Muito boa esta resposta!
Segundo Miguel Sousa Tavares, em comentário à SIC, "acabar com as touradas em Portugal seria seguir o caminho da estupidez", isto porque "numa democracia as minorias são respeitadas desde que não façam nada contra as maiorias". Que engraçado. Será que para Miguel Sousa Tavares a maioria que não gosta de ver um animal ser sacrificado numa arena (para gáudio de meia dúzia) deve ser desrespeitada? Tem de fechar os olhinhos, virar costas e ter paciência? É esta então a "democracia" segundo Tavares? Parece que sim, senão vejamos mais esta pérola, elucidativa:
"Só vai a touradas quem quer. Eu não costumo frequentar touradas mas isso não me dá o direito de querer proibi-las". Muito bem, sim senhor. Então podemos torturar pessoas numa prisão desde que uma minoria goste de se dedicar à causa, é isso? Quem não gosta - cala-se. E roubar? A minoria que rouba deve ser protegida? E lutas de cães? E de galos? Há quem goste, devemos respeitar e não proibir? Ou um cão vale mais que um touro? O Miguel tem um touro no quintal? E se eu lhe fanasse o cão (não sei se tem um mas supondo que sim e que não foi assado no espeto), o levasse até ao Campo Pequeno e com um grupo de amigos e passássemos toda a noite a espetar-lhe farpas no lombo, o Miguel gostava? E importava-se se a RTP patrocinasse a "corrida anual da matança do cão de Miguel Sousa Tavares" com os seus impostos? Posso indignar-me contra isso? É que eu gosto de cães... devo ser uma besta! Bem se isto não é seguir o caminho da estupidez não sei o que será. Mas continuemos no trilho da barbaridade intelectual. Seguiu-se a comparação das touradas e hipotética proibição desta "arte" à proibição do programa Casa dos Segredos. Eu sou a favor das duas. Miguel Sousa Tavares é apenas a favor da segunda. Ora portanto sacrificar um animal ok. Assistir à barbárie intelectual de meia dúzia de animais racionais (aqui tenho dúvidas) é que não pode ser. "Até prova em contrário as pessoas raciocinam mais que os animais" - diz Miguel. Tem razão. Mate-se a bicharada toda. Afinal de contas para que servem as espécies para além da humana? Só dão trabalho. Sacanas. Seguiu-se à alusão à ignorância e falta de informação das pessoas relativamente ao lado cultural do sacrifício do touro na arena, a história das touradas etc. Portanto depreende-se que para Miguel ignorantes são os que não gostam de ver Touros na arena a ser violentados, certo? "Goya, Picasso e Dalí pintavam touradas..."? E então? Picasso também pintou Guernica, gostaria ele de assistir a bombardeamentos alemães? De ver uma população morrer? Adoraria ele Hitler e Franco? E Goya? Não era a sátira e comédia um dos seus temas predilectos? "Levada ao extremo a proibição dos touros de morte vai conduzir à extinção da própria raça". Bem com esta o Sr. Darwin ia sentir-se um perfeito idiota. Anos a desenvolver uma teoria e em três minutos Miguel Sousa Tavares dá-lhe cabo do trabalho. Fuck you selecção natural! Mas continua: "Passa-se o mesmo com a caça. As pessoas têm a mania de proteger os animaizinhos". Tem razão Miguel. Vou já amanhã comprar uma caçadeira e lixar essa passarada toda que por aí anda. O burro mirandês também é uma espécie ameaçada. E se os começássemos a criar e depois sacrificássemos os bichos em praça pública? Não era giro? Salvávamos a espécie e nascia uma nova tradição? Afinal o que vale um burro? Dizem que nem as vozes chegam ao céu. São os caminhos da estupidez. Há vários, como os de Santiago. Cada um segue o que quer.
Tiago Mesquita (www.expresso.pt)
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