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sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

As razões porque este Governo melhorou muito desde Julho

Nada como uma crise grave para obrigar um Governo a governar melhor.

O susto que Passos Coelho apanhou, quando viu Portas a fugir, e Cavaco a desejar um acordo com o PS, produziu bons resultados.

E, de então para cá, mesmo sem o dizer, o Governo tem corrigido alguns dos seus mais óbvios erros políticos e económicos.

Aqui se apresenta uma pequena lista das melhorias evidentes:

 

1 - O Governo passou a dar mais importância ao consenso político e social.

Nos primeiros dois anos, a teimosia de Gaspar e Passos conduziu a uma crispação evidente, seja com o PS, seja com os parceiros sociais.

No entanto, de Julho para cá, e mesmo apesar dos primeiros encontros com o PS terem sido inconclusivos, a verdade é que o Governo se tem esforçado por ir ao encontro da oposição e dos desejos dos parceiros sociais.

O acordo sobre o IRC é a melhor prova disso.

António José Seguro pode não ser o melhor político do mundo, mas é preferível o Governo entender-se com ele em certas áreas do que passar o tempo todo a criticar o PS.

 

2 - O Governo mudou a política orçamental e o país agradeceu.

Mesmo contrariado, o Governo foi obrigado a abandonar a política de cortes cegos na despesa, que em 2012 tão maus resultados produziram.

Para 2013, aumentou-se muito o IRS e o resultado foi..."um milagre económico"!

A recessão amainou, o desemprego começou a descer, e as receitas fiscais cresceram muito.

Ao contrário do que se passara em 2012, em 2013 a política do Governo não afundou o país, e isso fez diminuir a tensão em Portugal.

Lamentávelmente, não é certo que o Governo tenha aprendido esta lição, e para 2014 anunciam-se mais "cortes na despesa".

É pena que não se aprenda com os erros, mas se a economia melhorou, muito se deve à excelente adaptação do país ao aumento do IRS. 

 

3 - O Governo moderou os ataques ao Tribunal Constitucional

Sobretudo nos últimos meses, os ataques ao TC diminuíram, e foi executada pelo Governo uma estratégia mais inteligente, em parte de sedução, em parte de pressão internacional indireta, mas não um ataque frontal, como fizera Passos nos primeiros meses do ano.

Foi correto, e diminui a crispação.

Não se pode dizer que as culpas da má situação económica sejam do TC quando, como explicou um estudo do Jornal de Negócios, o TC deixou passar 80% da austeridade que o Governo queria aplicar! 

Veremos se hoje essa estratégia mais "soft" dá frutos positivos na questão das pensões.

 

4 - O Governo tem somado vitórias importantes nas privatizações

Depois da EDP e da Ana, vieram os CTT e em breve a Caixa Seguros.

São vitórias importantes e que melhoram as contas públicas.

Podemos discutir em teoria se é bom ou não privatizar certas empresas, mas uma vez tomada a decisão, é justo reconhecer que os objetivos estabelecidos foram atingidos. 

 

5 - O Governo desviou-se subtilmente da estratégia germânica de combate à crise na Europa

Em certos momentos, o Governo conseguiu deslocar ligeiramente das posições alemãs, mais duras; e já defendeu uma União Bancária mais profunda, ou mesmo a mutualização de certas dívidas. 

Ao mesmo tempo que a Europa se vai afastando subtilmente do nefasto discurso da austeridade (Oli Rehn, por exemplo, já diz que é preciso moderar o ritmo da consolidação!), o Governo vai também corrigindo o tiro.

 

Em conclusão: há males que vêm por bem, e Passos aprendeu muito com a crise de Julho!


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