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sexta-feira, 24 de junho de 2011

Desiderata

Vai serenamente por entre a agitação e a pressa e lembra-te da paz que pode haver no silêncio.

Sem seres subserviente, mantém-te tanto quanto possível, em boas relações com todos.

Diz a tua verdade calma e claramente e escuta com atenção os outros mesmo que menos dotados e ignorantes; também eles têm a sua história.

Evita as pessoas barulhentas e agressivas; são mortificações para o espírito.

Se te comparas com os outros podes tornar-te presunçoso ou melancólico porque haverá sempre pessoas superiores e inferiores a ti.

Apraz-te com as tuas realizações tanto como com os teus planos. Põe todo o interesse na tua carreira ainda que ela seja humilde; é um bem real nos destinos mutáveis do tempo.

Usa de prudência nos teus negócios porque o mundo está cheio de astúcia; mas que isto não te cegue a ponto de não veres virtude onde ela existe; muitas pessoas lutam por altos ideais e em todo o lado a vida está cheia de heroísmo.

Sê fiel a ti mesmo. Sobretudo não simules afeição nem sejas cínico em relação ao amor porque, em face da aridez e do desencanto, ele é perene como a relva.

Toma amavelmente o conselho dos mais idosos, renunciando com graciosidade às ideias da juventude.

Educa a fortaleza de espírito para que te salvaguarde numa inesperada desdita. Mas não te atormentes com fantasias. Muitos receios surgem da fadiga e da solidão.

Para além de uma disciplina salutar, sê gentil contigo mesmo.

Tu és filho do universo e, tal como as árvores e as estrelas, tens direito de o habitar. E quer isto seja ou não claro para ti, sem dúvida que o universo é – te disto revelador.

Portanto vive em paz com Deus seja qual for a ideia que d´Ele tiveres. E quaisquer que sejam as tuas lutas e aspirações, na ruidosa confusão da vida, conserva-te em paz com a tua alma.

Com toda a sua falsidade, escravidão e sonhos desfeitos o mundo é ainda maravilhoso.

Sê alegre. Luta para seres feliz.

( Tradução livre de M.L.Peixoto) – versão portuguesa do “Desiderate”.

baseia-se num manuscrito de 1692, encontrado em Baltimore, na antiga Igreja de S. Paulo.

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