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domingo, 7 de outubro de 2012

Margarida Marante


Para uma certa geração que acompanha(va) com atenção a política portuguesa, Margarida Marante foi uma figura mediaticamente saliente. Talvez haja sido das pessoas a quem vi construir algumas das melhores entrevistas políticas feitas na televisão portuguesa. Notava-se que as preparava com imenso cuidado e a prova do seu sucesso era a regular inquietude que provocava nos seus interlocutores, que tratava com uma displicência que chegava a raiar a provocação. Admirou-me sempre o risco assumido pelas televisões ao colocarem uma jornalista tão jovem nesses exercícios de grande responsabilidade. Dos quais, diga-se, nunca a vi sair mal, embora não raramente eu próprio me irritasse imenso, porque ela deixava bem claro que sempre esteve longe daquilo que eu próprio pensava.

Falei pessoalmente com Margarida Marante poucas vezes. Recordo uma noite, mais longamente, num jantar em casa de amigos comuns. Não me pareceu uma pessoa de feitio fácil, nem sequer mobilizadora de uma automática simpatia - e seria fácil não o dizer, no dia seguinte àquele em que sei da sua morte. Era uma mulher muito bonita, mas percebia-se que se recusava em absoluto a abusar disso. Depois de ter lido, há tempos, alguma coisa sobre os seus problemas pessoais, só posso lamentar ver uma pessoa com o seu talento desaparecer tão cedo, muito provavelmente "desta vida descontente".

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