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segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Sedes


Uma noite, creio que em meados de 1973, numas instalações da rua Viriato que eram então ocupadas pela SEDES - esse clube de reflexão político-económica, de matriz liberal, que o marcelismo deixou criar e que ainda hoje subsiste -, assisti a uma palestra de Francisco de Sá Carneiro. Recordo-me de o ver chegar ao hall, muito sereno e sério, de gabardine preta, com uma postura erecta que disfarçava a sua pequena estatura. Já não me recordo do tema da charla, mas seguramente tinha a ver com a temática das liberdades, tocada no tom reformista que era o seu.
No final, com a sala apinhada, houve perguntas. Recordo que Marcelo Rebelo de Sousa fez uma. Sucedeu-lhe um outro jovem, que eu não conhecia, muito articulado, que colocou uma daquelas falsas perguntas que disfarçam a vontade de fazer uma outra intervenção. Perguntei quem era, a um amigo que me acompanhava: "É um católico do Técnico. Dizem que é muito esperto. Chama-se António Guterres".
Duas décadas mais tarde, eu e esse amigo integraríamos os dois governos em que António Guterres foi primeiro-ministro.

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