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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

A cafrealização de Vara e outras histórias.

No tempo das notas verdes de 20 escudos com a cara do St.º António, fui vítima de uma daquelas injustiças em que a nossa justiça é fértil - e tive de pagar uma multa de 20 contos. Foi assim. A audiência estava marcada para as 09.30 nos Juízos Criminais, na rua do Bolhão. Respeitador e obediente, uns minutos antes da hora já lá estava, junto à 3.ª secção do 2.º juízo, à espera da chamada, prevenido com um jornal pois, como todos sabemos, tribunais e hospitais são catedrais da espera. Seriam umas dez horas quando estranhei a ausência de acção. "Mas este processo não é aqui!", respondeu-me a menina do guichet, abanando a cabeça enquanto me apontava no papel: era na 2.ª Secção do 3.º Juízo e não a 3.ª Secção do 2.º Juízo. Era tarde e Inês estava morta! Quando me apresentei no juízo certo, já a chamada fora feita, o julgamento adiado - e eu constava da lista dos faltosos. Contei ao oficial de justiça a triste história da minha confusão de juízos. Ao fim e ao cabo, eu tinha estado à hora, só que no sítio errado. Com a capa negra pelos ombros, ele ouviu-me, com condescendência. Não prometia nada. Eu que esperasse a ver o que o juiz dizia. Nada feito - anunciou-me 20 minutos depois. O juiz tinha-o mandado dizer-me que arranjasse um atestado. Como além de amigos médicos também tenho vergonha na cara, preferi pagar os 20 contos. DN

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