0 nosso défice externo – em regra, de cerca de 10% do PIB – ocupa o 5º lugar no mundo, cf. FMI (Cristina Casalinho, Jornal de Negócios, 5.06.2009).
O endividamento líquido de Portugal no exterior cresceu de cerca 44 000 m€ em 2000 (38% do PIB) para 162 000 m€ em 2008 (100% do PIB).
A dívida pública subiu de 66 000 € em 2000 (55% do PIB) para 110 000 m€ em 2008 (66% do PIB).
No mesmo período, a economia portuguesa evoluiu à taxa anual média de 0,8%.
As fracções das principais despesas sociais (Educação, Saúde, Segurança Social e Caixa Geral de Aposentações) em relação aos valores das contribuições e impostos cobrados foram, nos seguintes anos, a seguintes: 60% em 1990; 70% em 2000; 74% em 2008. Se a economia portuguesa e estes gastos evoluíssem aos ritmos de 2000-2008, em 2015 o "social" absorveria cerca de 90% das receitas tributárias e, em 2020, perto de 100% das mesmas.
São previsíveis dificuldades na obtenção dos financiamentos externos – provavelmente mais caros e mais difíceis de obter – com graves repercussões sobre o andamento da nossa economia e o nível de vida das populações.
Todas as decisões relativas a quaisquer investimentos que, directa e rapidamente, não tenham efeitos sobre as exportações e o emprego, devem ser cuidadosamente ponderadas e debatidas, em virtude dos sérios riscos que pesam, cada vez mais, sobre a sustentabilidade das contas públicas e dos financiamentos externos, já no curto/médio prazo.
Tudo o que não respeite à energia e a um ou outro investimento não deve ser levado por diante sem o estudo atento de quem tem competência para fazê-lo, sem um debate sereno entre os diferentes protagonistas, públicos e privados, e sem um consenso político muito amplo e muito claro.
É o que a prudência, a responsabilidade e o bom senso aconselham, sob pena de uma ilegítima "hipoteca" deixada às próximas gerações, que nunca perdoariam a execução leviana de políticas de tanto alcance e risco.
Dr. Henrique Medina Carreira
Sem comentários:
Enviar um comentário