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segunda-feira, 28 de abril de 2014

Redução no consumo de açúcar pode prevenir ou mesmo eliminar o câncer


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Por Marco Augusto Stimamiglio
Marco FiguraHá quase um século, Otto Warburg (ganhador do Premio Nobel de Fisiologia/Medicina em 1931) demonstrou que o metabolismo das células cancerígenas é diferente do metabolismo nas células normais. Sua descoberta, hoje referida como "Efeito Warburg", mostra a importância da glicose como principal fonte para geração de energia nas células tumorais. Estas células se multiplicam de maneira tão acelerada que passam a metabolizar até 200 vezes mais glicose do que as células normais. Interessante! Mas, que tipo de avanço poderia nos trazer esta descoberta? Pois o que nos interessa mesmo é encontrar a cura desse mal, não é mesmo? O fato é que diversos estudos já demonstraram que as células tumorais só conseguem extrair, de forma eficiente, a energia da glicose. Elas não conseguem utilizar outras fontes de energia como ocorre nos tecidos sadios, que também são capazes de utilizar corpos cetônicos, por exemplo.
Os corpos cetônicos são gerados pela metabolização de gorduras, as quais podem ser obtidas através da nossa dieta alimentar (aquela picanha bem gorda) ou de fontes internas de armazenamento de energia, como o tecido adiposo (nossa gordurinha localizada). Estes corpos cetônicos são utilizados em situações onde a demanda energética excede a quantidade de glicose disponível, como na inanição, por exemplo. Portanto, isso tudo nos leva a pensar que uma dieta baseada em alimentos que permitam a formação de corpos cetônicos, mas não de glicose, poderia inibir o crescimento tumoral ou, até mesmo, matar as células tumorais de fome! Essa prerrogativa não só é verdadeira, como tem sido demonstrada experimentalmente por diversos pesquisadores ao longo destes quase 100 anos da descoberta do "Efeito Warburg".
Entretanto, como em toda grande descoberta científica, sempre existe um porém. Nesse caso, o problema é que as dietas alimentares limitadas a alimentos cetogênicos são extremamente complicadas de serem utilizadas no nosso cotidiano (o que é muito diferente das condições experimentais nas quais os estudos são normalmente realizados). Este tipo de dieta permite o consumo de alimentos ricos em proteínas, como carnes, ovos e produtos lácteos. Parece ótimo, não é mesmo? Nem tanto! Pois é necessário eliminar o consumo de açúcares em geral (carboidratos), que constituem a base de quase todos os outros tipos de alimento (massas, grãos, batata, frutas, pão, bolacha, doces). Dessa forma, prescrever uma terapia baseada em uma dieta alimentar extremamente restritiva seria ineficiente e possivelmente nociva à nossa saúde devido ao desequilíbrio nutricional causado. Principalmente se estivermos falando de pacientes com tumores avançados, que já podem estar bastante debilitados.
No entanto, estudos recentes sugerem que a suplementação dietética, baseada em corpos cetônicos (ao invés de uma dieta alimentar restrita a estas moléculas), pode inibir a progressão do câncer. A revista científica International Journal of Cancer irá publicar em suas próximas edições resultados obtidos por pesquisadores da Universidade de South Florida, que demonstram experimentalmente os efeitos antitumorais da suplementação cetogênica em camundongos com tumores metastáticos (tumores malignos).
A grande lição que podemos tirar deste estudo é que, possivelmente, a suplementação cetogênica na dieta ajuda a inibir a progressão de tumores independentemente dos níveis de glicose ou das restrições calóricas empregadas. A razão para tal achado se baseia na hipótese de que a suplementação cetogênica imita a cetose fisiológica que ocorre durante a dieta cetogênica, produzindo desta forma efeitos antitumorais similares. Os autores deste estudo sugerem que a suplementação cetogênica pode ser usada de maneira conjunta aos tratamentos convencionais (quimio e/ou radioterapia) contra o câncer.
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