domingo, 10 de maio de 2009

Kindle DX é maior, mais caro e para estudantes e leitores de jornais

A Amazon apresentou o novo Kindle DX, maior e mais caro. O Kindle DX é um leitor de livros electrónicos destinado sobretudo a estudantes e leitores de jornais. O ecrã é duas vezes e meia maior do que o Kindle 2, tem 3,3 gigabytes de memória capazes de armazenar 3500 livros, e pode ler os formatos PDF, MP3 e TXT.
O Kindle DX destina-se especialmente a estudantes e leitores de jornais pelo facto de ter um ecrã de 24,6 centímetros (e que roda, como o do iPhone), com as mesmas características do Kindle 2 - 1200 x 824 pixels a 150 dpi e com 16 níveis de cinzento. "Vamos ter estudantes com mochilas menores, com menos carga", disse Jeff Bezos, CEO da Amazon, optimista na apresentação do DX em Nova Iorque.
E Bezos acrescentou que este novo gadget poderá representar um certo alívio não só para os editores, mas também para os leitores que se foram preparando para um futuro digital e que apenas constataram que "a sociedade sem papéis nunca chegou", cita o "Guardian".
O leitor pesa cerca de meio quilo e continua a permitir downloads sem fio, mas a principal preocupação quanto ao DX é hoje, na imprensa e nas reacções de consumidores no micro-blogging do Twitter, o seu preço. O Kindle DX custa 368 euros, sendo que o primeiro dos leitores da Amazon.com custava 270 euros. "É irónico que o aparelho esteja a ficar mais caro à medida que o seu conteúdo base está a tornar-se mais adequado ao mercado de massas, como é o caso dos jornais e manuais escolares", dizia à Reuters o analista de tecnologia de consumo Ross Rubin, do NPD Group.
A questão colocada por vários colunistas é que não só o Kindle DX ainda parece demasiado pequeno (não muito longe de uma folha A4), como se lê no blogue Gadgetwise do "New York Times", mas que pode estar a direccionar-se para o mercado errado - e não apresenta soluções para os problemas da imprensa, por exemplo, que se debate não só com os preços do papel mas também com a concorrência da Internet em captação de leitores e, sobretudo, publicidade.
É demasiado caro, lê-se no Twitter, especialmente para estudantes. Os manuais escolares não estão propriamente em crise (ao contrário dos jornais) e têm usos e hábitos de partilha que não são totalmente compatíveis com um leitor electrónico. Além de que, perante o preço elevado e o tempo de crise, os computadores portáteis e versões mais baratas de leitores electrónicos continuam a permitir a leitura de manuais em versão digital.
Na apresentação do Kindle DX, Jeff Bezos esteve acompanhado pelo publisher do "New York Times", Arthur Sulzberger Jr. O grupo do "Times", que detém também o "Boston Globe", vai fazer promoções especiais de preço reduzido do DX para os seus assinantes. Comparando com o custo de uma assinatura em papel, um ano de assinatura do NYT bastará para amortizar o DX, mesmo que este não tivesse qualquer outra utilização. O "Washington Post" também fará uma promoção idêntica.
Três editoras de manuais (entre as quais não figura a conhecida McGraw-Hill) também vão promover o uso do novo DX através de preços baixos nos livros vendidos através da loja on-line do Kindle. E cinco universidades (Princeton, Arizona State, Case Western Reserve, Reed College e Darden School of Business da Universidade da Virginia) vão começar a trabalhar experimentalmente com o DX.
Não se sabe ainda quanto vão custar os manuais nem que tipo de partilha de receitas a Amazon negociou com os jornais. A Amazon, um caso de sucesso na venda de produtos culturais na Internet, tem apresentado o Kindle como o futuro da leitura, como o futuro dos livros. No entanto, apesar de se ter lançado há cerca de dois anos na aventura do Kindle, não revela números de vendas detalhados nem as suas receitas. Sabe-se que já se terão vendido 500 mil Kindle desde o seu lançamento, em 2007.
O Kindle só está à venda nos EUA e é um aparelho que permite ler livros, jornais, revistas e blogues em versão digital. Os livros podem ser comprados e descarregados na loja Kindle. Além e antes do Kindle, a Sony lançou o seu próprio e-reader. E há uma série de outros interessados neste mercado, nomeadamente a News Corp. de Rupert Murdoch e a Hearst, empresas de média que estarão a desenvolver modelos de leitores. Alguns peritos da indústria sugeriam hoje que esta nova apresentação, tão pouco tempo depois do lançamento do Kindle 2, se pode ter destinado a manter a concorrência à distância.
Quando a Amazon lançou o Kindle 2 a revista "The Economist" escreveu em editorial que este tipo de aparelho poderia ajudar a imprensa a sair da crise que atravessa.

Sem comentários: