Outras páginas.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Mercedes Sosa


Morreu Mercedes Sosa, a cantora argentina que, ao longo de toda a sua vida, foi uma das vozes mais críticas das sinistras ditaduras militares latino-americanas. Não vou aqui colocar o link para a sua versão do "Gracias a la vida", porque muitos o farão.
Ouvi cantar Mercedes Sosa, "la negra", na Noruega, há mais de 30 anos, no meio de amigos exilados chilenos.
Que será feito desses amigos? Terão ficado na fria Noruega, que os acolheu na tragédia? Terão regressado ao Chile democrático? Que será feito de Fermin, irmão da mítica "Payita", secretária de Salvador Allende, que habitava um modesto apartamento de Oslo e que generosamente nos convidava, aos domingos, para partilhar garrafas de "Casillero del Diablo", que lhe atenuavam as saudades do Chile, entre resmas de propaganda do MIR? Trabalhava numa fábrica de discos e, graças a ele, tenho uma invejável colecção dos "Rolling Stones", em vinil de 78 rotações.
Porque será que, fazendo Mercedes Sosa parte de uma memória política pessoal que, no tempo, ficou onde devia ter ficado, a sua morte ainda me comove, convocando subitamente um passado em que o futuro era melhor e trazendo de volta, por instantes, a imagem de amigos que fui perdendo pelas esquinas desta vida de andarilho privilegiado?

Sem comentários:

Enviar um comentário