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segunda-feira, 29 de junho de 2009

Médicos querem dispensar genéricos nos hospitai

Ordem dos Médicos vai enviar para o Governo os resultados do inquérito a dois mil clínicos, em que 90% concordam em serem eles a distribuir genéricos nos hospitais, em vez dos farmacêuticos. Bastonário diz que para isso o Ministério teria de fazer concursos públicos para cada doença  ter só um genérico. E avisa que Estado e utentes podiam poupar até 40%.

Os médicos querem dispensar medicamentos genéricos nos hospitais, consultórios ou centros de saúde. Mas, para isso, diz a Ordem, o Governo tem de fazer um concurso público para escolher um genérico por cada substância activa. O bastonário da Ordem dos Médicos, Pedro Nunes, revelou ao DN que até foi realizado um inquérito a dois mil médicos para ver se "concordavam com a medida e estavam dispostos a ter essa função. "90% responderam que concordavam e o faziam a custo zero", adiantou o bastonário.
O inquérito - cujos resultados irão chegar ao Governo - assim como a ideia da proposta surgiu na sequência de um debate televisivo, em Abril, entre Pedro Nunes e João Cordeiro, presidente da Associação Nacional das Farmácias (ANF). Na altura, João Cordeiro propôs que as farmácias vendessem apenas um genérico por cada molécula, o que seria possível mediante a realização de um concurso público.
"A Ordem agarrou na ideia e propôs que fossem antes os médicos a distribuir os genéricos nas unidades de saúde." Se é para haver uma só molécula, então o Estado pode comprá-la e deixar os médicos distribuí-la nos centros de saúde e hospitais", explica Pedro Nunes, acrescentando que uma medida deste tipo teria "de ter o acordo dos médicos". Por isso, a OM fez o inquérito: "Queríamos perceber se estariam dispostos a fazê-lo em qualquer remuneração."
Uma vez que só haveria um genérico para cada doença, os médicos dariam esse medicamnento aos utentes, que, dependendo da comparticipação, o pagariam nas unidades de saúde, tal como fazem na farmácia. "A única diferença é que se pouparia a margem de lucro das farmácias", diz Pedro Nunes, garantindo que, segundo contas da OM, o "Estado e utentes poderiam poupar até 40%".
A proposta é contestada pelo presidente da ANF que a considera "absurda", e sublinha que seria bom era para a indústria farmacêutica, devido "às relações que têm com os médicos" (ver entrevista ao lado).
A forte contestação das farmácias faz Pedro Nunes acreditar que o Executivo não irá aproveitar a ideia: "O Governo não teria coragem política para tomar esta medida, pois as farmácias iriam perder as suas margens de lucro."
A ideia da Ordem destina-se a todos os utentes, incluindo os pensionistas que têm reformas mais baixas do que o salário mínimo nacional e que desde dia 1 de Junho têm genéricos gratuitos nas farmácias. "Aí quem poupava era o Estado porque não tinha de pagar aos médicos o que paga aos famacêuticos", conclui Pedro Nunes.
Segundo dados da Associação Nacional de Farmácias, nos primeiros 15 dias de Junho, a quota de mercado dos genéricos já estava a aumentar em relação ao mês anterior, o que poderá ser um sinal de que há mais médicos a receitar e mais pensionistas a optar por genéricos gratuitos.
De qualquer forma, no mercado em que concorrem genéricos e medicamentos de marca, os primeiros ainda têm apenas uma quota de 23%.


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