JPP Poucas coisas são hoje tão venenosas para a nossa democracia e para a nossa liberdade como o modo como se está a discutir a questão de Angola. O espectro de represálias, a atitude subserviente, a aceitação da força alheia e perda de dignidade da nossa, o abandono dos mais basilares príncipios do que é uma democracia e do que é a liberdade, cria um ambiente de medo no debate angolano que poucos são capazes de romper. No Prós e Contras da RTP ouviram-se as mais absurdas das coisas, e, com excepção de uma defesa por Ricardo Costa da "obrigação" jornalística de dar as notícias que tanto inflamam a elite angolana, o debate foi um retrato de como o veneno da chantagem angolana funciona. Como acontece muitas vezes os "especialistas" que são chamados à televisão trabalham em Angola, tem interesses angolanos e recebem salários do governo de Angola. É o caso do antigo Ministro Martins da Cruz , que para além de ter sido "ministro dos negócios estrangeiros" de Luís Filipe Meneses na Câmara de Gaia, é, segundo o seu currículo, "membro do conselho de administração de empresas em Portugal, Espanha e Angola" e "consultor do Governo de Angola". Ou seja, para efeitos daquele debate, está do lado de lá. E mesmo Louçã, um "internacionalista", disse que não discutia a "origem do dinheiro angolano porque isso era um problema dos angolanos". Como assim? Ele que não se coíbe de discutir os dinheiros dos americanos, ingleses, franceses, a política interna de todos os países do mundo, subitamente pára às quatro rodas naquele debate e, perante aquela plateia, onde o que era vitalmente preciso dizer é que é a origem do dinheiro angolano o principal problema, dinheiro roubado a um povo na miséria, por uma clique de políticos e generais do MPLA, e "lavado" em Portugal, fica calado. |
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