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terça-feira, 25 de agosto de 2009

Terminus

 

Há uns anos, tive um embaixador que recomendava para nunca nos instalarmos nos hotéis que existem junto às estações de caminho de ferro. Dizia ele uma imensa verdade: "São sempre demasiado longe para se ir a pé com a mala e demasiado perto para se apanhar um taxi".
Lembrei-me deste conselho ao passar ontem pelo Hôtel Terminus, junto à Gare de Saint-Lazare, em Paris, que foi um dos locais de férias de Eça de Queirós, Cônsul-Geral em Paris no final do século XIX, quando a família estava a banhos. Nesta minha peregrinação ocasional pelos locais da memória queirosiana em Paris, dei-me conta que o Terminus desse tempo, construído para a Exposição Universal de 1889 (que também nos deu a Torre Eiffel), possuia uma "passerelle" que ligava o hotel à estação, aliás tal como acontecia com o Hotel Avenida Palace, em Lisboa, que tinha um corredor directo para a Estação do Rossio. E foi ao apreciar essa belíssima "passerelle", em ferro e vidro, de que lhes deixo uma imagem, que descobri este delicioso naco da propaganda que o hotel fazia, à época, na qual um suposto cliente descrevia assim as suas vantagens:
"À la gare Saint-Lazare, je saute du wagon, j'entre de plain-pied au Grand Hôtel Terminus en donnant mon billet de voyage au portier et je suis déjà au lit, alors que les autres voyageurs, moins avisés, se morfondent sur un trottoir et se querellent avec les cochers et les portefaix... Puis, au départ, on m'apporte mon billet dans ma chambre, mes bagages sont enregistrés sans que j'aie quitté le salon. On vient m'avertir et j'arrive tout droit par la passerelle en pantoufles dans mon compartiment, sans attendre, sans prendre froid, sans m'agacer, par conséquent sans fatigue. J'ai donc épargné mon temps, mon argent et ma peine."
Porque a Gare de Saint-Lazare não levava aos destinos habituais do Eça, nunca saberemos se ele alguma vez utilizou estas mordomias. Ele ou o Jacinto...

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