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sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Palhaçadas


Nos últimos dias, a internet foi inundada por um vídeo no qual a actriz brasileira Maitê Proença revela ideias fortemente preconceituosas em relação aos portugueses. Trata-se de graçolas de quem, finalmente, tornou clara uma lusofobia que, com inegável sucesso, há anos que vinha a disfarçar bastante bem. Entretanto, fez já um acto de contrição, porque, afinal, o mercado português sempre lhe dá regular jeito à conta bancária.
Quando fui embaixador no Brasil, defrontei-me, por mais de uma ocasião, com situações idênticas. Algumas vezes em que achei oportuno, respondi a esses comentários. Outras, optei por não reagir.
Este é um problema que se coloca, de forma recorrente, a muitos embaixadores: avaliar se devem ou não actuar, em face de ataques públicos ao seu país ou aos seus cidadãos. Há que ponderar se tal reacção não acabará por ter um efeito desproporcionado, isto é, se não ajudará a chamar mais atenção para a questão, do que aquela que ela teve no momento em que ocorreu. E, depois, nos casos em que decidirmos intervir, há que ainda que escolher e medir o tom que essa intervenção deve ter. Podem crer que é uma questão nada fácil.
Também aqui em França, o problema se coloca. Um conhecido cómico de "stand-up comedy", Patrick Timsit, tem feito, num espectáculo público em exibição em Paris, comentários desagradáveis sobre os portugueses. Vários compatriotas sugeriram uma reacção a esse "sketch". Também acho que devemos tê-la: rir dele. Não é isso que os palhaços querem?

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