Para eliminar os quilos a mais, a solução é mesmo uma dieta equilibrada e exercício físico. Quanto a tentar perder peso com os produtos para emagrecer arrisca-se a constatar que “só a carteira perde peso”. Esta é a conclusão do estudo divulgado pela Deco Proteste que foi buscar 20 produtos “para emagrecer” às prateleiras dos super e hipermercados e lojas de dietética, disponíveis nas secções “saudável” e “emagrecimento”. Os resultados da análise da composição e alegações anunciadas nos rótulos das embalagens servem de aviso aos consumidores: Alguns destes produtos não têm efeito, outros contêm substâncias diuréticas ou laxantes, incompatíveis com um emagrecimento real. As “fórmulas” para emagrecer à venda nos supermercados “combinam plantas, frutos ou legumes, são enriquecidos com vitaminas ou sais minerais e reclamam super poderes contra os quilos em excesso”, explica o estudo da Deco Proteste que denuncia ainda que “para convencerem, recorrem a um discurso pretensamente científico, mas, com frequência, repleto de erros”. De acordo com a análise, alguns destes produtos contêm mesmo substâncias que, em elevadas concentrações, podem ser perigosas como é o caso dos estimulantes, que elevam o ritmo cardíaco. Além disso, nota, o preço é elevado variando entre 6 e 40 euros por embalagem. “Alguns produtos analisados propõem o emagrecimento com o recurso a diuréticos e laxantes, que fazem perder água e fezes em vez de gordura. Outros contêm cafeína, substância estimulante, presente, por exemplo, no chá verde e no guaraná. Mas seriam necessárias quantidades elevadas para permitirem a perda de peso. E, em tais quantidades, existe o risco de alterações ao nível do batimento cardíaco”, alerta o resumo de estudo que desmascara estes produtos. Mas há mais avisos: Cuidado, por exemplo, com a típica “estratégia de sedução” usada nos rótulos das embalagens e que se apoia em “linguagem com aparência científica”. Exemplo? “Variam as diferenças morfológicas (metabólicas) individuais: obstipação, retenção de líquidos, excesso de apetite (...)”, cita a Deco Proteste para, em seguida, desmontar esta mensagem: “Uma coisa é a morfologia de um indivíduo (alto, baixo, etc.), outra as suas características metabólicas, ou seja, a forma como transforma e elimina, por exemplo, as gorduras e os hidratos de carbono”. Além da ciência recorre-se também à estratégia do recurso a “substâncias ditas naturais” para convencer os consumidores. “A lista é vasta e varre desde o incontornável aloe vera até frutos exóticos brasileiros, como o açaí, passando pelo ginseng, típico da medicina oriental. Mas a eficácia real destas substâncias, nas doses propostas, está por demonstrar”, nota o estudo que adianta ainda que algumas destas plantas não estão isentas de riscos e que é preciso ter cuidado com interacções com outros medicamentos. Por fim, ficam ainda algumas dicas sobre sinais que devem servir de alerta: “Desconfie dos produtos ou dietas que prometam uma perda de peso fácil e sem esforço. Tenha o mesmo cuidado face a alegações de conhecimento científico, cura milagrosa, ingrediente com segredo e remédio tradicional. Termos como “sensação de saciedade” ou “termogénese” também devem fazer soar as campainhas. Produtos que afirmem ser seguros, sobretudo por conterem substâncias ditas naturais, ou incluam histórias não documentadas, com testemunhos de consumidores ou médicos, reclamando resultados fantásticos, são ainda de rejeitar”. Depois de tudo isto resta uma conclusão: “Para perder peso e manter a saúde, a dieta deve ser variada, eliminar os alimentos hipercalóricos, contemplar 1200 a 1500 quilocalorias diárias e incluir exercício”, refere a Deco Proteste que aconselha os consumidores que querem eliminar os quilos a mais a calcular o índice de massa corporal (que relaciona peso e altura) e a consultar um especialista. Alerta dos Nutricionistas
A Bastonária da Ordem dos Nutricionistas, Alexandra Bento, subscreve o alerta da Deco Proteste. “Qualquer destes produtos implica riscos e deixa reservas se não for prescrito por um profissional”, refere sublinhando que “o excesso de peso é, em primeiro plano, uma doença e, por isso, necessita de uma avaliação por um profissional que pode ser um nutricionista ou dietista”.
Segundo a especialista estas fórmulas são também muitas vezes inócuas alcançando apenas um efeito placebo. “Quando muito funcionam como factor motivador para operar uma mudança em hábitos alimentares e, aí, a única perda seria económica”, considera, lamentando as falsas expectativas e a pressa de quem quer perder peso. “O que as pessoas querem são milagres. Querem perder peso e já. Muitas vezes, estes produtos vendem isso com imagens perfeitas e até definem um horizonte temporal como o ‘perca x quilos em x tempo’”. Alexandra Bento insiste na importância da consulta de um nutricionista ou dietista e nota que no site da Ordem dos Nutricionistas está publicada a lista dos profissionais acreditados porque também na oferta destes serviços há pessoas sem formação que podem “vender gato por lebre”. PUBLICO
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