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domingo, 11 de agosto de 2013

Criminalidade autárquica

Francisco Seixas da Costa

 

Às tantas, devo ser eu que sou esquisito, mas faz-me impressão ver um candidato autárquico reivindicar-se do legado de um delinquente (já na cadeia, com sentença transitada em julgado), colocando o respetivo nome ou foto nos cartazes, como se de uma medalha se tratasse. É como houvesse alguma glória no bando do "roubo mas faço!", expressão crismada por um sinistro político brasileiro que dava pelo nome de Ademar de Barros.

 

E não me venham com o argumento de que o delinquente foi um ótimo autarca ou de que outros, que terão roubado tanto ou mais, andam aí de costas direitas! A impunidade de uns não absolve a culpabilidade de outros, agora confirmada em pleno pela justiça, depois de anos de expedientes dilatórios garantidos por uma advocacia espertalhota e por uma lei permissiva que protege quem tem dinheiro para comprar recursos - mesmo que esse dinheiro seja dos outros. Configura uma perigosa degenerescência da democracia portuguesa a persistência, em muitos meios, deste tipo de relativismo, que é uma triste contemporização com a criminalidade autárquica, muito injusta para as imensas pessoas honestas que dão o seu melhor nesta atividade cívica.


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