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terça-feira, 29 de julho de 2014

“Bilderberg: As minhas perguntas a Balsemão e a sua resposta”

Por Marisa Moura

“Ontem enviei perguntas, por e-mail, aFrancisco Pinto Balsemão, presidente do grupo Impresa (canais televisivos SIC, semanário Expresso, revistas Visão, Exame, Caras, etc.), fundador do Partido PPD – Popular Democrático (actual PSD – Partido Social Democrata), ex primeiro-ministro dePortugal, e um membro da comissão de direcção das reuniões Bilderberg, encabeçada pelo presidente do grupo financeiro dos seguros Axa e cujo chairman é o quase centenário David Rockefeller.

Copio abaixo o e-mail que enviei a Balsemão e a nota sobre a resposta que recebi:

Dr.  Balsemão,

Sou freelancer desde que saí do Grupo Impresa em 2010 e é nessa qualidade que lhe dirijo as questões que seguem abaixo, sobre a crise política do momento, o grupo Impresa e o clube de Bilderberg, às quais agradeço que responda logo que lhe seja possível, nas próximas semanas.

Antes, ainda uma obrigatória palavra sobre a minha saída do grupo Impresa. Demiti-me por razões que creio serem do seu conhecimento. Lamento ter saído por tais razões, lamento a forma como tive de sair e lamento ter-me visto obrigada a tornar pública a situação, bem como lamento a forma pela qual a tornei pública. Pauto-me exclusivamente pelos mais nobres valores de cidadania e ética profissional, pelo que a esses, e apenas esses, jurei lealdade. É sob esse mesmo compromisso que, por mais insólito que pareça, lhe dirijo hoje estas questões. Espero que compreenda e reaja em conformidade com essa compreensão enviando de volta respostas.

Com os meus sinceros cumprimentos e agradecimentos, aqui seguem então.

As questões:

1 – Duas semanas após a reunião do clube de Bilderberg de Junho, em que o Dr. Balsemão levouPaulo Portas (CDS-PP, no governo) e António José Seguro (PS), a revista Exame entrevistou Paulo Portas, que é a capa neste momento em banca. Duas semanas após a entrevista Paulo Portas demite-se do governo e desencadeia eleições antecipadas nas quais Portas e Seguro são precisamente os melhor posicionados para ganhar. Quando Durão Barroso esteve consigo na reunião de 2003 o governo, por outras razões, também mudou. A revista Exame não costuma fazer capa com políticos, mas recentemente já fez duas. Compreende-se que seja a nova linha editorial resultante da nova direcção, mas ambas as capas são com membros centristas do governo (Assunção Cristas, primeiro, Portas agora). Destes factos se infere que neste momento arevista Exame (grupo Impresa) está a fazer campanha por Paulo Portas para as legislativas.

A pergunta é: Que garantias dá aos leitores da Exame, e audiências dos demais órgãos do grupo Impresa, de que esta inferência estará incorrecta? Que garantias dá aos cidadãos portugueses de que os conteúdos que consomem, veiculados pelas revistas Exame e Visão, pelo jornal Expresso e pelos canais da SIC, cumprem estritamente os deveres constitucionais de Informar desta Democracia?

2 – Por que razão inscreve a sua “filiação” no clube de Bilderberg no seu curriculum quando grande parte dos membros nega integrá-lo? Recordo-me, por exemplo, que optou por inscrever essa filiação na pequena bio que o descrevia como orador numa das conferências anuais Portugal em Exame…

3 – Tal como a Maçonaria, o clube de Bilderberg é conotado com secretas conspirações maliciosas ao bem-estar das sociedades, ou no mínimo, poderosas redes de nepotismo. No caso da Maçonaria, em Portugal, têm surgido maçons, como António Arnaut e João Cravinho, a defenderem a transparência relativamente aos seus membros, nomeadamente aos que exerçam cargos públicos. Defende semelhante linha de transparência para o clube de Bilderberg?

4 – Que motivações o levaram a juntar-se ao clube de Bilderberg? Do contributo do Clube para a consolidação da Democracia em Portugal que decisão/decisões destacaria? Porquê?

Mais uma vez agradeço a atenção e compreensão.

Sinceros cumprimentos,

Marisa

http://ergoressunt.wordpress.com/2013/07/04/bilderberg-as-minhas-perguntas-a-balsemao-e-a-sua-resposta/

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