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segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Monoglotismo político

Francisco Seixas da Costa

 

Notícias recentes, a confirmar, dão conta das mais do que duvidosas qualificações linguísticas de um certo membro do governo, com responsabilidades na área externa. Nada que já não tenha ocorrido no passado, convém lembrar. A serem verdadeiros tais rumores, logo que atravessada a fronteira do Caia o nosso governante entrará num irrecuperável estado de incompreensão perante os seus eventuais interlocutores, o que introduzirá alguma singularidade na nossa ação diplomática, se bem que, de forma implícita e com patriótica soberba, dê conta da prioridade que atribuímos à lusofonia. Porém, há quem não dramatize tanto esta falha ao lembrar que, no caso do político em questão, ela pode ser compensada, numa certa escala, pela facilidade semiótica de recurso ao léxico gestual simbólico que é próprio de certos ritos universais a que o nosso homem regularmente se aventala.

 

Qual poderá ter sido a racionalidade subjacente a esta escolha? Tenho uma explicação, que vale o que vale. 

 

Em tempos em que a discricionariedade e o arbítrio, senão mesmo algum nepotismo, comandavam a administração da diplomacia portuguesa, dizia-se que havia sempre uma explicação para que alguém aparecesse destinado para a embaixada em Londres: ou porque, bem educado, sabia falar muito bem inglês, ou ia trabalhar para escritório de Belgrave square porque o ministério, num acesso de generosidade pedagógica, havia decidido proporcionar-lhe um ensejo para se aprimorar na língua de Shakespeare.

Se esta espécie de "estágios" se aplicavam aos diplomatas, por maioria hierárquica de razão devem ser extensíveis a políticos que os titulem. 


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