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terça-feira, 26 de março de 2013

O modo do tempo.

Os dias são unidades cronológicas de 24 horas. Uma semana 7 dias. Um mês, 28, 29, 30 ou 31 uma vezes 24 horas.  

Mas há uma enorme diferença nas horas entre si.

A manhã de Segunda feira é diferente da noite de Sexta-feira. Um dia pequeno de Dezembro é diferente de um dia grande de Agosto.

O mesmo se passa com os anos.

A infância tem um único ano a fazê-la vibrar. Talvez também seja assim na juventude. Mas os anos na velhice distinguem-se. Cada ano contado como o último. Quando o fim se aproxima descobre-se que cada dia é uma personagem diferente:- um hóspede que parte ao romper da aurora e convive na insónia da noite. Talvez a vida seja um único dia desses: que desaparece quando cumprimos a agenda e regressa vazio no fundo da noite.

Há, sem dúvida, dias que são diferentes. Dias há que são todos iguais uns aos outros.

Há assim uma identidade cronológica do tempo de um dia que não é a quantidade igual das horas.

Em que consiste esta diferença? Como passam os dias e as suas horas? Qual é a sua forma?

Como é que têm tantos conteúdos diferentes como há pessoas no mundo?

Como partilhamos todos nós o mesmo dia, quando num mesmo instante podemos estar a viver conteúdos completamente diferentes?

E faz-se tempo quando um dia se junta a outro, para fazer o dia-a-dia? Não terá cada mês os seus dias e semanas diferentes dos dias e semanas dos outros meses? Não são as segundas feiras do mês de Setembro diferentes das de Outubro, Novembro e Dezembro, etc.? Porque têm o mesmo nome, quando passam para regressar na semana seguinte?

Para onde vai uma Segunda feira depois de ter passado, quando já é Terça-feira? Será a Segunda feira da primeira semana de um mês igual à da última semana do mês do ano?

Não será por outro lado verdade que um mês está já a dar o tom ao modo como são passados os seu dias? Não é um facto também que os dias dos meses são diferentes de meses para meses porque os meses são diferentes de ano para ano? Não é verdade que os anos são diferentes consoante as épocas das vidas?

E as épocas das vidas com os seus inícios e os seus fins não são diferentes de vidas para vidas? E se o tempo da vida não resultasse de juntar um segundo a cada novo segundo até perfazer um minuto?

E se o tempo da vida inteiro não resultasse de juntar 60 minutos numa hora, 24 horas num dia, 7 dias numa semana, quatro semanas num mês e 12 meses num ano, ou os anos todos das nossas vidas no tempo da vida? E se o tempo todo da vida vibrasse já- mesmo sem ter sido esgotado ou vivido até ao seu limite extremo- de modo comprimido e compacto num segundo?

E se o tempo todo da vida estivesse maciça e densamente compactado no primeiro segundo de vida tal como no último? Todos os momentos em que se percorre o caminho encontram-se entre o primeiro instante e o derradeiro. Todos são princípio e ao mesmo tempo fim. Todos duram mesmo que um instante.

A vida começa ao fim-de-semana ou nas férias, porque a vida começa nas vésperas de tudo.

Acaba também de véspera. Talvez, não ainda. Expresso.

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