pelo Instituto de Defesa Nacional e pela universidade do Minho.

Se foi anunciado, é porque deve ser verdade...

Novembro


Saiu há dias. É o romance de uma geração política que perdeu o império em que acreditava, que pretendia que se mantivesse "do Minho a Timor" (então já sem "escala" na Índia), que tentou que o mundo ficasse à espera dum Portugal ditatorial parado no tempo, teimosa e orgulhosamente só com a sua falsa e forçada verdade - como a história do alentejano que achava que eram todos os outros que iam em sentido contrário na autoestrada.

Em "Novembro", Jaime Nogueira Pinto relata a luta inglória dos "nossos" nacionalistas revolucionários, os fascistas a que tínhamos direito, ironicamente aliados e a usufruirem do capitalismo que ideologicamente antes abominavam. Em 1974, viram surgir abril como uma ameaça à sobrevivência do país com que haviam sonhado e que queriam impor aos todos quantos pensavam de forma diferente - sem nunca considerarem que outros, por esse mundo onde se fala português, também tinham direito a afirmarem as suas próprias pátrias e o seu destino.

Conheci o Jaime Nogueira Pinto em 1973, ao lado de quem iniciei o meu serviço militar, servindo ambos na operosa especialidade de "Ação Psicológica". Tal como ele estava a par do que eu pensava, também eu sabia das suas ideias, até porque o lera com atenção no "Agora" e na "Política" - até hoje, tenho o imparável "vício" de acompanhar o pensamento de quem tem ideias diferentes das minhas. Por isso, foi agora muito curioso ler este retrato de um país pintado a preto-e-branco, entre 1973 e 1975, um Portugal em tudo bem diferente do meu.

Por ele ficamos a conhecer, entre bem desenhados amores e desencontros - de Lisboa a Luanda, de Madrid a Londres, da África do Sul aos Estados Unidos - o trauma e as ressacas de abril, a desilusão com Spínola, a "golpada" frustrada do 28 de setembro, a "esparrela" em que caíram no 11 de março e, depois, no desespero, a conspiração violenta urdida em terras de Espanha. O livro levou-me à outra trincheira, na barricada ideológica que então me separava do Jaime. Por ele fiquei a saber como pensavam e se organizavam, muitos deles circulando entre bons hotéis e belos restaurantes madrilenos, quantos andaram pelo ELP e pelo MDLP, aliados a alguma igreja que os benzia, a uma certa banca que os financiava e a muito "lumpen" que os servia (que é pena não ser posto no livro com a evidência que "merece"), que se dedicavam a pôr bombas e a caçar "comunistas" - conceito abrangente que o radicalismo direitista alargava ao absurdo.

Esta é uma inédita história do "PREC" vista do outro lado, uma revolta revanchista titulada por quantos, se acaso tivessem ganho na noite de 25 de novembro de 1975 (obrigado, sempre, Ernesto de Melo Antunes), talvez tivessem usado as chaves do Campo Pequeno. Que a esquerda, mesmo quando gabarola e no poder, nunca usou, registe-se.

Em minha opinião, este romance, 640 páginas que se leem de um fôlego e que francamente recomendo, acaba por ser um não deliberado elogio à tolerância de quantos souberam conduzir o processo aberto em abril de 1974, e terminado em novembro de 1975, até desembocar pelos caminhos da democracia que hoje é matriz da nossa vida cívica. Embora, como seria expectável, saia algo mal de um livro onde praticamente não é mencionado, Francisco da Costa Gomes acaba, a meu ver, por ser o herói escondido desta obra.

Estou mais do que certo de que o Jaime estará muito longe de concordar comigo, em toda a avaliação do seu livro que acabo de fazer, como terei oportunidade de testar na conversa que teremos, aqui em Paris, no jantar de hoje. É que, desde há quadro décadas, nós habituámo-nos a celebrar, sempre com muito humor e de há muito com uma leitura irónica do nosso extremado e contrastante radicalismo de então, uma amizade que o facto de termos estado em polos bem opostos da trincheira política nunca beliscou, talvez porque ambos, cada um à sua maneira, pensou sempre no interesse de Portugal. Para a conversa e a alegria da noite ficarem completas, faltar-nos-á, contudo, a Zezinha.

Parlamento grego aprova ainda mais austeridade, a caminho do sexto ano de recessão

O Parlamento grego aprovou este domingo à noite o Orçamento de Estado para o próximo ano, condição imposta pela troika para a libertação de uma nova tranche de 'ajuda', no valor de 31,5 mil milhões de euros.

Empresas

Muitas vezes, Portugal, visto de fora, anima-nos bastante.

Ontem, tive essa sensação ao falar com as 57 PME's portuguesas, presentes no MIDEST, uma feira nos arredores de Paris onde estão representados setores industriais portugueses, maioritariamente na área da metalomecânica.

À entrada, o diretor da feira referia-me o facto de, de ano para ano, haver cada vez mais empresas nacionais neste importante certame de subcontratação. Nas conversas com os empresários, não obstante algumas notas negativas quanto às dificuldades no acesso ao crédito, nos custos energéticos e dos transportes, observei um ambiente de generalizado otimismo e de anúncio de bons negócios. Não encontrei uma única em que a exportação não representasse mais de 50% da faturação e, em grande parte delas, esse valor oscilava entre 75 e 95%.

Há um novo Portugal no nosso mundo empresarial.

'Cidades de tendas' espalham-se pelos EUA


A reportagem é de Patrícia Campos Mello e foi publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, em 05-11-2012.
Lakewood, em Nova Jersey, é uma das cerca de cem "tent cities" (cidades de tendas) que surgiram nos EUA desde o início da crise, em 2008.
Muitos dos que vivem assim perderam as casas por não pagarem hipotecas ou ficaram na rua depois de ficarem desempregados e atrasar o aluguer.
É gente como Marilyn e Michael Berenzweig, casal de NY que mora em Lakewood há dois anos e meio.

Bloco vota contra relatório da Comissão de Inquérito ao BPN

A comissão parlamentar de inquérito sobre a nacionalização e privatização do Banco Português de Negócios (BPN), decidiu nesta quinta feira, por consenso, adiar para a próxima semana a votação final do relatório de conclusões. Apesar deste adiamento, o deputado João Semedo assumiu já que votará contra o relatório da comissão.

Já leram o memorando da troika?

 

Sim, é a minha pergunta de hoje: já leram o memorando de entendimento com a troika, assinado por Portugal em Maio de 2011? Eu li, e em pé de página deixo o link para quem o quiser consultar, na sua tradução oficial. São 35 páginas, escritas num português desagradável e tecnocrático, que têm servido a este governo para justificar tudo. 

Ainda ontem, com descaramento, um dirigente do PSD dizia que "este não era o Orçamento do PSD, mas sim da troika"! Ai sim? Então eu proponho a todos um breve exercício de leitura. Tentem descobrir, lendo o memorando, onde é que lá estão escritas as 4 medidas fundamentais pelas quais este governo vai entrar para história de Portugal! 

Sim, tentem descobrir onde é que lá está escrito que se deve lançar uma sobretaxa no subsídio de Natal de todos os portugueses (decidida e executada em 2011); cortar os subsídios aos funcionários públicos e pensionistas (decidido e executado em 2012); alterar as contribuições para a TSU (anunciada e depois retirada em Setembro); ou mexer nas taxas e nos escalões do IRS, incluindo nova sobretaxa (anunciados no Orçamento para 2013), e definidos pelo próprio ministro das Finanças como "um aumento enorme de impostos"? 

Sim, tentem descobrir onde estão escritas estas 4 nefastas medidas e verão que não estão lá, em lado nenhum. Ao contrário do que este Governo proclama, estas 4 medidas, as mais graves que o Governo tomou, não estão escritas no "memorando com a troika"! Portugal nunca se comprometeu com os seus credores a tomar estas 4 medidas! Elas foram, única e exclusivamente, "iniciativas" do Governo de Passos Coelho, que julgava atingir com elas certos objectivos, esses sim acordados com a "troika". 

Porém, com as suas disparatadas soluções em 2011 e 2012, o Governo em vez de melhorar a situação piorou-a. Além de subir o IVA para vários sectores chave, ao lançar a sobretaxa e ao retirar os subsídios, o Governo expandiu a crise económica, e acabou com menos receita fiscal e um deficit maior do que tinha. Isto foi pura incompetência, e não o corolário de um "memorando de entendimento" onde não havia uma única linha que impusesse estes caminhos específicos!  

Mais grave ainda, o Governo de Passos e Gaspar, sem querer admitir a sua incúria, quer agora obrigar o país a engolir goela abaixo "um enorme aumento de impostos", dizendo que ele foi imposto pela "troika".

Importa-se de repetir, senhor Gaspar? É capaz de me dizer onde é que está escrito no "memorando de entendimento" que em 2013 o IRS tem de subir 30 por cento, em média, para pagar a sua inépcia e a sua incompetência?  

Era bom que os portugueses aprendessem a não se deixar manipular desta forma primária. Foram as decisões erradas deste Governo que, por mais bem intencionadas que fossem, cavaram ainda mais o buraco onde já estávamos metidos. E estes senhores agora, para 2013, ainda querem cavar mais fundo o buraco, tentando de caminho deitar as culpas para a "troika"? 

Só me lembro da célebre frase de Luís Filipe Scolari: "e o burro sou eu?" 

Para ler o memorando vá a:

(http://www.portugal.gov.pt/media/371372/mou_pt_20110517.pdf).

 

 

 

 

  

 

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Parlamento grego aprova novo pacote de austeridade

Passavam poucos minutos das 24h (22h em Lisboa) quando foi aprovado, com 153 votos a favor, 128 votos contra e 18 abstenções, este novo memorando, que implica, entre outros, o corte de até 15% nas pensões, cortes parciais nos subsídios de férias, o aumento da idade da reforma da função pública, de 65 para 67 anos, e o despedimento de cerca de 25 mil funcionários públicos.

Pacenses manifestam-se contra "a água mais cara do país"

"Estamos aqui porque acreditamos que há uma luta que temos de vencer. Queremos água e saneamento a preços justos, não a qualquer preço", afirmou Humberto Bruto, fundador do movimento M6N e atual vereador do PS. "Estamos aqui com o povo, contra uma empresa que nos quer escravizar, que quer controlar a gestão da água tornando-a muito cara, obtendo com isso milhões de euros de lucros à nossa custa", acrescentou, citado pela Lusa.

O meu novo "tacho"


O Centro Norte-Sul é uma estrutura que, desde 1989, tem sede em Lisboa e que tem como finalidade ligar o Conselho da Europa - em temáticas como a democracia, direitos do homem, diálogo intercultural, etc - a uma área a que se convencionou chamar Estados "do Sul", nomeadamente no continente africano.

Desde a sua criação, o Centro passou por várias vicissitudes e, se olharmos bem o tempo histórico, verificaremos que atravessou o período das grandes convulsões contemporâneas, desde a queda do muro de Berlim à emergência do terrorismo global, das grandes polémicas civilizacionais às chamadas "primaveras árabes". O mundo mudou muito, o Centro mudou com ele mas talvez não o suficiente para nele manter interessados Estados tão importantes como a Alemanha ou a França, os quais, com alguns outros, optaram por abandoná-lo, com as consequências orçamentais correspondentes. O Centro apresenta hoje um número de membros que é já inferior àquilo que formalmente é necessário para garantir a sua sustentação. E, porque o orçamento de que dispõe foi seriamente afetado, a sua capacidade para gerar iniciativas e projetos que cativem novos membros está hoje fortemente reduzida.

É perante este cenário de fundo, no mínimo extremamente complexo, que fui convidado a dirigir o Centro Norte-Sul, com o "estímulo" acrescido de não ganhar, nessa tarefa, um euro mais do que aquilo que já seria o meu salário normal de base, quando regressasse a Portugal, por imperativo de idade. Faço-o porque achei interessante assumir o desafio de tentar tirar o Centro - cujo acervo de atividades me parece muito interessante - da muito difícil situação em que se encontra. Logo veremos, a partir de 1 de fevereiro, se consigo fazê-lo ou não, com algumas ideias que tentarei pôr em prática.

Mais quatro anos para Obama

O presidente Barack Obama foi reeleito nesta terça-feira presidente dos Estados Unidos da América, numas eleições muito disputadas – mesmo depois de fechadas as urnas, as sondagens não se arriscavam a prever o vencedor. Foi preciso esperar pelo resultado de um dos principais estados em disputa, o Ohio, para confirmar a vitória do candidato democrata.

Madrid: trabalhadores ocupam hospitais em protesto contra as privatizações

Desde o passado dia 2 de novembro, e por tempo indefinido, os trabalhadores do Hospital Universitário de La Princesa ocupam as instalações deste estabelecimento, em protesto contra as intenções do governo madrileno de privatizar esta unidade de saúde e de transformá-lo num "centro geriátrico".

Dia claro

Hoje, por uma vez, o sol nasceu a oeste. Nada garante que os dias que aí vêm para o mundo sejam brilhantes, mas, como europeu, fico bastante mais sossegado com a vitória de Obama.

A tirania consentida do dragão chinês

O mitológico dragão chinês, ao chegar ao posto de segunda economia mundial, transformou-se numa importantíssima engrenagem do sistema capitalista. E só a partir dessa perspetiva é que podemos compreender o significado deste congresso no futuro imediato da China e também as suas repercussões no cenário mundial.
A tirania consentida pelo imperialismo mundial

O general Pires Veloso

 

Inversão de valores

Inversão do 25 de Abril


 


terça-feira, 6 de novembro de 2012

CES pede revisão urgente das condições do memorando

"A negociação [das condições do memorando da Troika] deve ser feita o quanto mais cedo melhor", disse Silva Peneda, numa declaração após a aprovação do parecer sobre o Orçamento do Estado para 2013 na Assembleia da República.

PT e ANACOM ameaçam liberdade de investigação académica

A petição "Pela liberdade de investigação académica" contava com 2800 subscritores na segunda-feira à noite e entre os primeiros estão docentes da Universidade do Minho, como Alberto Sá, Inês Amaral ou Licínio Lima, e de outras Universidades: António Dias de Figueiredo (Univ. Coimbra), Cristina Ponte (Univ. Nova) e Daniela Bertocchi (Univ. São Paulo), entre muitos outros.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

O assalto fiscal e o orçamento sombra

O debate sobre o Orçamento de Estado para 2013 teve uma particularidade nunca antes vista. Ainda o debate não tinha começado e já Passos Coelho iniciava um debate paralelo sobre cortes no Estado Social. Pelo meio, ficava uma nova chantagem: ou mais cortes no Estado Social, ou um segundo resgate financeiro. O debate sobre o orçamento oficial foi, assim, iniciado pela discussão do orçamento sombra, aquele que não está escrito, mas que Passos e Portas já trazem na manga.

Angela Merkel: países europeus devem manter austeridade por mais cinco anos

"Necessitamos de um grande esforço, de mais cinco anos", sublinhou Angela Merkel durante o congresso regional da CDU em Sternberg, no Norte da Alemanha. Para a chanceler alemã, a zona euro ainda está longe de ultrapassar a crise, sendo que serão necessárias "grandes reformas estruturais", que devem "conseguir resultados para recuperar a confiança dos investidores e impulsionar, outra vez, a economia europeia".

“Cortar na dívida é único corte possível contra a destruição da economia”

"O governo quer cortar na despesa, e chama despesa aos nossos salários e às pensões dos nossos pais", mas "não quer cortar nos 9 mil milhões de euros que são pagos em serviço da dívida este ano. E é isso que arruína a sociedade portuguesa", adiantou Louçã, sublinhando que "é pago tanto nessa dívida como se gasta em todo o Serviço Nacional de Saúde".

Nova onda de despedimentos, a partir das companhias globais

Uma onda de despedimentos que as empresas norte-americanas anunciaram desde o princípio de setembro ameaça descarrilar uma frágil recuperação da economia dos EUA. Ford e Dow Chemical foram as últimas a juntar-se, num esforço para dar a volta a resultados que mostram uma queda brusca nas vendas.

Abandono


Nesta madrugada, leio no "Público", na net: "Embaixador Francisco Seixas da Costa abandona funções em Paris". Só aparece o título, mas a notícia deve sair logo na edição impressa. Mas para quem, nas horas que faltam, atentar apenas nessa linha, pode ficar a dúvida: foi ele quem abandonou o posto? Ou "sanearam-no"? Não seria a primeira vez...

Nada disso. Dentro de menos de três meses chego, com toda a naturalidade, ao limite da idade em que, por lei, posso permanecer em funções no estrangeiro. Tenho esta data na cabeça desde que, em 14 de agosto de 1975, entrei para o MNE. O meu regresso a Lisboa é, assim, em tudo idêntico ao que abrangeu uma imensidão de colegas, em todas as gerações.

Se acaso o "Público" me tivesse perguntado, ter-lhe-ia revelado, em exclusivo, que irei chegar a Lisboa 48 horas antes da data do limite de idade, por razões - essas sim! - extremamente ponderosas: tenho nessa noite uma reunião do "praesidium" da "mesa dois" do bar "Procópio", que lançará as bases para o nosso jantar anual, que, desta vez, terá lugar em fevereiro. Há minutos, por lá, entre cervejas e chás, foi escolhido um nome para o repasto 2013, desta vez com inevitável odor a "troika": "Jantar da Refundação". Que tal?

Casais desempregados também sofrem cortes no subsídio

Apesar de no texto do OE'2013 não haver nenhuma menção aos casais desempregados no capítulo da nova contribuição de 6% sobre o valor do subsídio, que passa a ser também descontada para a Segurança Social, o Ministério de Pedro Mota Soares disse ao jornal Público que esse corte vale também para esses casais em que ambos perderam o trabalho. Nesta situação estavam em agosto 9428 casais, segundo os dados do Instituto de Emprego e Formação Profissional.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

O outro défice



Das notícias de hoje:
  • a justiça deixou prescrever o caso Bragaparques.
  • Valentim Loureiro recusa-se abandonar a Câmara municipal de Gondomar, apesar da decisão da justiça. (E, em Oeiras, tudo continua como dantes, à espera das prescrições).
  • estivadores, que prosseguem uma greve que está a condicionar fortemente as exportações, assumem tristes atitudes públicas de desrespeito em frente ao parlamento.
  • os maquinistas da CP voltam, uma vez mais, a tomar o país como refém.
  • os sindicatos da (pública) Caixa Geral de Depósitos aproveitam para gozar a ponte.
Em tempo: e que os puristas não venham com a tese da independência do poder judicial e os obreiristas com a "justa luta" dos que têm ótimos empregos...

    “OE 2013 não é assunto encerrado”, diz CGTP

    Uma delegação da CGTP, composta por Arménio Carlos, Carlos Trindade e Joaquim Dionísio, reuniu nesta quarta feira com uma delegação do Bloco de Esquerda, composta por Luís Fazenda, Mariana Aiveca e Joana Mortágua.

    Vigília



    Não resisto a transcrever, do seu blogue Tim Tim no Tibet, o poema do meu colega embaixador Luís Filipe Castro Mendes, intitulado "Vigília":

    Não te deixes adormecer:
    é o que dizem a quem luta por estar vivo,
    é o que nos dizemos quando
    o frio já entrou muito fundo dentro de nós
    e toda a vida se deixou cobrir de nevoeiro.

    Não, eu não me deixarei dormir.
    Descansa, tu que cada madrugada
    encontras as minhas mãos
    a afastar o frio e o nevoeiro.
    Eu não me deixarei dormir.
    Nós não nos deixaremos dormir.
    O nosso amor é uma vigília sem quebras
    e nunca nenhum povo se deixou hibernar.

    Em tempo: e, para quem estiver em Lisboa, porque não dar uma saltada aqui.?

    Governo e maioria fogem aos protestos populares

    Já depois das 12.45 horas e quando ainda faltava mais de uma hora para encerrar o debate do OE para 2013, a maioria impôs o prolongamento dos trabalhos para a hora de almoço.
    PCP e Bloco de Esquerda apresentaram requerimento para que o encerramento do debate fosse às 15 horas.
    O requerimento foi chumbado pela maioria PSD e PP. Bloco de Esquerda, PCP, PEV e 16 deputados do PS votaram favoravelmente o requerimento opondo-se ao prolongamento, enquanto a maioria da bancada do PS se absteve.

    FMI já está em Portugal para estudar destruição do Estado social

    O Orçamento de 2013 ainda não foi aprovado na especialidade, e o governo já prepara novas medidas de austeridade.

    Condolências diplomáticas

    Sempre que uma personalidade política de relevo de um país morre, é de regra que as embaixadas que esse Estado tem espalhadas pelo mundo abram, durante alguns dias, um livro de condolências. Esse livro recolhe notas de simpatia de quem quiser associar-se aos pêsames. As embaixadas de países amigos costumam marcar a sua presença, através do embaixador ou de um outro funcionário por este indicado.

    Por regra, os embaixadores reservam-se para as condolências por morte de figuras mais relevantes - chefes de Estado ou de governo -, encarregando da tarefa um seu colaborador quando a figura desaparecida tem uma importância institucional menor. Diga-se que já tenho visto a abertura de livros de condolências pelo falecimento de personalidades que estão muito longe de ser conhecidas no exterior e, muito menos, são relevantes. Mas imagino que as embaixadas não possam eximir-se às instruções que recebem das capitais.

    Um dia, algures, um embaixador estrangeiro pediu para me ver, com alguma urgência. Recebi-o pouco depois. Entrou no meu gabinete de semblante grave e com ar muito preocupado. O que tinha acontecido? Na véspera, tinha-se deslocado à embaixada de um país de expressão portuguesa, para preencher o livro de condolências pela morte de uma importante figura de Estado. Porém, por um "lamentável lapso", em todo o longo texto que escrevera no livro, com quase uma página, onde relevara as imensas qualidades e a sabedoria do estadista que desaparecia, colocara erradamente, e por mais de uma vez, o nome de um outro Estado lusófono.

    Esse colega, com "pouca África" no currículo e de uma área do mundo dela algo distante, estava seriamente mortificado com as consequências potenciais que esse seu lapso poderia vir a ter nas relações entre o seu país e o Estado lusófono em luto, que seguramente se iria sentir ofendido com o seu grosseiro erro. Vinha perguntar-me o que haveria de fazer, "porque vocês conhecem-nos melhor a eles".

    Pondo implicitamente de parte a "expertise" pós-colonial que me era atribuída, pensei alto, com base no bom senso. Se acaso fosse pedir desculpa ao embaixador que tinha aberto o livro de condolências, seria muito difícil dar-lhe uma razão plausível para trocar o nome do seu país. Seria como que uma presunção da irrelevância do Estado que ele representava ou um atestado à sua própria ignorância (não sei se tive coragem de lhe dizer isto, confesso). Assim, não me parecia que ganhasse grande coisa com um ato de contrição. Mas também não poderia excluir que, se acaso o erro fosse detetado, alguns sobrolhos nacionalistas se cerrariam. Era, de facto, uma situação com contornos algo delicados.

    E, sem ter nenhuma certeza, deixe-lhe um conselho, ou melhor, disse-lhe o que faria se acaso estivesse no seu lugar (situação que, sem falsa modéstia, me parecia implausível). Porque sempre presumira que ninguém se devia dar ao trabalho de ler os livros de condolências abertos pelas embaixadas no estrangeiro, devendo haver apenas um levantamento das assinaturas, eu era de opinião de que talvez valesse a pena, pura e simplesmente, esquecer o assunto. Não o vi muito sossegado, mas agradeceu, concordando, a minha sugestão e lá saiu, ainda ajoujado de culpa.

    Tempos mais tarde, numa conversa com o embaixador lusófono, testei-o quanto ao colega "gaffeur", para tentar perceber se acaso existiria, da sua parte, algum agravo. Inventei, assim, que tinha ouvido, da parte deste, palavras muito simpáticas a seu respeito. A resposta surpreendeu-me: "Ah! mas é um grande amigo! Ainda há dias, organizou um jantar em minha honra na sua residência. Temos excelentes relações!".

    Ora ainda bem, pensei para comigo. E, inapropriadamente divertido no meu íntimo, tenho-me sempre lembrado desta história quando, nas embaixadas, assino os livros de condolências, coisa que faço sempre com a maior atenção à geografia.