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terça-feira, 20 de agosto de 2013

Namorar no Procópio

Francisco Seixas da Costa

 

Uma folha da manhã coloca o bar "Procópio" entre os dez melhores lugares para namorar em Lisboa. Claro que é! Como é para conspirar, para chalacear, para negociar, para conversa fiada e até para não fazer nada, que é o que de melhor se faz por lá.

Porém, antes que revoadas de casais incautos se aprestem a ir já arrulhar por ali, convém que se saiba que a reabertura pós-estival dessa catedral de bem-estar pós-laboral e noturno, gerida pela simpatia da Alice Pinto Coelho e oficiada às mesas e ao balcão pelo profissionalismo do Luís e do Carlos, só terá lugar a 26 de agosto. Até lá, o pessoal procopiano mais tradicional continuará a andar desasado pela cidade - uns refugiando-se mediaticamente no Snob, outros tendo de abifar no Café de S. Bento, outros ousando uma traição turística no Pavilhão Chinês, alguns indo mesmo jantar tardiamente ao Paparrucha, onde a presença do Juvenal lhes faz lembrar que, por anos, na porta ao lado, o Pedro V servia de principal lenitivo para esse mês de obrigatória abstinência da verdadeira "sede da sede".
 

Daqui a seis dias, o bar ficará de novo à disposição dos clientes, que agora são cada vez mais jovens, numa renovação geracional que, além de muito saudável (até para a vista), se torna bem agradável para a caixa registadora e para os cofres estatais de Maria Luís (que nada tem a ver com o Luís da casa, bem entendido!). Sob boa música, as várias mesas passarão a ser ocupadas, não apenas por casais a namorar, mas por "muitas e desvairadas gentes", numa mescla serena, às vezes ruidosa, sempre bem disposta e, por regra, bem sóbria, porque essa é a imagem de marca da casa. O Procópio, à sua maneira, contribuirá assim para atenuar os "blues" do ajustamento. Ainda ninguém se lembrou de levar a "troika" ao Procópio?

Nem todas as mesas, porém, estarão livres. A "mesa dois" será sempre a bi-hebdomadária exceção: desde há décadas fica cativa, agora às quartas e sextas-feiras, para um grupo restrito (ia escrever seleto, mas arrependi-me a tempo) de clientes. (Bem apertados, na "Dois", cabem oito pessoas; por um mistério da multiplicação, neste caso, dos copos, o jantar anual da "Dois", reúne 80 figurantes). Privilégios elitistas? Não, apenas a confirmação de que, no Procópio, como na tropa e nos conventos, a antiguidade é um posto.


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