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segunda-feira, 17 de junho de 2013

O MATERIAL TEM SEMPRE RAZÃO (22): O REACCIONARISMO

JPP


This is the way the world ends 
Not with a bang but a whimper.
 (T.S. Eliot)

Uma das características dos dias de hoje é o surto, irremediável e provavelmente duradouro, de reaccionarismo social, cultural e político. Não é ideologia, não é política, foi vontade de ficar no lado dos mais fortes, dos que pareciam estar a vencer, dos que estiveram na moda. A crise acicatou estas divisões. Era o lado confortável há dois anos, hoje é o lado do desespero, logo da agressividade. 

 

Hoje, que os dias dourados da engenharia utópica do "ajustamento" já estão longe, o que sobra é uma acção por surtos, caótica, dolosa, confusa, que não ousa mostrar a cara, que se enreda em mentiras e explicações. Desamparado dos seus mentores governativos, todos na defensiva, o discurso reacionário outrora impante, torna-se reactivo, feroz, grupal, "de classe". Eles percebem que os seus melhores dias já estão no passado e que tudo vai soçobrar. Com laivos autoritários, contra a lei, acima da lei, contribuem para o acelerar da dissolução dos laços sociais, para o discurso de guerra civil, para um finis patria que tanto pode ser um "bing" como um "bang". É uma espécie de PREC ao contrário. Quem já viu um, percebe demasiado bem o outro. 

 

Hoje, um discurso da moderação tornou-se inaceitável porque a intolerância reaccionária domina. A intolerância classifica por necessidade e por arrogância. O que era ponderado ontem, hoje parece excessivo, radical. Mas não é. É o mesmo, num outro deserto.

*

Um dos exemplos de reacionarismo que continuam a ter certos comentadores foi o de Camilo Lourenço contra o facto de haver pouco transito em Lisboa nos dias uteis da passada semana metendo à mistura coisa como "não temos produtividade para fazer isto". As pessoas (ainda) têm direito a 22 dias uteis de férias e os períodos gozados dependem sempre de aprovação da entidade patronal. Portanto, nada de anormal nisto. E além disso convém relembrar q férias de uns são trabalho p/ outros. O Algarve que o diga. E com a quebra da atividade económica muitas empresas gostariam de ter motivos p/ negar férias aos seus trabalhadores, mas provavelmente não vale a pena. Um economista que não perceba isto não traz grande valor acrescentado ao debate público, apenas uma + posição reacionária contra "os suspeitos do costume", "os que pagam sempre todas as crises", ou seja a Classe Média.

 

 

(Miguel)


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