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terça-feira, 30 de abril de 2013

França-Alemanha : “Um vento glacial”

Enquanto os dois países debatem há vários meses qual a estratégia a seguir para sair da crise, a tensão aumentou ligeiramente na sexta-feira, dia 26 de abril, após um documento do Partido Socialista francês sobre a Europa ter sido divulgado pela imprensa.

Nesse documento é denunciada "a intransigência egoísta" de Angela Merkel. Apesar de o texto final, que deverá ser aprovado a 30 de abril, ser mais moderado, estamos longe da "tensão amigável" com a chanceler alemã mencionada anteriormente pelo Presidente francês François Hollande.

Uma atitude da França denunciada por Le Figaro, que no seu editorial considera que

nada é mais irresponsável do que fazer de Angela Merkel e da política europeia da Alemanha o bode expiatório das dificuldades que se acumulam no nosso país. Este cálculo, elaborado ao mais alto nível em Paris, é simplesmente maquiavélico, ao desejar que a chanceler alemã enfrente dificuldades no período eleitoral de setembro (as eleições legislativas ocorrerão no dia 22) e que a Alemanha seja obrigada a abandonar a sua exigência de rigor para satisfazer uma Europa do Sul incapaz de se reformar.

Para Le Monde, "este joguinho é não só infantil como extremamente perigoso", por vários motivos:

Primeiro porque atribuir a responsabilidade das dificuldades políticas e económicas da França à União Europeia favorece ainda mais o euroceticismo. […] Depois, porque, apesar de Merkel fingir ser indiferente aos ataques pessoais de que é alvo no sul da Europa, o caso ganha obrigatoriamente uma nova dimensão quando a ofensiva provém de Paris.

Do lado alemão, Der Spiegel estima que este desacordo franco-alemão representa um obstáculo para a saída da crise:

François Hollande deposita as suas esperanças num novo Governo, após as eleições legislativas alemãs, mais aberto e disposto a fazer compromissos. Já não espera nada do Governo atual. Um ano após o início do seu mandato, a relação franco-alemã está pior do que os mais pessimistas, de ambos os países, alguma vez tinham imaginado. Berlim e Paris estão em desacordo sobre quase todas as decisões políticas para ultrapassar a crise.


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