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segunda-feira, 1 de julho de 2013

Intriga presidencial

Dilma da Silva passa o dia conchavando com políticos o golpe do plebiscito para falsa reforma política

Por Jorge Serrãoserrao@alertatotal.net

 

Ironicamente, pode-se afirmar que os políticos ontem cometeram um arakiri. A pressão da opinião pública nas ruas levou o Senado a aprovar o projeto que tipifica a corrupção como crime hediondo. Como a classe política brasileira é uma das maiores promotoras e beneficiárias de jogadas corruptas, simbolicamente, os senadores deram um tiro no próprio pé.

 

A questão, agora, é se a lei será realmente aplicada ou se entra para os anais legislativos apenas como mais uma aprovada, demagogicamente, para virar letra morta no País da Impunidade e do desrespeito sistemático às normas. Para a corrupção virar realmente crime hediondo, ainda falta uma votação na Câmara dos Deputados e a sanção final da Presidenta Dilma Rousseff da Silva.

 

Se o Legislativo resolve fazer sua média com a sociedade insatisfeita, o Judiciário também aproveita a mesma oportunidade e brinda o País com uma decisão pouco comum. O Supremo Tribunal Federal, em goleada de 8 a 1, determinou a prisão de um parlamentar condenado em 2010 por formação de quadrilha e peculato. O bode expiatório é o deputado federal Natan Donadon (PMDB-RO). Mas foram os condenados à prisão no mensalão que mais se apavoraram, porque eles tendem a ser os bodes amanhã (quando, finalmente, forem julgados os recursos da ação penal 470, ainda sem data prevista para acontecer...).

 

Enquanto os políticos e os magistrados dão seu espetáculo de efeitos especiais, a acuada petralhada continua acelerando seu pequeno golpe institucional. A Presidenta Dilma da Silva passará o dia conchavando com presidentes de partidos e líderes do Congresso – tanto da base amestrada quanto os da pretensa oposição. A obsessão dela é acelerar o plebiscito para a reforma política. A ordem é até tirar os parlamentares nordestinos das suas festas juninas para resolver o assunto com urgência urgentíssima.

 

O perigo agora para a sociedade é a pressa alegada para resolver tanta coisa que o governo seus políticos comparsas vêm adiando por dolo ou incompetência. È enorme o risco de o Senado e a Câmara, a toque de caixa, em votações simbólicas e desleixadas dos líderes partidários, aprovarem leis que prejudiquem ainda mais a sociedade brasileira. Seria bom tomar cuidado com a pressa de Renan Calheiros e de Henrique Alves em votar a aprovar tudo a toque de caixa, para fingir que o Legislativo trabalha.

 

O maior perigo de todos é mesmo o plebiscito para a suposta reforma política. Dilma quer mandar para o Congresso, na terça-feira que vem, a proposta do governo sobre o assunto. A natureza do monstro que será parido ainda é desconhecida. Mas a petralhada conquista uma vitória tática. Conseguirá impor o modelo plebiscitário para tomadas de decisões (manipuladas politicamente). Na prática, o Brasil entrará no esquema socialista bolivariano defendido pela turma do Foro de São Paulo (que se reunirá no Brasil, no seu 19º encontro, de 31 de julho a 4 de agosto).

 

Como o Alerta Total já antecipou, o Foro de São Paulo tem três focos operacionais. Primeiro, pretende fortalecer a rede de fundações, escolas e centros de capacitação que servirão de base para a tão sonhada "revolução". Segundo, quer expandir o trabalho ideológico nos países africanos. Agora, a urgência em reagir às manifestações anti-governo petralha, gera uma terceira prioridade: a necessidade de acelerar a implantação do socialismo no Brasil, para que o PT não acabe tirado do poder antes do previsto.

 

Quem avisa...

 

De vez em quando é bom escutar as advertências de um esquerdista liberal, como o ex-ministro do STF, Carlos Ayres de Britto, sobre a jogada plebiscitária dos petistas:

 

"No plebiscito, o povo diz se concorda ou não com pontos da reforma política, responde a perguntas que são alternativas radicais, porque são mutuamente excludentes: quero isso ou não, aprovo aquilo ou não. Mas, quando o que foi aprovado chegar ao Congresso, o projeto que o Congresso vai elaborar e votar pode mudar alguma coisa. É dar cheque em branco a ele. O plebiscito é menos confiável, porque é menos provável que o teor da vontade popular seja totalmente acatado depois pelo Congresso".

Dar cheque em branco à classe política é igual a botar a raposa para cuidar do galinheiro...

 

Dilma-Lula no Foro de São Paulo?

 

O Palhaço do Planalto ainda não informou como e nem quando Dilma da Silva participará do Foro – certamente ao lado do seu criador Luiz Inácio Lula da Silva.

 

O maior cagaço da petralhada é que já estão previstas manifestações conta o evento.

 

É poderosa a mobilização no Facebook e no Twitter para o "foraforodesaopaulo".

 

Quem ainda não domina o assunto, deve assistir a um vídeo explicativo do filósofo e jornalista Olavo de Carvalho.

 

 

Manifestação reagendada

 

Foi remarcada para o dia 25 de agosto de 2013, a partir das 18 horas, em São Paulo, a "Marcha das Famílias com Deus na Reconstrução do Brasil (em defesa da vida, da liberdade, da pátria e da democracia, contra o comunismo).

 

A intenção simbólica é inundar de verde e amarelo o vermelho do MASP...

 

Os organizadores do movimento resolveram priorizar os protestos contra o Foro de São Paulo, cujos detalhes podem ser vistos em suas páginas do Facebook, clicando nos links:

 

 

 

Intriga presidencial

 

Tem petralha jurando que partiu da boca do vice-presidente Michel Temer, o grande maçom inglês, o maldoso comentário, em formato de maldição política, que circula contra a presidenta:

 

"Dilma caminha a passos largos para se somar aos três presidentes que desprezaram o Congresso: Getúlio Vargas, Jânio Quadros e Fernando Collor".

 

A origem geográfica de tal "análise" foi o Palácio do Jaburu, onde o vice trabalha...

 

Chega de bola nas costas

 

O ministro virtual da Fazenda (já que os reais dizem ser a Dilma, o Lula e o Antônio Palocci), apelou para a ignorância burocrática.

 

Guido Mantega baixou um memorando dando a ordem de que nenhum comunicado ou portaria do seu ministério pode ser divulgado sem antes passar por seu crivo pessoal.

 

Mantega, que cansou de tomar bola nas costas de seus secretários-executivos, avisou que a ordem vale até para a Super Receita Federal...

 

Têm culpa os fofoqueiros...

 

Em audiência pública ontem na Câmara dos Deputados, Guido Mantega garantiu que não vai sair do Ministério da Fazenda:

 

"São fofocas. E se formos dar ouvidos a fofocas, estamos perdidos. Num momento de turbulência, você colocar suspeitas sobre a equipe econômica, lançar essas fofocas, é somar turbulências".

 

O ministro Mantega só faltou dizer que está mais prestigiado no cargo que o Felipão na seleção brasileira...

 

Ajudinha?

 

 

 

Convocação urgente

 

Depois da dificílima vitória do Brasil sobre o Uruguai, a Presidenta Dilma da Silva – certamente escutando a consciência de seu criador – planeja uma decisão de impacto futebolístico.

 

Cogita convocar para seu ministério o goleiro Julio Cesar.

 

Quem sabe ele ajuda a defendê-la de tantas penalidades que pesam sobre seu desgoverno repleto de incompetências e hediondas corrupções...

 

Dose...

 

 

 

Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus.

 

O Alerta Total tem a missão de praticar um Jornalismo Independente, analítico e provocador de novos valores humanos, pela análise política e estratégica, com conhecimento criativo, informação fidedigna e verdade objetiva. Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor. Editor-chefe do blog e podcast Alerta Total: www.alertatotal.net. Especialista em Política, Economia, Administração Pública e Assuntos Estratégicos.

 

A transcrição ou copia dos textos publicados neste blog é livre. Em nome da ética democrática, solicitamos que a origem e a data original da publicação sejam identificadas. Nada custa um aviso sobre a livre publicação, para nosso simples conhecimento.

© Jorge Serrão. Edição do Blog Alerta Total de 27 de Junho de 2013.

Posicionamento político em 3D

Posted: 27 Jun 2013 05:44 AM PDT

Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net

Por Fabrizio Albuja

 

Não há como manter a taxionomia de politicagens do século passado. O que se acreditava ideal em outras épocas, vai de encontro a fracassos consecutivos tanto da esquerda quanto da direita.

 

Não existe regime ideal, muito menos uma mixagem de conceitos mal interpretados que geraram posicionamentos híbridos disfarçados de democratas, mas na verdade são agrupamentos de interesses dos modismos funcionais pela empolgação popular.

 

O discurso do "politicamente correto" é muito demagogo e se apoia numa valorização do pontual ao invés da fenomenologia dos problemas como um todo.

 

A postura anárquica, hoje vista como última alternativa, confunde-se com o inicio do caos social, pois, por não ter porta voz de posicionamento político, é muito vulnerável em relação ao seu conceito e ideologia.

 

Pensar que é possível definir a melhor escolha imediata está fora de cogitação. A grande possibilidade de conteúdo e acesso a informações cada vez mais interpretáveis, acelerou o processo de conscientização individualizada do critério da melhor escolha.

 

Por outro lado, esse processo é divisível pela semântica de uma ideologia partidária que não pode se posicionar apenas numa classe social, nem em todas as classes sociais ao mesmo tempo. A democracia é falha, pois é muito mal interpretada.

 

Quem tem uma condição social melhor não pode ser penalizado por isso e, quem tem a pior, também não pode ser vitimizado. As regras de distribuição devem obedecer a uma coerência com regras flexíveis. A grande problemática é que no Brasil a flexibilização se torna jogo de interesses.

 

É preciso uma reformulação sim, no condicionamento real da definição política. O herói do povo jamais pode ser sindicalizado, pois seus poderes não são usados em prol do interesse que quem o elegeu e sim da conta particular a pagar.

 

A solução por impulso não existe, há que realizar o exercício constante da holística do poder público e não entrar na zona de conforto.

 

 

Fabrizio Albuja é Jornalista e Professor Universitário.

A Arrogância ajoelhada

Posted: 27 Jun 2013 05:41 AM PDT

Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net

Por Luiz Sérgio Silveira Costa

 

"O Brasil sempre foi pilhado pelas elites, moral e financeiramente. Mas o PT institucionalizou essa prática. E, pior, a democratizou"

 

Embora os cartazes dos manifestantes apontem e as condenem, as mazelas foram causadas por uma única e daninha característica: a arrogância das elites do país, que diziam que o país é de todos, mas achavam que era apenas deles.

 

São os guardanapos dos restaurantes estrelados no exterior, na cabeça de políticos de duvidosa moral, os escarpins de sola vermelha, nos pés das madames deslumbradas com recursos não contabilizados, as frases de desfaçatez, ditas sem receios, como "O SUS está à beira da perfeição", o "O PT não rouba e não deixa roubar", ou "A crise aqui é marola", ou banalizar o crime, chamando-o de falha administrativa, caracterizando o completo desrespeito à inteligência e sensatez alheias.

 

Foi a arrogância de uma presidente a determinar ser chamada de "presidenta", quando a sociedade civil, Legislativo, Judiciário, e especialmente a imprensa a chamam como deveria ser, de presidente, termo comum de dois gêneros. Foi a arrogância de um partido que, em seus dez anos no poder, deixou de pensar no futuro, a não ser no seu futuro no poder.

 

Em tempos de bonança, navegando em mares tranquilos e ventos suaves, especialmente vindos do exterior e apesar da ampla maioria no Congresso, Lula, o estadista às avessas, o líder multiplicado por -1, não fez nenhuma reforma pensando no futuro, esquecendo-se que a tormenta, cedo ou tarde, acabaria vindo. Se as tivesse feito, dando continuidade ao governo anterior, apesar de protestos de quem só quer  saber de benesses, seja povo ou elite, não estaríamos no estado em que estamos.

 

Mas seria querer muito de quem se alia com o que pior existe no país, só para se manter no poder, com a ética e decência jogadas no lixo! E que nunca quis saber de atritos, desde que continuasse nadando sem sobressaltos, gozando dos elogios de seus áulicos e das delícias de seu cartão corporativo, com gastos  nunca revelados a quem paga a conta. E mais, muito mais, como os mensaleiros, aloprados, cuequeiros, sanguessugas,....!

 

Foi a arrogância de um Executivo que tem 39  ministérios e secretarias para propósitos eleitoreiros, e que aparelhou  a máquina pública com correligionários não concursados, em detrimento de técnicos de carreira; que distribuiu dinheiro a ONG inidôneas, que nomeou políticos derrotados para cargos públicos, que deu asilo a bandidos internacionais, apoio a ditadores de ideologias perversas e fracassadas, e perdoou dívidas de ditadores africanos.

 

Foi a arrogância de vassalos e aproveitadores de toda ordem, a chamarem Lula de "nosso guia", de conhecido lambe-botas,  ou o "Lula é Deus", de sabida e festiva  perua, ou a bravata do  "mexeu com Lula, mexeu comigo".        

 

Foi a arrogância do Legislativo, achando que pode tudo, ao se dar aumentos desmedidos, a patrocinar "trens da alegria", a pagar salários altíssimos a garçons, a nomear cupinchas por atos secretos, a jogar no lixo abaixo-assinado para que Renan saia, ao comprovar verbas indenizatórias com recibos falsos, a reter para si parte de salários de membros de seus gabinetes, do voto secreto, do Conselho de Ética suspeito, do "vício insanável da amizade", do foro privilegiado, da imunidade e das emendas parlamentares, dos marajás do serviço público, da farra das passagens aéreas no Senado, do plano de saúde vitalício para senadores, ex-senadores e seus familiares, mesmo que tenham exercido o cargo por poucos dias,  a desafiar o estado democrático de direito com PECs inaceitáveis, a mais ousada delas a de submeter decisões do STF ao Congresso. E mais, muito mais!!

 

Foi a arrogância de um sistema eleitoral perverso, com partidos nanicos existindo só para se venderem, com campanhas financiadas por empresas e empresários que sempre retornam para cobrar as faturas, de senadores suplentes sem voto, de um quociente eleitoral canhestro, em que se vota em um e também se elege quem não se quer.

 

Foi a arrogância do Judiciário, em seus palácios suntuosos, em suas férias exageradas, em sua burocrática processuística, em suas decisões divorciadas da opinião pública, em sua lentidão e bondade para julgar, em seu vergonhoso e retroativo auxílio-alimentação, em suas festas e congresso patrocinados por quem pode ser réu, no uso de camisetas de cervejaria no sambódromo. São o respeito exagerado a agravos e embargos, sabidamente procrastinatórios, para evidentes culpados, as presunções de inocência, o engarrafado trânsito em julgado, os juízes corruptos apenas aposentados, em vez de demitidos e processados como qualquer criminoso, etc, etc, etc.

 

Foi a arrogância dessas elites pilhando o país, achando-se acima do bem e do mal, desconsiderando, durante todos esses anos, cartas dos leitores e  inúmeros artigos nos jornais, revistas e blogs, de vários e renomados articulistas, criticando a frouxidão moral e a forma leviana da condução do país por eles, especialmente por um partido que se arrogava deter o monopólio da ética e se mostrou ser o mais corrupto de todos, nunca antes na História deste país!

 

Cansado dessa arrogância, desse desrespeito e audácia que causaram todas as mazelas reconhecidas, o povo foi às ruas e os arrogantes estão recolhendo os cacos, temendo pelos seus bens, a maioria incomprovados e alaranjados, trocando o vermelho-orgulho  pelo amarelo-vergonha, inclusive nos sorrisos, a soberba pela humildade, a ereção pela ajoelhação, propondo pactos e medidas desesperadas, qual ratos em navio afundando, pois sabem que as reeleições, em todos os níveis, estão como esse mesmo navio, fazendo água por todos os bordos.

 

Mesmo sabendo que as próximas escolhas e renovações sejam difíceis, com as mesmas figuras lindinhas e garotinhas de sempre, alcançamos, com as manifestações, duas indiscutíveis alegrias contra esses arrogantes e odiosos brasileiros: o nocaute que sofreram, do alto de suas soberbas, jamais imaginando essa reação dos que supunham estarem dominados e anestesiados por migalhas sociais; e a de que agora, reentrando na atmosfera, saberem que nada mais vai ser como até então.

 

Se assim for e o PT se esfarelar, o Brasil, esse estado democrático e de direito, ressurgirá revigorado, sob o império da ética e do respeito e interesse público. É o que as manifestações querem e os brasileiros de bem esperam!

 

Fora arrogantes pilhadores do país e roedores das esperanças do bem comum, da inclusão social, da dignidade e decência, de um país verdadeiramente de todos!!!!

 

Com a alma em festa e a esperança renovada, cantarolo e desfraldo meu cartaz de passeata, escrito com a estrofe da velha, mas inteiramente atual, canção "Como uma Onda", de Lulu Santos e Nelson Motta:

 

"Nada do que foi será/ De novo do jeito que já foi um dia..."

 

 

Luiz Sérgio Silveira Costa é Almirante Reformado.

Por uma nova política energética

Posted: 27 Jun 2013 05:40 AM PDT

Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net

Por Heitor Scalambrini Costa

 

Os especialistas da área energética do governo federal, inclusive a mais "famosa" e que ocupa o principal cargo público da nação, têm demonstrado o quanto suas decisões estão na contramão da história.

 

O Brasil, elogiado até então por contar na sua matriz elétrica com mais de 80% de sua geração com fontes renováveis de energia, em particular as hidroelétricas, não tem levado em conta a nova realidade do papel mundial das fontes renováveis de energia. Indo mesmo na direção contrária, conforme atestam os dados produzidos pelo próprio governo, e de decisões tomadas. Segundo o último inventário de emissões de gases de efeito estufa 2005-2010, lançado pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI); houve no setor de energia uma alta das emissões no período, de 21,4%.

 

Com o mesmo discurso do desconhecimento do setor energético, a presidente repetiu a "chantagem" feita pelo seu antecessor. No passado recente foi dito que, ou se aceitava a construção de mega-hidrelétricas na Amazônia, ou teríamos que conviver com novas usinas nucleares. Agora o discurso proferido em abril último é de que, ou se constrói novas hidrelétricas ou aumenta-se a participação das termelétricas a combustíveis fósseis na geração energética.

 

Só que não dá mais para continuar a enganar ninguém, pois a opção declarada e escrita do governo federal, que consta no Plano Nacional de Energia 2030 (PNE), é de ofertar energia elétrica construindo mega-hidrelétricas, termelétricas a combustíveis fosseis e novas usinas nucleares.

 

Ao mesmo tempo, se concentra na indústria brasileira do petróleo (o maior vilão do efeito estufa) em torno de 2/3 dos investimentos feitos pelo país no setor energético.

Para alguns, a surpresa maior foi à portaria 137 de 30/4/2013 do Ministério de Minas e Energia (MME), liberando usinas térmicas a carvão mineral - a fonte de energia que mais libera CO2 entre todos os combustíveis fósseis, além de outros gases tóxicos, como o enxofre - a participar do leilão de energia elétrica A-5, programado para agosto próximo. O que contribuirá efetivamente para um aumento da participação desta fonte energética, que hoje corresponde a 1,5% da matriz elétrica do país. Ao mesmo tempo foi proibida a participação da energia eólica neste leilão.

 

Mesmo que a energia nuclear esteja sendo questionada mundialmente, devido aos riscos de acidentes, o Brasil irá investir R$ 850 milhões no setor, e ainda prevê a construção de um reator multipropósito. Além, dos R$ 10 bilhões na construção de Angra 3. No PNE esta previsto ainda até 2030, a construção de mais 4 usinas nucleares, sendo 2 no Nordeste, e mais 2 no Sudeste. Tudo isto com a defesa apaixonada pela energia nuclear do atual ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação (como seus antecessores já haviam feito), que chegou a declarar que a reativação do programa nuclear brasileiro para fins pacíficos é "um dos principais programas da pasta", do qual ele "não abre mão". 

 

Pode-se contrastar este depoimento, com o que falou o eminente físico Robert Oppenheimer, responsável pela construção da primeira bomba atômica, quando visitou o Brasil, em 1953: "Quem disser que existe uma energia atômica para a paz e outra para a guerra, está mentindo".

 

O que acontece na área energética se assemelha ao "modus operandi" como as decisões e opções nefastas têm sido adotadas em outras áreas. Sem consulta e participação popular verificam-se decisões completamente autocráticas e descoladas dos anseios da maioria da população. Decisões que afetam não só as gerações atuais como as futuras.

 

Opções existentes e são apontadas por inúmeros documentos produzidos pela comunidade acadêmica e organizações não governamentais que militam na área energética. Por exemplo, o relatório O Setor Elétrico Brasileiro e a Sustentabilidade, lançado em novembro de 2012, mostra a potencialidade da energia solar e eólica no Brasil. Estas fontes são menosprezadas nas políticas públicas. Este documento aponta que, com as tecnologias atuais de energia solar, seria possível atender a 10% da demanda atual de energia elétrica do Brasil. No caso da energia eólica, o potencial inexplorado chega a 340 GW, quase três vezes o total da capacidade elétrica instalada atualmente no país.

 

Sem contar com outras medidas factíveis, como a implantação de programas de eficiência energética e redução de demanda. Segundo estudo da Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (Abesco), cerca de 10% do total consumido anualmente (430 TWh) são desperdiçados, volume superior ao consumido pelo total da população do estado do Rio de Janeiro, que alcança cerca de 36 TWh.

 

Alternativas existem, e daí a necessidade urgente de se discutir uma Nova Política Energética para o Brasil. Este assunto foi debatido em um seminário nos dias 23 e 24 de maio último em Brasília, promovido pelo Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Social, e que teve ao seu final o lançamento de um documento assinado por mais de 40 organizações, instituições e pesquisadores presentes, intitulado "Mensagem a Sociedade Brasileira Por uma Nova Política Energética".

 

Nesse documento a sociedade, os participantes não aceitam mais o modelo autocrático em que são tomadas as decisões, pregam a urgência na mudança de rumo no setor energético, exigindo ampla participação e controle social em uma área estratégica do país.

 

 

Heitor Scalambrini Costa é Professor da Universidade Federal de Pernambuco.

 

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