Luís Abrunhosa Branco
(Membro da Associação Mundial de Editores de Transportes)
Enquanto a Associação Nacional de Transportadores Portugueses (ANTP), através de António Lóios, passava a informação do acordo com o Governo nas questões ligadas às reivindicações de Junho de 2008, a Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (Antram) deixava entender – com realismo – que nada estava resolvido, apesar do seu empenho. Desde comunicados no seu sítio na internet até à convocatória dos associados para a realização de reuniões regionais (com oferta de almoço), os dirigentes associativos querem a verdade, verdadinha.
Em finais de Março a delegação da região Norte da Antram convocou os associados e ofereceu o almoço, a quem quisesse ouvir qual o ponto da situação das negociações sobre “Ajudas de Custo TIR”, Regime de Cabotagem em Portugal, Incentivo ao Abate de Veículos, Alterações ao Regime de Acesso à Actividade e Indexação do Preço de Transporte ao Preço de Combustível. A merecer ainda reflexão questões como o Incentivos à Renovação das Frotas, Filtros de Partículas, Exigibilidade do IVA e Legislação Laboral Especial para o Sector, motivos mais do que suficientes para terem casa cheia.
Com detalhe dos acontecimentos e da forma como decorreram as negociações, a Antram não se deixou ultrapassar por afirmações precipitas e esclareceu que nas questões da Ajudas de Custo TIR quer “encontrar uma solução para o futuro que passará pela consideração, em geral, do pagamento das contribuições em causa”, pelo que exige uma posição de fundo da Segurança Social e não quer fora do acordo “as empresas que deduziram já impugnações judiciais” e as que “pagaram voluntariamente as contribuições exigidas ou que fizeram acordos de pagamento”.
A Antram na nota aos associados informou que a sua postura tem sido a de “defender que este dossier até às últimas consequências, devem ser encontradas soluções iguais para todos aqueles que sofreram desde a primeira hora inspecções”.
Parece não restarem dúvidas de que a existência da Antp tornou a Antram mais terrena e mais próxima dos associados. Todos ficam a ganhar.
Espertos ou descuidados
Se por um lado a Antram assume um cuidado elevado com a informação, digna de uma entidade de referência e parceira do poder, por outro, estranhamente, parece que os respeitáveis dirigentes da associação não conseguem colocar freio a alguém que, dizendo actuar em seu nome, assume jogos baixos e expõe a associação ao ridículo.
O combate à crise e a procura de melhores soluções para os problemas, com a Antp a fazer sombra, parece estarem a gerar descuidos e esquecimentos sobre o papel de referência da Antram no sector. Ouvimos o presidente António Mousinho transmitir ameaças, preocupações e medos, sobre o que é que os transportadores possam vir a fazer se o Governo não resolver as negociações pendentes.
A Antram está muito para além dos filmes que interessam a funcionários associativos. Se por um lado António Mousinho está a trabalhar para chegar a dirigente máximo da estrutura empresarial do sector a nível mundial (presidência da IRU), por outro cai no erro de se expor de forma nada dignificante, com argumentos ridículos (dignos de uma associação de vinte amigos) as preocupações do sector. Depois de eu ter denunciado o esquema de fabricação de protestos, o qual recorria à seriedade de transportadores da zona de Viseu, que acreditando estar a defender interesses sérios, promoviam e organizavam protestos e desfiles no IP5/A25, essa mina secou. Agora e sem ninguém para enganar, o fazedor de cenários – qual consagrado encenador dos transportes - parece que quer fazer do inteligente e respeitável António Mousinho uma marioneta a debitar oratória para microfones e câmaras. É lamentável este teatro apalhaçado, qual festival de fantoches.
Que há por aí um “realizador” interessado em fazer ondas com ameaças de protestos, lá isso há. Então não é que um funcionário de uma associação foi apanhado a incentivar o dirigente de uma outra associação para que ela anunciasse um protesto de transportadores. Perante a recusa de ruptura com o Governo, do dirigente com veia política, o instigador caiu na casca de banana sobre a existência de uma pretensa agenda de iniciativas da outra associação, junto dos partidos políticos com assento em S. Bento.
Esperando sentado, o resistente às pressões tomou conhecimento que António Mousinho, em representação da Antram, foi recebido pelo PSD. Coincidência ou não, a secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, dando sinais de que não aceita golpes baixos ou traições em forma de pressão, recebeu a associação que se mostrou fiel às negociações em curso, permitindo protagonismo e brilho a António Lóios, que à saída da reunião aproveitou para desacreditar e desmentir qualquer razão para um protesto organizado.
Os dirigentes da Antram têm de estar atentos às rasteiras e à sede de protagonismo, de quem, por si remunerado, não olha a meios para atingir fins, que acabam por afectar a grandeza da maior e mais influente organização do sector.
Um qualquer funcionário associativo pode desconfiar que a associação de Lóios e Silvino tem mais pica para provocar as massas, mas não se pode esquecer que a Antram faz parte do respeitável património associativo com credibilidade. A Antram não pode ser, nem agir, como e quando um qualquer vigário quiser. “Livrem-se do vigário ou ainda vão pedir emprestado para dar ao vigário!”
Outras páginas.
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