A não nomeação de Ana Paula Vitorino para ministra e a sua situação pós caso "Face oculta" levam o colunista a concluir que José Sócrates reserva a ex-secretária de Estado dos transportes para o futuro.
Com o País a abarrotar de problemas, enquanto uma grande maioria não tem tempo para os enfrentar e a outra não tem competência para interpretar o que se passa à sua volta, para um restrito número de privilegiados sobram as oportunidades para colocar em prática a tradução literal de “expertise” e “expert” em “esperteza saloia” e em “xico-esperto”. A fórmula bem portuguesa do desenrasque dos “peritos” é um conto de fadas quando comparado com os esquemas maquiavélicos, próximos do mafioso, como alguns controlam o acesso aos poderes.
Enquanto para o “Zé” coisas como o caso “Face Oculta” e o cenário de sucatas são uma repugnante novidade, para mim essa é a nojenta realidade (a estória é um filme já visto na história do Freeport), que bem conheço da segunda e terceira linha dos cogumelos que se aproximam do poder político. Não sei, nem me interessa o que disse e quem disse a quem. Isso vai ficar esbatido e reduzido a nada na barra dos tribunais. Assusta-me é saber quais as intenções (mais ou menos divulgadas) de quem tem acesso ao poder através do formato “arrota-euros” e com financiamentos e esbanjamentos de penicos de dinheiro fácil, tentam assaltar a dignidade de eleitos que lhes estorvam, por não se sentirem intimidados e por não cederem às trapaças que urde, optando então para tentar controlar os decisores e pressionar as cúpulas partidárias para que tenha uma palavra a dizer nas nomeações de cargos de confiança política. Face à sujidade dos comportamentos, quase me permito sugerir a criação de “formação” de candidatos a “amigos especiais” dos partidos, ao mesmo tempo que se devem “polir” os angariadores de fundos para as tesourarias partidárias. A ignorância e o analfabetismo preocupam-me, assustam-me quando tem como protagonistas quem tem a intenção de encontrar facilidades e vai acreditando nos filmes que o seu “amigo” mediador lhe vende, mas que no essencial está a ser vítima de extorsão em crescendo.
Acreditando na potencial vocação de quem vêem como porteiro para as causas maquiavélicas, os Xico-espertos tentam implementar à escala rasteira aquilo que as grandes companhias fazem com políticos (antigos governantes), pagos a peso de ouro, para a função de porteiro das causas difíceis. É a história do Q.I, (Quem Indica, Quem Influencia, Quem Informa, Quem Indaga, Quem Interessa e Quem Introduz), no seu pior.
A propósito do extenso poder financeiro de uma larguíssima meia dúzia de pessoas, com limitado espaço cerebral, e uma desmedida ambição, o que me preocupa verdadeiramente, pois encerra em si riscos de um elevado nível de acesso ao poder, é o perigo de controlo de um ramo sectorial sobre as decisões políticas para a sua área de negócio. Luís Abrunhosa Branco
(Membro da Associação Mundial de Editores de Transportes)PUBLICO.PT
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