segunda-feira, 15 de julho de 2013

Campanhas eleitorais

Francisco Seixas da Costa

 

Desde há anos que a "inteligência" portuguesa, na área política e mediática, se refere à irracionalidade do extenso calendário necessário para a realização de qualquer ato eleitoral, muitas vezes sublinhando, como exemplo a seguir, a "sabedoria" de um sistema como o britânico, onde um processo destes se resolve em escassas semanas. Como principal desvantagem do nosso atual modelo, assinala-se a paralisia da vida política e a indecisão que isso induz no país, com efeitos sensíveis no processo económico.

 

Se se falar individualmente com qualquer deputado do PSD, do PS ou do CDS-PP (tenho menos certezas no que toca ao PCP ou ao BE), quase que posso assegurar que uma maioria esmagadora coincidirá com a ideia de que o tempo que medeia entre o anúncio da dissolução da Assembleia da República e a entrada efetiva em funções de um governo saído de um ato eleitoral é mais do que absurda, fruto de um formalismo de outros tempos. Aliás, há dias, todos ouvimos o presidente da República referir-se a isto, na sua comunicação ao país.

 

Mas então, se assim é, e se esses deputados são bem mais do que suficientes para encetar e concluir um rápido processo de revisão pontual da Constituição que arrume com o assunto, por que é que ninguém toma a iniciativa de propor uma solução? E, já agora, por que razão o senhor presidente, que deu mostras de estar atento ao problema, não aproveita o ensejo e estimula o nosso parlamento a ultrapassar rapidamente esta situação? 

 

Estes são os grandes mistérios da nossa classe política!


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