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segunda-feira, 15 de julho de 2013

O NAVIO FANTASMA (15)

JPP

Portas, como Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, classifica a situação portuguesa de "protectorado". Presumo ter sido o primeiro a utilizar essa expressão em Outubro de 2010  (UM PROTECTORADO DA UNIÃO EUROPEIA  no Público de 9 de Outubro de 2010 e aqui no Abrupto.), mas daí não advem nenhum problema: é uma classificação analítica, que presumo ser certa, feita num artigo de opinião. Mas se eu o posso fazer, o Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal não o pode fazer de nenhum modo. Ele é um membro do governo de um país, independente e soberano, que não se encontra formalmente em nenhum estado de excepção, em que o Presidente da República, o Parlamento, o Conselho de Estado o Conselho Superior de Defesa Nacional, todos os orgãos institucionais da nossa democracia, as nossas Forças Armadas, nunca, que se saiba, aceitaram pôr em causa a independência e a soberania nacional, classificando a situação nacional nesses termos e tirando daí as ilações correspondentes. Que são gravíssimas, até porque não entramos em nenhuma guerra e não fomos invadidos por países estrangeiros.

 

Eu bem sei que o uso de palavras pelo Ministro Portas é particularmente elástico, mas ele é uma das últimas pessoas que pode falar com este à vontade de Portugal como protectorado. Uma coisa é a situação de facto de perda de soberania face aos  nossos credores, traduzida no "programa" do Memorando, que não ignoro, outra é a aceitação por parte do topo do estado que isso significa a perda da soberania nacional sem que nenhuma instituição, pelo menos o Presidente e a Assembleia, o defina e caracterize como tal. Isso significa uma perversão total da nossa independência e soberania, significa consentimento pela voz do Ministro dos Negócios Estrangeiros e constitui uma traição mesmo à face da lei.


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