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sábado, 8 de agosto de 2009

Benfica



Num jogo desta sua (excelente) pré-temporada, o Benfica fez alinhar, ao que parece pela primeira vez na sua história, 11 jogadores estrangeiros. Nada a dizer, num domínio em que a nacionalidade já hoje é praticamente irrelevante, salvo no caso das naturalizações oportunistas para integrar selecções nacionais.

Só que o caso do Benfica tem, apesar de tudo, uma característica diferente. Durante muitas décadas, a equipa da Luz orgulhava-se de nunca ter recrutado jogadores estrangeiros e terá sido, em Portugal, a última a abandonar essa prática. É claro que eram outros os tempos, tempos em que o pé-de-obra colonial trazia por aí Eusébios, Colunas ou mesmo Costa Pereiras, quase a preços de saldo. A "exploração colonial" tinha estas dimensões mais benévolas.

Neste contexto, seria agora interessante reflectir sobre o que significa este fenómeno da adesão a um emblema, seja quem for que o esteja a representar. Trata-se de um curioso mas complexo processo de construção de afectividade, que deriva de uma total irracionalidade, embora favorecida por factores de natureza conjuntural (região, família, grupos). Aliás, a prova mais irrefragável dessa mesma irracionalidade, assumida frequentemente com ares de seriedade, é detectável na substância do "argumentário"- esse sim, caricatural e supostamente racional - com que o facciosismo pretende explicar as motivações profundas de uma qualquer opção clubística.

Este é um tema fascinante, com a única garantia de ser, como sabemos, o início de uma discussão sem fim.

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