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quarta-feira, 28 de março de 2012

O CALDO VERDE EVITA O CANCRO!

O CALDO VERDE EVITA O CANCRO!
Por Manuel Luciano da Silva, Médico

Muita gente sabe que o caldo verde é uma sopa de couve Portuguesa, 
tipicamente  do norte de Portugal Continental,  mas  muito divulgada por
todo o país.
Couve é o  nome genérico que se usa para  descrever uma   grande família  de
hortaliça  caracterizada  por folhas largas, esverdeadas e  muito ricas em
nervuras, fibra e vitaminas.  Existe uma variedade de couves:   couve
galega, couve lombarda, couve crespa, couve penca,  couve tronchuda,  couve
bastarda, couve repolho, couve brócolo roxo, couve brócolo branco e até
couve flor!  Mas a couve preferida para se fazer o caldo verde,  como deve
ser,  é a couve chamada galega, muito cultivada na Província do Minho em
Portugal.
Na Nova Inglaterra os nossos emigrantes cultivam nos seus quintais a couve
galega,  depois de usar vários truques para passarem, contra a lei,  na
alfândega as sementes desta  couve preferida.  Na América há uma couve
semelhante à galega  que  tem o nome de: "collards".
Devido  às  temperaturas  negativas as couves galegas não se aguentam ao
relento durante os meses de inverno e assim a nossa gente usa um tipo de
couve crispada chamada "kale". Mas o caldo feito de "Kale" não é
genuinamente caldo verde. Perde a sua característica,  não pelo tipo
diferente de couve, mas sim pelos ingredientes que as cozinheiras 
imigrantes lhe adicionam e que não devem fazer parte da receita do caldo
verde.
Sucede que a composição da "kale soup" é muito complexa: além da couve ou
"kale", leva carne de vaca, carne de porco, chouriço, ou linguiça, feijão,
batata, cenoura, água, sal  e mais não sei quê. Gostosa? Sim, senhor, mas é
tão concentrada, é tão forte que até faz lembrar cimento armado ou
entulho!...
Em contrapartida  a receita do caldo verde é muito simples: água, sal, 
batata ralada, couves cortadas  às tiras fininhas, azeite português  e mais
nada!
No entanto há muitas donas de casa que não sabem cozinhar  o caldo verde
como deve ser. Não fazem caldo verde para os seus familiares  por que dá
muita maçada a cortar as couves às tiras muito fininhas... Mas talvez a
razão principal seja por  as cozinheiras portuguesas  na América pensarem
que o caldo verde por ter tantas couves não  tem  nenhum valor nutritivo,
não presta para nada! Como estais enganadas,  minhas senhoras!
Se vos disser que de todos os cozinhados tipicamente portugueses o caldo
verde é o melhor para a  nossa saúde?! Que pensais se vos disser,   como
médico,  que o caldo verde evita o cancro?! E se vos disser  que o caldo
verde evita os ataques do coração por reduzir no sangue o colesterol,
pensais que é fantasia!?  E se vos disser mais: que o caldo verde evita as
pedras na vesícula  e evita as hemorroidas?!
É caso para perguntardes: se isso é verdade, porque é que levou tanto tempo
a descobrir que o caldo verde é tão milagroso?!
DOUTOR BURKITT
Na década de setenta o famoso médico inglês Burkitt chefiou um grupo de
médicos da Grã Bretanha que foram para a África  Central estudar as
diferenças entre as doenças que existem na selva e na zona metropolitana de
Londres.
Depois de estudos muito apurados o Dr. Burkitt veio a descobrir  que existe
no continente africano um tipo de cancro  diferente  que é causado por um
vírus. Esta descoberta foi sensacional porque  provou-se, pela primeira vez,
que certos tipos de cancro podem ser causados por vírus.  Em honra desta
descoberta  o mundo médico mundial  passou a chamar a este tipo de cancro: 
Linfoma não-Hodgkin de Burkitt.
Revelo esta informação médica  a respeito do Dr. Burkitt para os leitores
melhor  apreciarem  o calibre das observações que a equipa do Dr. Burkitt
veio a registar  no que diz respeito às diferenças  que existem  entre a
dieta dos nativos  africanos e a dieta do povo londrino.
Primeiro os médicos ingleses verificaram  que os nativos nunca tinham prisão
de ventre, não contraiam cancro do recto, não tinham ataques do coração, não
sofriam de hemorroidas, nem  apendicite aguda!
Surpreendidos com estes factos os médicos britânicos constataram  que os
nativos africanos defecavam ou obravam, durante 24 horas, um volume, QUATRO
VEZES  maior do que qualquer cidadão inglês!
Admirados com este achado, os mesmos médicos prosseguindo com as suas
pesquisas concluíram que a diferença dramática de saúde entre o povo inglês
e os nativos em África se devia ao facto dos africanos comerem NOVENTA POR
CENTO   de ALIMENTOS RICOS  em FIBRAS VEGETAIS,  que não chegam a ser
absorvidos no intestino e  saem nas fezes praticamente intactos, aumentando
assim o volume fecal, evitando  portanto a prisão de ventre!
Nos últimos anos mais de mil especialistas em todo o mundo  têm publicado
artigos em jornais e revistas médicas  sobre  as observações da equipa
médica do Dr. Burkitt, CONFIRMANDO que os alimentos melhores para a nossa
saúde são aqueles que têm mais fibras vegetais  não-reabsorvíveis e que  nos
obrigam a visitar mais vezes a retrete....  Eu tive oportunidade de ouvir
uma conferência sobre este assunto pelo Dr. Burkitt,  há vários anos,  no
Hospital de Roger Williams,  em  Providence,  Rhode Island,  na qual o
famoso médico  usou esta frase bombástica: "É MAIS IMPORTANTE SABERMOS O
VOLUME DA MERDA DIÁRIA DUMA PESSOA DO QUE O VALOR DO SEU AÇÚCAR OU DO SEU
COLESTEROL!"
BENEFÍCIOS  DO CALDO VERDE
Para apreciarmos as maravilhosas qualidades do caldo verde temos que
primeiro  analisar o nosso aparelho  digestivo. Qual é o comprimento  do
nosso tubo digestivo?  Qual é a distância que vai da boca até ao ânus?
Resposta: O comprimento do nosso tubo digestivo é quase SETE vezes a altura
de cada pessoa! Deste modo se um homem tem de altura um metro e meio, o seu
tubo digestivo possui DEZ METROS de comprimento!  É igual à mangueira de
regar o quintal!...                                      
Agora compreendemos melhor porque é que a Natureza  exige que a nossa
alimentação contenha 90 por cento  de alimentos com fibras vegetais que não
sejam reabsorvidas. É  preciso que a nossa alimentação contenha substâncias
que não desapareçam, que não sejam reabsorvidas, no percurso do tubo 
digestivo, porque de contrário não  chegará nada ao fim do canal que tem em
média mais de dez metros de comprimento...
Analisemos agora  o conteúdo do caldo verde:
COUVES -  As couves são a parte mais importante do caldo verde porque são
muito ricas em fibras não-reabsorvíveis.  Além disso as couves são muito
ricas em vitamina A  e  complexos B (tiamina, riboflavina e niacina).
Possuem  também cálcio, ferro, fósforo, potássio,  mas  têm poucas calorias.

AZEITE -- O azeite deve ser português porque é muito rico em ácidos
não-saturados que fazem baixar o colesterol mau.
BATATA --  serve para amaciar, tornar  mais homogéneo o sabor do caldo verde
e o seu valor calórico não está fora de ordem.
ÁGUA QUENTE -- A água quente do caldo verde é muito importante, porque  faz
funcionar muito melhor  os sucos digestivos e os fermentos ou enzimas do
aparelho digestivo.   A água quente faz descontrair os esfíncteres ou
válvulas do aparelho digestivo, estimula a contracção normal da  vesícula
biliar e relaxa o estômago  e os  intestinos  delgado e grosso, tornando a
nossa digestão agradável e saudável.
SAL-- Não deve ser exagerado. Só o preciso!
CHOURIÇO --  O chouriço - para ser cortado às rodelas e pôr no caldo verde
-- deve ser cozido à parte para se  deitar fora a água porque  esta contem 
os produtos cancerígenos do  chouriço  devido ao processo de ter sido  
defumado.
BROA -- A broa deve ser à moda portuguesa feita com o farelo  e  farinha  de
milho  como se coze na  nossa terra.
Quem comer uma malga de caldo verde todos os dias não tem prisão de ventre!
Quem não tem prisão de ventre não tem hemorroidas! Por outro lado  uma
pessoa fazendo as suas necessidades diariamente, o fígado é obrigado a
produzir mais bílis e a  vesícula a expelir mais sais biliares  para untar a
tripa por dentro para que os alimentos deslizem melhor. Deste modo saindo
mais bílis (rica em colesterol)  para o exterior  através  das fezes, dá-se
uma baixa de colesterol no sangue, diminuindo os riscos de ataques cardíacos
e de pedras da vesícula (compostas por colesterol)! O caldo verde faz
também  com que a pessoa emagreça e se torne mais saudável e mais feliz.

CANCRO DO CÓLON
Tem-se verificado uma relação directa entre a prisão de ventre e o cancro do
cólon ou do intestino grosso. Porquê?  Porque quando há prisão de ventre as
fezes ficam paradas no intestino grosso, ou cólon e assim  os produtos
tóxicos  contidos nas FEZES RETIDAS bombardeiam as células da mucosa
intestinal de tal maneira  que com a  REPETIÇÃO  deste processo 
desencadeia-se  o princípio do cancro do cólon ou do intestino grosso que é
uma doença terrível!
Como contra prova dos estudos que a  equipa do Dr. Burkitt  observou   em
África,   deram-se  aos nativos africanos   dietas  iguais  à que os
ingleses e americanos usam com McDonalds, "ice cream" ou sorvetes, pizzas,
lasanhas, batatas fritas, etc. Inverteu-se a dieta: em vez de 90 % de dieta
com vegetais os nativos africanos  passaram a ter uma dieta de SÓ DEZ  por
cento de vegetais.   Resultados: Os nativos começaram a engordar, o
colesterol começou a subir, passaram a ter prisão de ventre e a desenvolver
hemorroidas como os ingleses e os americanos!
Parece incrível, mas é verdade! No fim do século XX são os povos primitivos
a ensinar ao homem civilizado, ao homem dos produtos sintéticos e das
pastilhas qual é a alimentação mais saudável!
Há mais de 40 anos visitei as Termas de Melgaço no Norte de Portugal. Estas
termas são especialmente dedicadas a  doentes diabéticos,  cardíacos e
renais. Observei então que fazia parte do tratamento obrigatório, a todas as
refeições diárias,  um grande prato de caldo verde.  E todo o doente que
quisesse  comer fora das três  refeições só podia  comer mais  outro prato
de caldo verde!  O certo é que todos os doentes melhoravam das suas
enfermidades!
Ainda hoje em Coimbra quando os estudantes fazem uma farra ou há uma reunião
de curso e se come e  se bebe exageradamente... depois duma bela 
guitarrada,  à meia noite,  serve-se sempre um caldo verde -- bem quente -- 
para "limpar e acalmar as entranhas"... Quando tiver uma festa grande em sua
casa faça o mesmo: ofereça aos seus convidados um caldo verde para  
despedida e para terem boa viajem!...

RECEITA DO CALDO VERDE À MODA  DE VALENÇA DO MINHO
Dois  litros de água; 4 colheres de sopa de azeite português; 750 gramas de
batatas; 1 ou 2 couves galegas conforme o tamanho; sal; 1 chouriço (cozido à
parte); broa.
TÉCNICA:  Deita-se a água numa panela com o azeite e as batatas descascadas
cortadas em 4 pedaços.  Põe-se sal quanto baste e deixa-se ferver. Quando as
batatas estiverem cozidas, tiram-se e passam-se por um passador.  Voltam à
panela para apurar. Entretanto cortam-se as couves  em tiras o mais fino
possível. Lavam-se e deitam-se na panela QUINZE minutos antes da sopa  ser
servida, deixando a panela fever DESTAPADA.  Serve-se o caldo verde em 
tigelas de barro, com uma rodela de chouriço e um bocadinho de broa.
Como  já se encontram  à venda na Nova Inglaterra as deliciosas sardinhas
portuguesas congeladas, pode ser que algum dia algum comerciante se lembre
de fazer  coisa semelhante  e nos mande  as couves galegas já cortadas às
tirinhas em caixinhas congeladas, prontas a meter na panela,  para
saborearmos,  mesmo durante o Inverno severo na  América,  o nosso  genuíno
caldo verde!

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