Sem ser muito específico, Mário Draghi, presidente do Banco Central Europeu, foi ontem taxativo quando disse que Portugal precisará de outro programa quando acabar o programa da "troika". O que quer isto dizer? Se bem entendi as palavras de Draghi, isto significa que ele não acredita numa solução à irlandesa, numa "saída limpa", direta para os mercados. Portugal, apesar da melhoria da situação económica e sobretudo financeira, não terá ainda em Junho capacidades para andar pelo seu próprio pé, e portanto vai precisar de algum tipo de ajuda. Na verdade, se formos mais precisos, teremos de reconhecer que Draghi não afasta totalmente a possibilidade de um segundo resgate, mas é suficientemente subtil para não abrir a porta a mais especulações. Portanto, o mais provável, para o presidente do BCE, é Portugal precisar do chamado "programa cautelar", uma espécie de assistência do BCE às idas ao mercado para vender dívida. Quais serão as regras desse programa, ainda ninguém sabe, e foi essa uma das razões porque a Irlanda quis seguir sozinha, temendo a confusão europeia. É provável que Portugal não consiga fazer o mesmo, mas talvez seja ainda cedo para ter certezas. Daqui até Junho ainda muita água vai correr. Mas, se assim for e Portugal tiver necessidade de um programa cautelar, será apenas uma meia vitória para o Governo de Passos. Sair do programa da troika é uma vitória política, mas seguir para um cautelar é menos bom, pois continuará a austeridade forte. |
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